© Martin Parr
as coisas semelhantes
Um dia tiveste a minha idade e tantas ou mais coisas
partidas do que eu. Um coração, o fecho de um colar de pérolas,
aqueles olhos vazios como o aquário verde no topo da estante,
demasiadas palavras armadas em metáforas. Coisas semelhantes
que mais tarde alguém tentou reparar. Tempo, amor e morte – sobretudo
os seus lugares vazios.
E uma pele capaz de os alojar.
Inês Fonseca Santos
partidas do que eu. Um coração, o fecho de um colar de pérolas,
aqueles olhos vazios como o aquário verde no topo da estante,
demasiadas palavras armadas em metáforas. Coisas semelhantes
que mais tarde alguém tentou reparar. Tempo, amor e morte – sobretudo
os seus lugares vazios.
E uma pele capaz de os alojar.
Inês Fonseca Santos
eu queria ter sido amor
Morava sozinho. Morreu de repente, rodeado por milhares de livros, documentos, fotos e testemunhos de gratidão de instituições científicas. Quando examinaram tudo aquilo, encontraram um papel azul com o início de uma confissão: "Eu queria ter sido actor."
David Lagmanovich
David Lagmanovich
toda certeza é burra
Se quiser ser feliz, dê instruções para iludir seu relógio, deixe as cortinas cerradas e ache graça no reflexo roxo que ela faz na parede branca. Renda-se ao arrepio, ao sorvete de flocos como café da manhã e chore. De rir. Só para variar os tempos. Fale de pinguins, alimentos azuis, castanhas na brasa e pintas novas espalhadas pelo corpo. Encha a banheira até transbordar e lá dentro despeje meio litro de água de flor de laranjeira. Dizem que é para aromatizar mingaus, mas quer coisa mais doce e aveludada que a tua pele? Quebre três copos para abrir os trabalhos, coloque Katia b – Só deixo meu coração na mão de quem pode – para tocar e dance usando apenas roupão japonês de seda falsa, porém quase tão boa quanto a original. Não faça planos e nem aceite pedidos, mas aproveite a boca, a língua, o gosto. Permita que o vento remexa no emaranhado destes teus cabelos e que ele se esconda debaixo da tua saia para fugir do mundo. Esqueça que foram negros tempos, que descobriste um potencial de dor antes desconhecido, que só há moedas na tua bolsa e que há quem escolha a falsa paz no lugar da espada. Quem quer ser feliz, é. Simples assim. O que fica entre uma coisa é outra é um rio de água barrenta, fria, com sangue-suga rodeando as pedras cheias de arestas afiadas. Mas te garanto que nem dói tanto assim passar por ele. Do outro lado da borda vais estar com arranhões que cicatrizam com dois beijos e um frio que passa já nos primeiros raios de sol. O mais difícil é decidir. Mas hoje é a sexta 13 do ano do fim do mundo. Que sejam iniciadas as comemorações. Os cavalos marinhos estão a postos.
Cristiane Lisbôa
Cristiane Lisbôa
samsa
Gregor Samsa sonhava muitas vezes com insectos. Eram sonhos agradáveis, em que ele saía pelas ruas a exibir a sua bela carapaça e sucumbia ao apelo das feromonas, entregando-se à lascívia e à fornicação com fêmeas em cujos élitros se reflectia o arco-íris. O problema era de manhã. Na casa de banho, ao espalhar a espuma na cara, via-se ao espelho e deparava com o rosto anguloso daquele colega esquisito lá da repartição, o Franz. Era como se durante a noite se tivesse transformado naquele homenzinho opaco e vagamente sinistro. Depois de se barbear, o espelho devolvia-lhe o verdadeiro rosto: arredondado, lustroso, banal. Mas os pequenos golpes da navalha, na bochecha ou no queixo (mesmo por baixo do lábio inferior), prolongavam pelo dia fora o desconforto da sensação matinal, semelhantes a marcas feitas por um escultor que hesitasse e, tendo já iniciado a obra, preferisse deixar o trabalho para mais tarde.
José Mário Silva
José Mário Silva
edge
The woman is perfected.
Her dead
Body wears the smile of accomplishment,
The illusion of a Greek necessity
Flows in the scrolls of her toga,
Her bare
Feet seem to be saying:
We have come so far, it is over.
Each dead child coiled, a white serpent,
One at each little
Pitcher of milk, now empty.
