E é este o quarto onde costumo estar nas noites assim; o quarto onde costumo estar nas noites que não são bem assim; o quarto onde costumo estar todas as noites e onde nunca nada jamais acontece a não ser o estrépito do céu caindo à vez pelos telhados.
António Gregório
história dum coelhinho que nasceu numa couve
Como os pais do coelhinho nunca mais apareceram, a couve passou a cuidar dele como se do seu próprio filho se tratasse.
Com ervinhas tenras que cresciam ao seu redor, a couve foi criando o coelhinho dentro do seu seio até que este passou a procurar a sua própria alimentação.
O coelhinho, que tinha um coração muito bondoso, retribuindo o afecto que a couve lhe dedicava, considerava-a como sua verdadeira mãe.
A mãe couve e o seu filhinho adoptivo foram vivendo muito felizes até que um dia uma praga de gafanhotos se abateu sobre aquelas terras.
O coelhinho, ao ver que aqueles insectos vorazes devoravam tudo o que era verde, cobriu com o seu próprio corpo o corpo da mãe couve e assim conseguiu que os gafanhotos pouco dano lhe fizessem.
Quando aqueles insectos daninhos levantaram voo, os campos em volta passaram a ser um imenso deserto de areias e pedra.
O pobre coelhinho, que sempre tinha vivido nas proximidades da sua mãe couve, teve de deslocar-se para muitos quilómetros de distância a fim de procurar comida.
Mas já nada havia que se pudesse mastigar naquelas terras.
Passaram muitos dias e o pobre coelhinho estava cada vez mais magro, mais magro e faminto.
Então a mãe couve disse-lhe assim:
- Ouve meu filho: é a lei da vida que os velhos têm de dar o lugar aos novos; por isso só vejo uma solução: assim como tu viveste durante algum tempo no meu seio, passarei a ser eu agora a viver dentro do teu. Compreendes, meu filho, o que eu quero dizer?
O pobre coelhinho compreendeu e, embora com grande tristeza na alma, não teve outro remédio, comeu a mãe.
Pedro Oom, Actuação Escrita
Com ervinhas tenras que cresciam ao seu redor, a couve foi criando o coelhinho dentro do seu seio até que este passou a procurar a sua própria alimentação.
O coelhinho, que tinha um coração muito bondoso, retribuindo o afecto que a couve lhe dedicava, considerava-a como sua verdadeira mãe.
A mãe couve e o seu filhinho adoptivo foram vivendo muito felizes até que um dia uma praga de gafanhotos se abateu sobre aquelas terras.
O coelhinho, ao ver que aqueles insectos vorazes devoravam tudo o que era verde, cobriu com o seu próprio corpo o corpo da mãe couve e assim conseguiu que os gafanhotos pouco dano lhe fizessem.
Quando aqueles insectos daninhos levantaram voo, os campos em volta passaram a ser um imenso deserto de areias e pedra.
O pobre coelhinho, que sempre tinha vivido nas proximidades da sua mãe couve, teve de deslocar-se para muitos quilómetros de distância a fim de procurar comida.
Mas já nada havia que se pudesse mastigar naquelas terras.
Passaram muitos dias e o pobre coelhinho estava cada vez mais magro, mais magro e faminto.
Então a mãe couve disse-lhe assim:
- Ouve meu filho: é a lei da vida que os velhos têm de dar o lugar aos novos; por isso só vejo uma solução: assim como tu viveste durante algum tempo no meu seio, passarei a ser eu agora a viver dentro do teu. Compreendes, meu filho, o que eu quero dizer?
O pobre coelhinho compreendeu e, embora com grande tristeza na alma, não teve outro remédio, comeu a mãe.
Pedro Oom, Actuação Escrita
já dizia o salman rushdie que
todas as histórias são assombradas pelos fantasmas de histórias que poderiam ter sido.
Quando menos estás à espera
a maçã que já trincaste vai saber de novo a sumo.
João Luís Barreto Guimarães
João Luís Barreto Guimarães
lulu
A Lulu andava na rua com os olhos de toda a gente pegados às diversas partes do seu corpo fresquíssimo, tão radiante por isso lhe acontecer, que seria uma pena alguém dizer-lhe qualquer coisa de razoável. Ninguém, de resto, pensava nisso, e até as pessoas de maior moralidade perdoavam a provocação pela beleza do espectáculo que oferecia aquela rapariga tão agradável, toda coberta de olhos.
Ela, quando chegava a casa, despegava-os com imenso cuidado e metia-os numa caixinha de cartão, espetados em alfinetes como se estivesse fazendo uma colecção de borboletas.
Correu tudo bem até ao dia em que a Lulu já não sabia o que fazer àquela porção de olhos que na rua se pegavam aos seu corpo fresquíssimo, e o numero de caixas era tal que resolveu ficar em casa para escolher, com paciência, qual seria afinal, daqueles todos, o predilecto. Não foi um trabalho fácil. Ia destapando as caixinhas de cartão e aconchegando os que estavam mal arrumados enquanto comparava com certo comprazimento, os seus entusiasmos e simpatias, até que viu luzir mais apetecivelmente certo olho preto que devia ter pertencido a sobrancelha daquelas aveludada e tudo.
Ficou um tanto comovida e até se tomou dum tal ou qual constrangimento quando deu conta dessa sensação, mas em breve se refez. Arrancou com muito cuidado o alfinete finíssimo que tinha espetado para o guardar e pô-lo em frente de si, um dia inteiro, a mira-la sozinho, cada vez mais fresca.
(…)
O olho preto luzia de tal maneira que se via mesmo que não cabia em si de contente. Como não coubesse em si mesmo e parecesse estar resolvido a aproveitar aquela ocasião para se pegar ao mesmo tempo , a todas as particularidades daquele corpinho extraordinário, o olho preto rebentou. Fê-lo com tanta violência que encheu de nódoas o vestido claro da Lulu fresquíssima, o que foi uma pena.
António Pedro
Ela, quando chegava a casa, despegava-os com imenso cuidado e metia-os numa caixinha de cartão, espetados em alfinetes como se estivesse fazendo uma colecção de borboletas.
Correu tudo bem até ao dia em que a Lulu já não sabia o que fazer àquela porção de olhos que na rua se pegavam aos seu corpo fresquíssimo, e o numero de caixas era tal que resolveu ficar em casa para escolher, com paciência, qual seria afinal, daqueles todos, o predilecto. Não foi um trabalho fácil. Ia destapando as caixinhas de cartão e aconchegando os que estavam mal arrumados enquanto comparava com certo comprazimento, os seus entusiasmos e simpatias, até que viu luzir mais apetecivelmente certo olho preto que devia ter pertencido a sobrancelha daquelas aveludada e tudo.
Ficou um tanto comovida e até se tomou dum tal ou qual constrangimento quando deu conta dessa sensação, mas em breve se refez. Arrancou com muito cuidado o alfinete finíssimo que tinha espetado para o guardar e pô-lo em frente de si, um dia inteiro, a mira-la sozinho, cada vez mais fresca.
(…)
O olho preto luzia de tal maneira que se via mesmo que não cabia em si de contente. Como não coubesse em si mesmo e parecesse estar resolvido a aproveitar aquela ocasião para se pegar ao mesmo tempo , a todas as particularidades daquele corpinho extraordinário, o olho preto rebentou. Fê-lo com tanta violência que encheu de nódoas o vestido claro da Lulu fresquíssima, o que foi uma pena.
António Pedro
o escuro absoluto
Não dormia sem o escuro absoluto,
doíam-lhe os olhos de ter visto cidades,
de ter esquecido gente, do frio
do vidro nas palavras. Demorava tanto
a entender o mundo que agora não dormia
de muita luz que as coisas tinham
antes sequer de serem suas.
Filipa Leal
doíam-lhe os olhos de ter visto cidades,
de ter esquecido gente, do frio
do vidro nas palavras. Demorava tanto
a entender o mundo que agora não dormia
de muita luz que as coisas tinham
antes sequer de serem suas.
Filipa Leal
retrato de uma filha
Ficas tão tenra quando ficas doente.
As tuas faces brilham, alumínio vermelho
em que se embrulham as poinsettias.
O teu corpo fica branco e mole como massa
não cozinhada. Os teus olhos ficam escuros e cintilam,
xarope de ácer fervido.
Quando ficas doente tornas-te numa coisa comestível.
Desarmada pela febre como se fora sexo, deitas-te na cama
reluzindo como um cacete com frutos cristalizados.
A casa parece
gritar à tua volta
devagar. Eu giro à tua volta, um animal
selvagem perto do fogo. Lembro-me
que era capaz de matar por ti. Tenho de lembrar-me
que não será necessário.
Sharon Olds, Trad. Margarida Vale de Gato
As tuas faces brilham, alumínio vermelho
em que se embrulham as poinsettias.
O teu corpo fica branco e mole como massa
não cozinhada. Os teus olhos ficam escuros e cintilam,
xarope de ácer fervido.
Quando ficas doente tornas-te numa coisa comestível.
Desarmada pela febre como se fora sexo, deitas-te na cama
reluzindo como um cacete com frutos cristalizados.
A casa parece
gritar à tua volta
devagar. Eu giro à tua volta, um animal
selvagem perto do fogo. Lembro-me
que era capaz de matar por ti. Tenho de lembrar-me
que não será necessário.
Sharon Olds, Trad. Margarida Vale de Gato
hansel e gretel
Hansel e Gretel estão vivos e de boa saúde
E a viver em Berlim
Ela é empregada num bar
Ele teve um papel num filme de Fassbinder
E à noite sentam-se a descansar
Bebendo Schnapps e gin
E ela diz: Hansel, dás mesmo cabo de mim
E ele diz: Gretel, quando queres és mesmo cabra
Ele diz: Desperdicei toda a minha vida com a nossa estúpida lenda
Quando o meu verdadeiro e único amor
Era a bruxa má
Laurie Anderson
E a viver em Berlim
Ela é empregada num bar
Ele teve um papel num filme de Fassbinder
E à noite sentam-se a descansar
Bebendo Schnapps e gin
E ela diz: Hansel, dás mesmo cabo de mim
E ele diz: Gretel, quando queres és mesmo cabra
Ele diz: Desperdicei toda a minha vida com a nossa estúpida lenda
Quando o meu verdadeiro e único amor
Era a bruxa má
Laurie Anderson
seis coisas impossíveis
"Não posso acreditar.", disse Alice.