She has folded
Them back into her body as petals
Of a rose close when the garden
Stiffens and odors bleed
From the sweet, deep throats of the night flower.
The moon has nothing to be sad about,
Staring from her hood of bone.
She is used to this sort of thing.
Her blacks crackle and drag.
Sylvia Plath
Her dead
Body wears the smile of accomplishment,
The illusion of a Greek necessity
Flows in the scrolls of her toga,
Her bare
Feet seem to be saying:
We have come so far, it is over.
Each dead child coiled, a white serpent,
One at each little
Pitcher of milk, now empty.
She has folded
Them back into her body as petals
Of a rose close when the garden
Stiffens and odors bleed
From the sweet, deep throats of the night flower.
The moon has nothing to be sad about,
Staring from her hood of bone.
She is used to this sort of thing.
Her blacks crackle and drag.
Sylvia Plath
love letter
Not easy to state the change you made.
If I’m alive now, then I was dead,
Though, like a stone, unbothered by it,
Staying put according to habit.
You didn’t just toe me an inch, no -
Nor leave me to set my small bald eye
Skyward again, without hope, of course,
Of apprehending blueness, or stars.
That wasn’t it. I slept, say: a snake
Masked among black rocks as a black rock
In the white hiatus of winter -
Like my neighbors, taking no pleasure
In the million perfectly-chiseled
Cheeks alighting each moment to melt
My cheek of basalt, they turned to tears
Angels weeping over dull natures,
But didn’t convince me. Those tears froze.
Each dead head had a visor of ice.
And I slept on like a bent finger.
The first thing I saw was sheer air
And the locked drops rising in a dew
Limpid as spirits.
Many stones lay
Dense and expressionless round about.
I didn’t know what to make of it.
I shone, mica-scaled, and unfolded
To pour myself out like a fluid
Among bird feet and the stems of plants.
I wasn’t fooled. I knew you at once.
Tree and stone glittered, without shadows.
My finger-length grew lucent as glass.
I started to bud like a March twig:
An arm and a leg, an arm, a leg.
From stone to cloud, so I ascended.
Now I resemble a sort of god
Floating through the air in my soul-shift
Pure as a pane of ice. It’s a gift.
Sylvia Plath
If I’m alive now, then I was dead,
Though, like a stone, unbothered by it,
Staying put according to habit.
You didn’t just toe me an inch, no -
Nor leave me to set my small bald eye
Skyward again, without hope, of course,
Of apprehending blueness, or stars.
That wasn’t it. I slept, say: a snake
Masked among black rocks as a black rock
In the white hiatus of winter -
Like my neighbors, taking no pleasure
In the million perfectly-chiseled
Cheeks alighting each moment to melt
My cheek of basalt, they turned to tears
Angels weeping over dull natures,
But didn’t convince me. Those tears froze.
Each dead head had a visor of ice.
And I slept on like a bent finger.
The first thing I saw was sheer air
And the locked drops rising in a dew
Limpid as spirits.
Many stones lay
Dense and expressionless round about.
I didn’t know what to make of it.
I shone, mica-scaled, and unfolded
To pour myself out like a fluid
Among bird feet and the stems of plants.
I wasn’t fooled. I knew you at once.
Tree and stone glittered, without shadows.
My finger-length grew lucent as glass.
I started to bud like a March twig:
An arm and a leg, an arm, a leg.
From stone to cloud, so I ascended.
Now I resemble a sort of god
Floating through the air in my soul-shift
Pure as a pane of ice. It’s a gift.
Sylvia Plath
How vain it all is.
Roll into a city,
rise from the city’s dust,
take over a post
and diguise yourself
to avoid exposure
Fulfill the promises
before a tarnished mirror in the air,
before a shut door in the wind.
Untraveled are the paths on the steep slope of heaven.
Ingeborg Bachmann
rise from the city’s dust,
take over a post
and diguise yourself
to avoid exposure
Fulfill the promises
before a tarnished mirror in the air,
before a shut door in the wind.
Untraveled are the paths on the steep slope of heaven.
Ingeborg Bachmann
Assim passam os anos.
Passam os anos,
e mesmo que a vida me acuse de imobilidade,
também eu viajei.
Como uma partícula de pó
percorri a casa e e prendi-me aos livros.
Como um insecto repousei na borda dos açudes,
ou simplesmente fui uma mulher que de tarde em tarde
olhou para o mar
procurando barcos esquecidos pela neblina
e que voltam à memoria
sem esperança diferente da norte
Lauren Mendinueta
e mesmo que a vida me acuse de imobilidade,
também eu viajei.