"Ai não?", perguntou a Rainha Branca em tom condoído.
"Tenta outra vez; inspira fundo e fecha os olhos."
Alice riu, "Não vale a pena tentar.", disse: "Uma pessoa não pode acreditar em coisas impossíveis." "Atrevo-me a dizer que não tens muita prática.", disse a Rainha. "Quando tinha a tua idade, fazia sempre isso meia hora por dia. Ora, cheguei a acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço."
Lewis Carroll
"Ai não?", perguntou a Rainha Branca em tom condoído.
"Tenta outra vez; inspira fundo e fecha os olhos."
Alice riu, "Não vale a pena tentar.", disse: "Uma pessoa não pode acreditar em coisas impossíveis." "Atrevo-me a dizer que não tens muita prática.", disse a Rainha. "Quando tinha a tua idade, fazia sempre isso meia hora por dia. Ora, cheguei a acreditar em seis coisas impossíveis antes do pequeno-almoço."
Lewis Carroll
nas entrelinhas do livro
O sono vem e não vem
e o sol vai nascendo na janela
Nas entrelinhas do livro que tento ler
estão as flores amarelas que me trouxeste
Chen Bolan
e o sol vai nascendo na janela
Nas entrelinhas do livro que tento ler
estão as flores amarelas que me trouxeste
Chen Bolan
um lugar
Deve haver um lugar onde um braço
e outro braço sejam mais que dois braços,
um ardor de folhas mordidas pela chuva,
a manhã perto nem que seja de rastos.
Eugénio de Andrade
e outro braço sejam mais que dois braços,
um ardor de folhas mordidas pela chuva,
a manhã perto nem que seja de rastos.
Eugénio de Andrade
starlings in winter
Ah, world, what lessons you prepare for us,
even in the leafless winter,
even in the ashy city.
I am thinking now
of grief, and of getting past it;
I feel my boots
trying to leave the ground,
I feel my heart
pumping hard. I want
to think again of dangerous and noble things.
I want to be light and frolicsome.
I want to be improbable beautiful and afraid of nothing,
as though I had wings.
Mary Oliver
even in the leafless winter,
even in the ashy city.
I am thinking now
of grief, and of getting past it;
I feel my boots
trying to leave the ground,
I feel my heart
pumping hard. I want
to think again of dangerous and noble things.
I want to be light and frolicsome.
I want to be improbable beautiful and afraid of nothing,
as though I had wings.
Mary Oliver
endurecer
Não sabemos ao certo qual é o ponto vulnerável dos outros, talvez seja o nosso? E assim se espalha o silêncio. A esta propagação do silêncio chamamos "endurecer".
Annemarie Schwarzenbach
Annemarie Schwarzenbach
um belo dia
Ora aconteceu que um belo dia, enquanto caminhava pelo parque, Madwick tropeçou na raiz de uma tília. E foi nesse exacto momento que notou, com absoluta lucidez, que iria rachar a cabeça. “Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, isto iria acontecer”, suspirou.
Enquanto tombava, reparou que se esquecera do chapéu em casa. E que tinha saído sem fechar a porta. O gato aproveitara a ocasião para se escapulir, como era seu timbre. “Bolas!”, gritou interiormente. Não era a primeira vez que o gato provocava distúrbios na rua. Era um animal dotado de um certo espírito caprichoso.
Entretanto, a cabeça aproximava-se do chão com uma urgência cada vez maior. “Vamos encarar a situação friamente”, resmungou para si mesmo. “Além da cabeça, o mais certo é fracturar também um braço, várias costelas e a própria tíbia.” A ideia de fracturar a tíbia perturbava-o especialmente. Enfiou um cigarro mental entre os lábios e acendeu-o.
Ocorreu-lhe então um poema que gostaria de citar, mas que não tinha à mão. “Os dois primeiros versos ilustram brilhantemente a minha presente situação”, comentou com os seus botões. Os botões não responderam. Madwick achou nisso motivo para crítica, mas perdeu logo a vontade. O chão aproximava-se a uma velocidade perigosa.
Tudo rolava e se precipitava por si mesmo. Madwick fechou os olhos. E meditando sobre a sua sorte, emitiu ainda esta ideia filosófica: “Somos o joguete do destino.” E estava ele neste reflexivo estado de inquietação, quando finalmente caiu no chão. Primeiro com o joelho, que pousou sobre a terra fofa. De seguida, com as pontinhas dos dedos. E só então com a cabeça, que encostou suavemente à relva fresca.
E foi isto que aconteceu. Depois, levantou-se, sacudiu o casaco, alisou as calças com as mãos, e lá se afastou, a assobiar a cancão “Adieu mes amours”, seguida de “Si j’ai perdu mon amy”, ambas de Desprez.
Rui Manuel Amaral
Enquanto tombava, reparou que se esquecera do chapéu em casa. E que tinha saído sem fechar a porta. O gato aproveitara a ocasião para se escapulir, como era seu timbre. “Bolas!”, gritou interiormente. Não era a primeira vez que o gato provocava distúrbios na rua. Era um animal dotado de um certo espírito caprichoso.
Entretanto, a cabeça aproximava-se do chão com uma urgência cada vez maior. “Vamos encarar a situação friamente”, resmungou para si mesmo. “Além da cabeça, o mais certo é fracturar também um braço, várias costelas e a própria tíbia.” A ideia de fracturar a tíbia perturbava-o especialmente. Enfiou um cigarro mental entre os lábios e acendeu-o.
Ocorreu-lhe então um poema que gostaria de citar, mas que não tinha à mão. “Os dois primeiros versos ilustram brilhantemente a minha presente situação”, comentou com os seus botões. Os botões não responderam. Madwick achou nisso motivo para crítica, mas perdeu logo a vontade. O chão aproximava-se a uma velocidade perigosa.
Tudo rolava e se precipitava por si mesmo. Madwick fechou os olhos. E meditando sobre a sua sorte, emitiu ainda esta ideia filosófica: “Somos o joguete do destino.” E estava ele neste reflexivo estado de inquietação, quando finalmente caiu no chão. Primeiro com o joelho, que pousou sobre a terra fofa. De seguida, com as pontinhas dos dedos. E só então com a cabeça, que encostou suavemente à relva fresca.
E foi isto que aconteceu. Depois, levantou-se, sacudiu o casaco, alisou as calças com as mãos, e lá se afastou, a assobiar a cancão “Adieu mes amours”, seguida de “Si j’ai perdu mon amy”, ambas de Desprez.
Rui Manuel Amaral
beijos
Só hoje te escrevo este vestido
de palavras. Desculpa.
Oxalá que ao recebê-lo os pés
inchados das tuas ilusões inamovíveis
sosseguem junto à fonte.
A mãe, aqui ao lado, é uma sombra
do que pensas: repousa entre o frio
dos joelhos. A tua boina em ponto cruz
está pronta. O forno é bom e sem
enredo: sempre o mesmo.
A taça muito magra do silêncio
entra (ainda) pela janela.
Na varanda as zinias continuam razoáveis.
Pelo corrimão do tempo desce o gelo.
A tua ausência é uma casa muito espaçosa.
Responde-me na volta do sangue.
Beijos.
Fernando Gandra, Sião
de palavras. Desculpa.
Oxalá que ao recebê-lo os pés
inchados das tuas ilusões inamovíveis
sosseguem junto à fonte.
A mãe, aqui ao lado, é uma sombra
do que pensas: repousa entre o frio
dos joelhos. A tua boina em ponto cruz
está pronta. O forno é bom e sem
enredo: sempre o mesmo.
A taça muito magra do silêncio
entra (ainda) pela janela.
Na varanda as zinias continuam razoáveis.
Pelo corrimão do tempo desce o gelo.
A tua ausência é uma casa muito espaçosa.
Responde-me na volta do sangue.
Beijos.
Fernando Gandra, Sião
ao começo do verão
Se acordava, logo vinha ter com ele
a mesma dor, como um animal
sedento de atenção e companhia.
Era um estado de renúncia
e nenhum verso o aproximava já
de si, mas de alguém desconhecido
entre corpos que passavam,
desconhecidos também, todos eles,
desde o primeiro. Não tinha
com quem falar, nem saberia dizer
como pudera perder-se
de tudo quanto amara e conhecera.
E ao começo do verão quase se deixou
vencer, sentado no seu exílio
a olhar para os telhados, lá em cima
onde o silêncio o sequestrava.
Rui Pires Cabral, Oráculos de Cabeçeira
a mesma dor, como um animal
sedento de atenção e companhia.
Era um estado de renúncia
e nenhum verso o aproximava já
de si, mas de alguém desconhecido
entre corpos que passavam,
desconhecidos também, todos eles,
desde o primeiro. Não tinha
com quem falar, nem saberia dizer
como pudera perder-se
de tudo quanto amara e conhecera.
E ao começo do verão quase se deixou
vencer, sentado no seu exílio
a olhar para os telhados, lá em cima
onde o silêncio o sequestrava.
Rui Pires Cabral, Oráculos de Cabeçeira
na origem da beleza
está unicamente a ferida, singular, diferente para cada qual, escondida ou visível, que todos os homens guardam dentro de si, preservada, e onde se refugiam ao pretenderem trocar o mundo por uma solidão temporária mas profunda.
Jean Genet
Jean Genet
a poesia
É sempre doloroso e, por fim, ocioso, tentarmos saber o que é e o que não é poesia. Alguém afirmou já, em desespero, que poesia é a tentativa ímpia de se pintar a cor do vento. Tudo acaba sempre, se formos honestos, numa impressão de estarmos ou não estarmos diante de um acto poético. Prova, rigorosamente, não há, por mais que o pretendam os normativos de serviço, os quais por vezes se encontram, curiosamente, entre os próprios poetas. Et pour cause!