Como uma partícula de pó
percorri a casa e e prendi-me aos livros.
Como um insecto repousei na borda dos açudes,
ou simplesmente fui uma mulher que de tarde em tarde
olhou para o mar
procurando barcos esquecidos pela neblina
e que voltam à memoria
sem esperança diferente da norte
Lauren Mendinueta
Sem perceber nada
A tarde esgotava-se em Rodas,
abril, como todas as promessas cumpridas, perdia interesse
e eu vi correr as tuas lágrimas até ao mar.
Sem perceber nada
nem a tua melancolia nem a migração das aves
nem o assobio dos barcos nem o rosto envelhecido dos capitães,
fechei os olhos.
Ao voltar a abri-los, não sei se eu era diferente
ou se o porto tinha mudado
mas os barcos ancorados embelezaram com a noite.
Tu que olhavas para as colinas
não viste as minhas lágrimas a acender as primeiras lâmpadas.
Lauren Mendinueta
abril, como todas as promessas cumpridas, perdia interesse
e eu vi correr as tuas lágrimas até ao mar.
Sem perceber nada
nem a tua melancolia nem a migração das aves
nem o assobio dos barcos nem o rosto envelhecido dos capitães,
fechei os olhos.
Ao voltar a abri-los, não sei se eu era diferente
ou se o porto tinha mudado
mas os barcos ancorados embelezaram com a noite.
Tu que olhavas para as colinas
não viste as minhas lágrimas a acender as primeiras lâmpadas.
Lauren Mendinueta
olá e adeus
O beijo dela foi suave
no “Olá” mas
pesado no “Adeus”.
Tanto que eu beijei-a
outra vez para o “olá”
ser mais longo,
mas desta vez o seu
beijo de “Adeus”
foi tão poderoso
que ela o conseguiu
por em palavras
Hal Sirowitz, A Sul de Nenhum Norte
no “Olá” mas
pesado no “Adeus”.
Tanto que eu beijei-a
outra vez para o “olá”
ser mais longo,
mas desta vez o seu
beijo de “Adeus”
foi tão poderoso
que ela o conseguiu
por em palavras
Hal Sirowitz, A Sul de Nenhum Norte
a queda do muro
Beijá-la
foi como beijar
o Muro de Berlim
enquanto
caía. Houve
um empurrão,
que começou do lado dela,
embora fosse difícil de notar.
Porque o júbilo tornou-se
lentamente em consternação
Hal Sirowitz, A Sul de Nenhum Norte
foi como beijar
o Muro de Berlim
enquanto
caía. Houve
um empurrão,
que começou do lado dela,
embora fosse difícil de notar.
Porque o júbilo tornou-se
lentamente em consternação
Hal Sirowitz, A Sul de Nenhum Norte
haunted love
my darling since
you and
i are thoroughly haunted by
what neither is any
echo of dream nor
any flowering of any
echo(but the echo
of the flower of
Dreaming)somewhere behind us
always trying(or sometimes trying under
us)to is it
find somehow(but O gracefully)a
we, entirely whose least
breathing may surprise
ourselves
—let’s then
despise what is not courage my
darling(for only Nobody knows
where truth grows why
birds fly and
especially who the moon is.
E. E. Cummings
you and
i are thoroughly haunted by
what neither is any
echo of dream nor
any flowering of any
echo(but the echo
of the flower of
Dreaming)somewhere behind us
always trying(or sometimes trying under
us)to is it
find somehow(but O gracefully)a
we, entirely whose least
breathing may surprise
ourselves
—let’s then
despise what is not courage my
darling(for only Nobody knows
where truth grows why
birds fly and
especially who the moon is.
E. E. Cummings
death
Because I could not stop for Death,
He kindly stopped for me;
The carriage held but just ourselves
And Immortality.
We slowly drove, he knew no haste,
And I had put away
My labor, and my leisure too,
For his civility.
We passed the school, where children strove
At recess, in the ring;
We passed the fields of gazing grain,
We passed the setting sun.
Or rather, he passed us;
The dews grew quivering and chill,
For only gossamer my gown,
My tippet only tulle.
We paused before a house that seemed
A swelling of the ground;
The roof was scarcely visible,
The cornice but a mound.