Eugénio Lisboa
Eugénio Lisboa
porque os não tenho, invento-os
Eu disse não sei onde que faço melhor amizade do que amor. O amor é à base de espasmos breves. E se tais espasmos nos decepcionam, o amor morre. Bem raro é que resista à experiência e se transforme em amizade. A amizade entre homem e mulher é delicada, é ainda uma forma de amor. Anda por lá disfarçado o ciúme. A amizade é um espasmo tranquilo. A felicidade de um amigo encanta-nos. Acrescenta-nos. De nada se esquece. Se a amizade se ofende é porque não é. Não passa de amor escondido. Julgo que raiva de amizade, que sempre tive, vem dos filhos de que me frustraram. Porque os não tenho, invento-os.
Jean Cocteau, "TORO"
Jean Cocteau, "TORO"
snow piece
Think that snow is falling.
Think that snow is falling everywhere
all the time.
When you talk with a person, think
that snow is falling between you and
on the person.
Stop conversing when you think the
person is covered by snow.
Yoko Ono
Think that snow is falling everywhere
all the time.
When you talk with a person, think
that snow is falling between you and
on the person.
Stop conversing when you think the
person is covered by snow.
Yoko Ono
entre dois parênteses
Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.
Octavio Paz
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.
Octavio Paz
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Arquivo
~
poemário daqui
A. M. Pires Cabral
Abel Neves
Adília Lopes
Adolfo Casais Monteiro
Agustina Bessa-Luís
Al Berto
Albano Martins
Alberto Pimenta
Alexandra Malheiro
Alexandre Nave
Alexandre O'Neill
Alice Turvo
Alice Vieira
Almada Negreiros
Américo António Lindeza Diogo
Ana Bessa Carvalho
Ana C.
Ana Caeiro
Ana Cristina César
Ana Duarte
Ana Hatherly
Ana Luísa Amaral
Ana Marques Gastão
Ana Martins Marques
Ana Paula Inácio
Ana Salomé
Ana Tecedeiro
Ana Teresa Pereira
Ana Tinoco
André Tomé
Andreia C. Faria
Angélica Freitas
Ângelo de Lima
Aníbal Fernandes
António Amaral Tavares
António Botto
António Dacosta
António Franco Alexandre
António Gancho
António Gedeão
António Gregório
António José Forte
António Manuel Pires Cabral
António Maria Lisboa
António Mega Ferreira
António Osório
António Pedro
António Quadros Ferro
António Ramos Pereira
António Ramos Rosa
António Rebordão Navarro
António Reis
António S. Ribeiro
Armando Baptista-Bastos
Armando Silva Carvalho
Artur do Cruzeiro Seixas
Bénédicte Houart
Bruno Béu
Bruno Sousa Villar
Camilo Castelo Branco
Camilo Pessanha
Carlos Alberto Machado
Carlos Bessa
Carlos de Oliveira
Carlos Eurico da Costa
Carlos Mota de Oliveira
Carlos Poças Falcão
Carlos Soares
Casimiro de Brito
Catarina Nunes de Almeida
Cesário Verde
Cláudia R. Sampaio
Cruzeiro Seixas
Daniel Faria
Daniel Filipe
David Mourão-Ferreira
David Teles Pereira
Delfim Lopes
Dulce Maria Cardoso
Eastwood da Silva
Eduarda Chiote
Egito Gonçalves
Ernesto Sampaio
Eugénio de Andrade
Eugénio Lisboa
Fernando Assis Pacheco
Fernando Esteves Pinto
Fernando Lemos
Fernando Pessoa
Fernando Pinto do Amaral
Fiama Hasse Pais Brandão
Filipa Leal
Filipe Homem Fonseca
Florbela Espanca
Frederico Pedreira
gil t. sousa
Golgona Anghel
Gonçalo M. Tavares
Helder Moura Pereira
Helena Carvalho
Helga Moreira
Hélia Correia
Henrique Manuel Bento Fialho
Henrique Risques Pereira
Herberto Hélder
Inês Dias
Inês Fonseca Santos
Inês Lourenço
Isabel Meyrelles
Joana Morais Varela
Joana Serrado
João Almeida
João Bénard da Costa
João Cabral de Melo Neto
João Camilo
João Damasceno
João Ferreira Oliveira
João Habitualmente
João Luís Barreto Guimarães
João Maia
João Manuel Ribeiro
João Miguel Henriques
João Pacheco
João Pereira Coutinho
João Rodrigues
João Vasco Coelho
Joaquim Manuel Magalhães
Joaquim Pessoa
Jorge Carrera Andrade
Jorge de Sena
Jorge Gomes Miranda
Jorge Melícias
Jorge Roque
Jorge Sousa Braga
José Agostinho Baptista
José Alberto Oliveira
José Amaro Dionísio
José António Franco
José Cardoso Pires
José Carlos Barros
José Carlos Soares
José Efe
José Gomes Ferreira
José Manuel de Vasconcelos
José Mário Silva
José Miguel Silva
José Pascoal
José Ricardo Nunes
José Rui Teixeira
José Saramago
José Sebag
José Tolentino Mendonça
Judith Teixeira
Leitão de Barros
Leonor Castro Nunes
Luís Miguel Nava
Luís Quintais
Luiza Neto Jorge
Madalena de Castro Campos
Mafalda Gomes
Manuel A. Domingos
Manuel António Pina
Manuel Cintra
Manuel da Silva Ramos
Manuel de Castro
Manuel de Freitas
Manuel Fúria
Manuel Gusmão
Marcelino Vespeira
Margarida Vale de Gato
Maria Ângela Alvim
Maria Azenha
Maria do Rosário Pedreira
Maria Gabriela Llansol
Maria João Lopes Fernandes
Maria Judite de Carvalho
Maria Keil
Maria Mergulhão
Maria Sousa
Maria Teresa Horta
Maria Velho da Costa
Mário Cesariny
Mário Contumélias
Mário de Sá-Carneiro
Mário Dionísio
Mário Quintana
Mário Rui de Oliveira
Mário-Henrique Leiria
Marta Chaves
Matilde Campilho
Mendes de Carvalho
Miguel Cardoso
Miguel Martins
Miguel Sousa Tavares
Miguel Torga
Miguel-Manso
Nuno Araújo
Nuno Bragança
Nuno Júdice
Nuno Moura
Nuno Ramos
Nuno Travanca
Patrícia Baltazar
Paulo José Miranda
Pedro Jordão
Pedro Loureiro
Pedro Mexia
Pedro Oom
Pedro Santo Tirso
Pedro Sena-Lino
Pedro Tamen
Pedro Tiago
Piedade Araujo Sol
Raquel Nobre Guerra
Raquel Serejo Martins
Raul de Carvalho
Raul Malaquias Marques
Regina Guimarães
Reinaldo Ferreira
Renata Correia Botelho
Ricardo Adolfo
Rosa Alice Branco
Rosa Maria Martelo
Rui Almeida
Rui Baião
Rui Caeiro
Rui Cóias
Rui Costa
Rui Knopfli
Rui Lage
Rui Manuel Amaral
Rui Nunes
Rui Pedro Gonçalves
Rui Pires Cabral
Rute Mota
Ruy Belo
Ruy Cinatti
Ruy Ventura
Samuel Úria
Sandra Andrade
Sandra Costa
Sebastião Alba
Sílvio Mendes
Soares de Passos
Sofia Crespo
Sofia Leal
Sophia de Mello Breyner Andresen
Tatiana Faia
Teixeira de Pascoaes
Teresa Balté
Teresa M. G. Jardim
Tiago Araújo
Tiago Gomes
valter hugo mãe
Vasco Gato
Vasco Graça Moura
Vítor Nogueira
Yvette K. Centeno
poemário dali
A. E. Housman
Abbas Kiarostami
Abel Feu
Adelaide Ivánova
Adélia Prado
Adrienne Rich
Agota Kristof
Al Purdy
Alberto Tugues
Alda Merini
Aldous Huxley
Alejandra Pizarnik
Alejandro Jodorowsky
Alexander Demidov
Alfredo Veiravé
Alice Walker
Allen Ginsberg
Amalia Bautista
Amiri Baraka
Amy Lowell
Amy M. Homes
Ana Merino
André Breton
Andrés Trapiello
Angela Carter
Anis Mojgani
Anna Akhmatova
Anna Kamienska
Anne Carson
Anne Perrier
Anne Sexton
Antonia Pozzi
Antonin Artaud
Antonio Gamoneda
Antonio Orihuela
Antonio Pérez Morte
Antonio Sáez Delgado
Arnold Lobel
Arseny Tarkovsky
Arthur Rimbaud
Basilio Sánchez
Benjamín Prado
Bernard-Marie Koltès
Billy Collins
Boris Vian
Brett Elizabeth Jenkins
Brian Andreas
Brian Patten
Carl Phillips
Carl Sandburg
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Edmundo de Ory
Carlos Marzal
Carmen Gloria Berríos
Carol Ann Duffy
Cecília Meireles
Cesare Pavese
Charles Baudelaire
Charles Bukowski
Charles Dana Gibson
Charles M. Schulz
Chen Bolan
Christoph Wilhelm Aigner
Clarice Lispector
Constantino Cavafy
Corey Zeller
Countee Cullen
Cristopher Painter
Cristovam Pavia
Czesław Miłosz
Damien Sevhac
Daniel Clowes
Daniel Francoy
Daniel Pennac
Daphne Gottlieb
David Bowie
David Lagmanovich
David Lehman
Delia Brown
Delmore Schwarts
Derek Walcott
Derrick Brown
Diamanda Galás
Diane Ackerman
Djuna Barnes
Don Herold
Dorianne Laux
Dorothea Lasky
Dorothy Parker
Douglas Huebler
Dylan Thomas
E. E. Cummings
E. Ethelbert Miller
E. M. Cioran
Edgar Allan Poe
Edna O'Brien
Eduarda Chiote
Eduardo Bechara
Eeva-Liisa Manner
Egito Gonçalves
Eleanor Farjeon
Elías Moro
Elie Wiesel
Elis Regina
Elizabeth Bishop
Elizabeth Ross Taylor
Else Lasker-Schuler
Elsie Wood
Emily Dickinson
Emily Kagan Trenchard
Erin Dorsey
Eunice de Souza
Fabiano Calixto
Federico Díaz-Granados
Federico García Lorca
Félix Grande
Fernando Arrabal
Fernando Caio de Abreu
Fernando Echevarría
Fernando Gandra
Ferreira Gular
Forough Farrokhzad
Francisco Madariaga
Frank O'Hara
Frederico Pedreira
G. K. Chesterton
Gabriel Celaya
Geir Gulliksen