Since then 'tis centuries, and yet each
Feels shorter than the day
I first surmised the horses' heads
Were toward eternity.
Emily Dickinson
He kindly stopped for me;
The carriage held but just ourselves
And Immortality.
We slowly drove, he knew no haste,
And I had put away
My labor, and my leisure too,
For his civility.
We passed the school, where children strove
At recess, in the ring;
We passed the fields of gazing grain,
We passed the setting sun.
Or rather, he passed us;
The dews grew quivering and chill,
For only gossamer my gown,
My tippet only tulle.
We paused before a house that seemed
A swelling of the ground;
The roof was scarcely visible,
The cornice but a mound.
Since then 'tis centuries, and yet each
Feels shorter than the day
I first surmised the horses' heads
Were toward eternity.
Emily Dickinson
fear
Fear of seeing a police car pull into the drive.
Fear of falling asleep at night.
Fear of not falling asleep.
Fear of the past rising up.
Fear of the present taking flight.
Fear of the telephone that rings in the dead of night.
Fear of electrical storms.
Fear of the cleaning woman who has a spot on her cheek!
Fear of dogs I've been told won't bite.
Fear of anxiety!
Fear of having to identify the body of a dead friend.
Fear of running out of money.
Fear of having too much, though people will not believe this.
Fear of psychological profiles.
Fear of being late and fear of arriving before anyone else.
Fear of my children's handwriting on envelopes.
Fear they'll die before I do, and I'll feel guilty.
Fear of having to live with my mother in her old age, and mine.
Fear of confusion.
Fear this day will end on an unhappy note.
Fear of waking up to find you gone.
Fear of not loving and fear of not loving enough.
Fear that what I love will prove lethal to those I love.
Fear of death.
Fear of living too long.
Fear of death.
I've said that.
Fear of falling asleep at night.
Fear of not falling asleep.
Fear of the past rising up.
Fear of the present taking flight.
Fear of the telephone that rings in the dead of night.
Fear of electrical storms.
Fear of the cleaning woman who has a spot on her cheek!
Fear of dogs I've been told won't bite.
Fear of anxiety!
Fear of having to identify the body of a dead friend.
Fear of running out of money.
Fear of having too much, though people will not believe this.
Fear of psychological profiles.
Fear of being late and fear of arriving before anyone else.
Fear of my children's handwriting on envelopes.
Fear they'll die before I do, and I'll feel guilty.
Fear of having to live with my mother in her old age, and mine.
Fear of confusion.
Fear this day will end on an unhappy note.
Fear of waking up to find you gone.
Fear of not loving and fear of not loving enough.
Fear that what I love will prove lethal to those I love.
Fear of death.
Fear of living too long.
Fear of death.
I've said that.
Raymond Carver
com os lábios língua e dentes
comia palavras
como se elas fossem motivo de fome
Maria Sousa, Exercícios para endurecimento de lágrimas
como se elas fossem motivo de fome
Maria Sousa, Exercícios para endurecimento de lágrimas
como se fôssemos restos de histórias
num ensaio geral de solidões
o tempo é um argumento
que nos fecha a porta
Maria Sousa, Exercícios para endurecimento de lágrimas
o tempo é um argumento
que nos fecha a porta
Maria Sousa, Exercícios para endurecimento de lágrimas
as lágrimas
são locais de olhar por dentro
e enquanto espero que os verbos
sequem
poucas palavras me restam para dizer
que só a sombra tem corpo
e em frases soltas
crescem-me pássaros no reverso dos olhos
Maria Sousa, Exercícios para endurecimento de lágrimas
e enquanto espero que os verbos
sequem
poucas palavras me restam para dizer
que só a sombra tem corpo
e em frases soltas
crescem-me pássaros no reverso dos olhos
Maria Sousa, Exercícios para endurecimento de lágrimas
Está tudo a crescer demasiado:
os fins-de-semana, os amores
não correspondidos e as más notícias;
o espaço que se ocupa.
A chuva miúda que cai,
como se ninguém se importasse
— a humidade escorre pelas paredes,
escorre pelos cigarros, uma desistência
que é como um preceito higiénico,
aquilo que se pode subtrair
à equanimidade do mundo
e ter pronto em duas malas (uma
meio vazia). O que há de perigoso
nas vísceras de uma máquina
fotográfica: listas de mercearia,
maus pressentimentos, ruas vazias
ou, vá-se lá saber, a morte em palco.
José Alberto Oliveira
não correspondidos e as más notícias;
o espaço que se ocupa.