Georges Bataille
Gerrit Komrij
Giánnis Ritsos
Giovanny Gómez
Glória Gervitz
Gottfried Benn
Guillaume Apollinaire
Günter Kunert
Gustavo Adolfo Bécquer
Gustavo Ortiz
H. P. Lovecraft
Hal Sirowitz
Hans-Ulrich Treichel
Harold Pinter
Harvey Shapiro
Heiner Müller
Heinrich Heine
Helen Mort
Henri Béhar
Henri Michaux
Henry Rollins
Hermann Hesse
Hilda Hilst
Hilde Domin
Hoa Nguyen
Hugh Mackay
Hugo von Hofmannsthal
Hugo Williams
Ingeborg Bachmann
Ingmar Heytze
Isabel Meyrelles
Isabelle McNeill
J. M. Fonollosa
J. R. R. Tolkien
Jack Gilbert
Jack Kerouac
Jack Winter
Jacques Lacan
Jacques Prévert
James L. White
James Rogers
James Tate
Jane Hirshfield
Janet Frame
Jean Baudrillard
Jean Day
Jeanette Winterson
Jenny Joseph
Jenny Schecter
Jesús Llorente
Jim Carroll
Joan Julier Buck
Joan Margarit
Jodi Picoult
Johann Wolfgang Goethe
Johannes Bobrowski
John Ashbery
John Giorno
John Keats
John Mateer
John Updike
Jonathan Littell
Jonathan Safran Foer
Jonathan Swift
Jorge Amado
Jorge Luis Borges
José Eduardo Agualusa
José Gardeazabal
José Mateos
Joseph Brodsky
Joseph Cervavolo
József Attila
Juan José Millás
Juan Ramón Jiménez
Judith Herzberg
Junko Takahashi
Justine Hermitage
Katerina Angheláki-Rooke
Kathy Acker
Kendra Grant
Kenneth Patchen
Kenneth Traynor
Kosntandinos Kavafis
Kristina H.
Langston Hughes
Larissa Szporluk
Lauren Mendinueta
Laurie Anderson
Lawrence Ferlinghetti
Lêdo Ivo
Leila Miccolis
Leonard Cohen
Leonardo Chioda
Leonardo Da Vinci
Leopoldo María Panero
Lewis Carroll
liam ryan
Lígia Reyes
Lord Byron
Lou Andreas-Salomé
Lou Reed
Louis Aragon
Louis Buisseret
Lourdes Espínola
Lucía Estrada
Luis Alberto de Cuenca
Luís Filipe Parrado
Luis García Montero
Malcolm Lowry
Manoel de Barros
Manuel Arana
Marco Mackaaij
Margaret Atwood
María Sánchez
Marianne Boruch
Mariano Peyrou
Marin Sorescu
Marina Colasanti
Martha Carolina Dávila
Martin Amis
Mary Elizabeth Frye
Mary Jo Salter
Mary Oliver
Mary Ruefle
Max Porter
Medlar Lucan & Durian Gray
Melissa Witcombe
Mia Couto
Michael Drayton
Michel Carpassou
Michel Houellebecq
Miguel de Cervantes
Miriam Reyes
Mitch Albom
Morgan Parker
Muhammad al-Maghut
Muriel Rukeyser
Natsume Soseki
Neil Gaiman
Nicanor Parra
Nichita Stanescu
Nicole Blackman
Nina Rizzi
Octavio Paz
Olga Orozco
Omar Khayyam
Osho
Otávio Campos
Pablo Fidalgo Lareo
Pablo García Casado
Pablo Neruda
Pat Boran
Patricia Beer
Patti Smith
Paul Éluard
Paul Géraldy
Paul Theroux
Paulo Leminski
Pentti Saaritsa
Per Aage Brandt
Pere Gimferrer
Philip Larkin
Philip Roth
Philippe Wollney
Pia Tafdrup
Pier Paolo Pasolini
Pierre Reverdy
Piotr Sommer
Rafael Alberti
Rainer Maria Rilke
Ramón Gómez de la Serna
Raúl Gustavo Aguirre
Raymond Carver
Raymond Queneau
Reinaldo Ferreira
Reiner Kunze
Richard Brautigan
Richard Burton
Roald Dahl
Robert Creeley
Robert Frost
Roberto Bolaño
Roberto Fernández Retamar
Roberto Juarroz
Robin Robertson
Rod McKuen
Roger Wolfe
Ron Padgett
Rosa Aliaga Ibañez
Rosemarie Urquico
Rubens Borba de Moraes
Rudyard Kipling
Russell Edson
Ruth Stone
Ryan Montanti
Saiónji Sanekane
Salman Rushdie
Salvador Novo
Sam Shepard
Samuel Beckett
Sandro Penna
Santiago Nazarian
Sei Shonagon
Serge Gainsbourg
Sharon Olds
Shel Silverstein
Silvia Chueire
Silvia Ugidos
Simone de Beauvoir
Somerset Maugham
Stephen Crane
Stephen Wright
Steve Mccaffery
Stevie Smith
Stuart Dischell
Sue Goyette
Susana Cabuchi
Sylvia Plath
T. S. Eliot
Tai Fu Ku
Tanya Davis
Tati Bernard
Tatianna Rei Moonshadow
Tennessee Williams
Thom Gunn
Tiago Fabris Rendelli
Tilly Strauss
Tom Baker
Tom Waits
Toni Montesinos Gilbert
Ulla Hahn
Valentine de Saint-Point
Vicente Aleixandre
Victor Heringer
Victor Prado
Vincenzo Cardarelli
Vinicius de Moraes
Vladimir Maiakovski
Vladimir Nabokov
W. H. Auden
Walt Whitman
Warsan Shire
William Blake
William Butler Yeats
William Carlos Williams
William Shakespeare
Winnie Meisler
Winona Baker
Wislawa Szymborska
Yehuda Amichai
Yohji Yamamoto
Yoko Ono
Yorgos Seferis
Zee Avi
livraria
. A Sul de Nenhum Norte .
. Granta .
Adolfo Bioy Casares .
Al Berto .
Alexandre O'Neill .
Algernon Blackwood .
Ali Smith .
Alice Munro .
Alice Turvo .
Almanaque do Dr. Thackery .
Anaïs Nin .
Anita Brookner .
Ann Beattie .
Annemarie Schwarzenbach .
Anton Tchekhov .
António Ferra .
António Lobo Antunes .
Arthur Miller .
Boris Vian .
Bret Easton Ellis .
Carlos de Oliveira .
Carson McCullers .
Charles Bukowski .
Chuck Palahniuk .
Clarice Lispector .
Conde de Lautréamont .
Cormac McCarthy .
Cristiane Lisbôa .
Donald Barthelme .
Doris Lessing .
Dulce Maria Cardoso .
Edith Wharton .
Eileen Chang .
Elena Ferrante .
Enrique Vila-Matas .
Erasmo de Roterdão .
Ernest Hemingway .
Ernesto Sampaio .
F. Scott Fitzgerald .
Fernando Pessoa .
Flannery O'Connor .
Florbela Espanca .
Françoise Sagan .
Franz Kafka .
Frida Kahlo .
Gabriel García Márquez .
Gonçalo M. Tavares .
Graça Pina de Morais .
Gustave Flaubert .
Guy de Maupassant .
Harold Pinter .
Haruki Murakami .
Henri Michaux .
Herberto Hélder .
Hunter S. Thompson .
Irene Lisboa .
Irène Némirovsky .
Italo Calvino .
J. D. Salinger .
Jack Kerouac .
James Joyce .
Jean Cocteau .
Jean Genet .
Jean Meckert .
Jean-Paul Sartre .
Jeffrey Eugenides .
Jim Cartwright .
Joan Didion .
John Cheever .
José Jorge Letria .
José Saramago .
Josep Pla .
Julian Barnes .
Julio Cortázar .
Karen Blixen .
Kate Chopin .
Katherine Mansfield .
Kurt Vonnegut .
Lázaro Covadlo .
Lillian Hellman .
Luís de Sttau Monteiro .
Luís Miguel Nava .
Luiz Pacheco .
Lydia Davis .
Lygia Fagundes Telles .
Malcolm Lowry .
Manuel Hermínio Monteiro .
Manuel Jorge Marmelo .
Marcel Proust .
Margaret Atwood .
Marguerite Duras .
Marguerite Yourcenar .
Marina Tsvetáeva .
Mário C. Brum .
Mário-Henrique Leiria .
Mark Lindquist .
Marquis de Sade .
Max Aub .
Miguel Castro Henriques .
Miguel Esteves Cardoso .
Miguel Martins .
Milan Kundera .
Natalia Ginzburg .
Neil Gaiman .
Nick Cave .
Norman Rush .
Orhan Pamuk .
Oscar Wilde .
Paul Auster .
Paulo Rodrigues Ferreira .
Pedro Mexia .
Penelope Fitzgerald .
Pierre Louÿs .
Rainer Maria Rilke .
Rainer Werner Fassbinder .
Raul Brandão .
Ray Bradbury .
Rebecca West .
Regina Guimarães .
Richard Yates .
Roland Barthes .
Roland Topor .
Rolf Dieter Brinkmann .
Rui Nunes .
S. E. Hinton .
Sam Shepard .
Samuel Beckett .
Sarah Kane .
Sebastian Barry .
Shirley Jackson .
Stig Dagerman .
Susan Sontag .
Susana Moreira Marques .
Sylvia Plath .
Tennessee Williams .
Teresa Veiga .
Tom Baker .
Truman Capote .
valter hugo mãe .
Vasco Gato .
Vera Lagoa .
Vergílio Ferreira .
Virginia Woolf .
Vladimir Nabokov .
William Faulkner .
Woody Allen .
Yasunari Kawabata .
Yukio Mishima .