A chuva miúda que cai,
como se ninguém se importasse
— a humidade escorre pelas paredes,
escorre pelos cigarros, uma desistência
que é como um preceito higiénico,
aquilo que se pode subtrair
à equanimidade do mundo
e ter pronto em duas malas (uma
meio vazia). O que há de perigoso
nas vísceras de uma máquina
fotográfica: listas de mercearia,
maus pressentimentos, ruas vazias
ou, vá-se lá saber, a morte em palco.
José Alberto Oliveira
ioiôs perfeitos
Ioiôs perfeitos, esses meus dez dedos,
frutos do desespero quando ao fim
de quinze dias ainda não me estendi inteiro
sobre a cama e tu não vieste tentar saber
se haveria alguma reacção nova.
Não admira pois que eu faça colecção
de todos os sons e ponha ares cinzentos
no meu estômago e crie uma nuvem espessa
de escuro sobre os horários do sono.
Quem ou o quê fez de nós espantalhos e patos
sentados, alvo e setas da mesma ignorância,
donos fingidos de quase nada,
fraude forçada a ver-se em amor?
Helder Moura Pereira
frutos do desespero quando ao fim
de quinze dias ainda não me estendi inteiro
sobre a cama e tu não vieste tentar saber
se haveria alguma reacção nova.
Não admira pois que eu faça colecção
de todos os sons e ponha ares cinzentos
no meu estômago e crie uma nuvem espessa
de escuro sobre os horários do sono.
Quem ou o quê fez de nós espantalhos e patos
sentados, alvo e setas da mesma ignorância,
donos fingidos de quase nada,
fraude forçada a ver-se em amor?
Helder Moura Pereira
Se tivesse de recomeçar a vida #3
Não entendo nada da vida. Cada dia que avança entendo menos da vida. Contudo, há horas, as horas perdidas - e só essas - que queria tornar a viver e a perder.
Raul Brandão
Raul Brandão
Se tivesse de recomeçar a vida #2
O que me pesa é a inutilidade da vida. Agarro-me a um sonho; desfaz-se-me nas mãos; agarro-me a uma mentira e sempre a mesma voz me repete: - É inútil! Inútil!
Raul Brandão
Raul Brandão
Se tivesse de recomeçar a vida #1
Como em ti, há em mim várias camadas de mortos não sei até que profundidade. Às vezes convoco-os, outras são eles, com a voz tão sumida que mal a distingo, que desatam a falar. Preciso da noite eterna: só num silêncio mais profundo ainda, conto ouvi-los a todos.
Raul Brandão
Raul Brandão
Tudo foi dito cem vezes
Tudo foi dito cem vezes
E muito melhor que por mim
Portanto quando escrevo versos
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte e cago-vos na tromba
Boris Vian
E muito melhor que por mim
Portanto quando escrevo versos
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte
É porque isso me diverte e cago-vos na tromba
Boris Vian
balada ditirâmbica do pequeno e do grande filho-da-puta
I
o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.
no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.
o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta.
no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta.
todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.
é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.
II
o grande filho-da-puta
também sem certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
no entanto, há
filhos-da-puta
que já nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o grande filho-da-puta.
o grande
filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.
por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o grande filho-da-puta.
todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.
é o grande
filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o pequeno filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
de resto,
o grande filho-da-puta vê
com bons olhos
a multipliccação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja, o grande filho-da-puta.
Alberto Pimenta
o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.
no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.
o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta.
no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta.
todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.
é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.
II
o grande filho-da-puta
também sem certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
no entanto, há
filhos-da-puta
que já nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o grande filho-da-puta.
o grande
filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.
por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o grande filho-da-puta.
todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.
é o grande
filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o pequeno filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.
de resto,
o grande filho-da-puta vê
com bons olhos
a multipliccação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja, o grande filho-da-puta.
Alberto Pimenta
em chão mais próximo do coração
Estranho é o sono que não te devolve.
Como é estrangeiro o sossego
de quem não espera recado.
Essa sombra como é a alma
de quem já só por dentro se ilumina
e surpreende
e por fora é
apenas peso de ser tarde. Como é
amargo não poder guardar-te
em chão mais próximo do coração.
Daniel Faria
Como é estrangeiro o sossego
de quem não espera recado.
Essa sombra como é a alma
de quem já só por dentro se ilumina
e surpreende
e por fora é
apenas peso de ser tarde. Como é
amargo não poder guardar-te
em chão mais próximo do coração.
Daniel Faria
hoje vou com aquele que me levar
e se for uma mulher
vou com as suas mãos que remendam
e não substituem
e se for um homem
vou com as suas mãos que remendam
e não substituem
e se ninguém houver
vou com ninguém que me leva sempre
para onde não quero
e vou com as suas mãos que substituem não remendam
é por isso que à noite
espreito para a janela dos comboios
e cumprimento-me timidamente
Bénédicte Houart
vou com as suas mãos que remendam
e não substituem
e se for um homem
vou com as suas mãos que remendam
e não substituem
e se ninguém houver
vou com ninguém que me leva sempre
para onde não quero
e vou com as suas mãos que substituem não remendam
é por isso que à noite
espreito para a janela dos comboios
e cumprimento-me timidamente
Bénédicte Houart
se eu fosse um vídeo
that's when the pain comes in / like a second skeleton / trying to fit beneath the skin / I can't fit the feelings in, oh / every single night's a light with my brain
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Arquivo
~
poemário daqui
A. M. Pires Cabral
Abel Neves
Adília Lopes
Adolfo Casais Monteiro
Agustina Bessa-Luís
Al Berto
Albano Martins
Alberto Pimenta
Alexandra Malheiro
Alexandre Nave
Alexandre O'Neill
Alice Turvo
Alice Vieira
Almada Negreiros
Américo António Lindeza Diogo
Ana Bessa Carvalho
Ana C.
Ana Caeiro
Ana Cristina César
Ana Duarte
Ana Hatherly
Ana Luísa Amaral
Ana Marques Gastão
Ana Martins Marques
Ana Paula Inácio
Ana Salomé
Ana Tecedeiro
Ana Teresa Pereira
Ana Tinoco
André Tomé
Andreia C. Faria
Angélica Freitas
Ângelo de Lima
Aníbal Fernandes
António Amaral Tavares
António Botto
António Dacosta
António Franco Alexandre
António Gancho
António Gedeão
António Gregório
António José Forte
António Manuel Pires Cabral
António Maria Lisboa
António Mega Ferreira
António Osório
António Pedro
António Quadros Ferro
António Ramos Pereira
António Ramos Rosa
António Rebordão Navarro
António Reis
António S. Ribeiro
Armando Baptista-Bastos
Armando Silva Carvalho
Artur do Cruzeiro Seixas
Bénédicte Houart
Bruno Béu
Bruno Sousa Villar
Camilo Castelo Branco
Camilo Pessanha
Carlos Alberto Machado
Carlos Bessa
Carlos de Oliveira
Carlos Eurico da Costa
Carlos Mota de Oliveira
Carlos Poças Falcão
Carlos Soares
Casimiro de Brito
Catarina Nunes de Almeida
Cesário Verde
Cláudia R. Sampaio
Cruzeiro Seixas
Daniel Faria
Daniel Filipe
David Mourão-Ferreira
David Teles Pereira
Delfim Lopes
Dulce Maria Cardoso
Eastwood da Silva
Eduarda Chiote
Egito Gonçalves
Ernesto Sampaio
Eugénio de Andrade
Eugénio Lisboa
Fernando Assis Pacheco
Fernando Esteves Pinto
Fernando Lemos
Fernando Pessoa
Fernando Pinto do Amaral
Fiama Hasse Pais Brandão
Filipa Leal
Filipe Homem Fonseca
Florbela Espanca
Frederico Pedreira
gil t. sousa
Golgona Anghel
Gonçalo M. Tavares
Helder Moura Pereira
Helena Carvalho
Helga Moreira
Hélia Correia
Henrique Manuel Bento Fialho
Henrique Risques Pereira
Herberto Hélder
Inês Dias
Inês Fonseca Santos
Inês Lourenço
Isabel Meyrelles
Joana Morais Varela
Joana Serrado
João Almeida
João Bénard da Costa
João Cabral de Melo Neto
João Camilo
João Damasceno
João Ferreira Oliveira
João Habitualmente
João Luís Barreto Guimarães
João Maia
João Manuel Ribeiro
João Miguel Henriques
João Pacheco
João Pereira Coutinho
João Rodrigues
João Vasco Coelho
Joaquim Manuel Magalhães
Joaquim Pessoa
Jorge Carrera Andrade
Jorge de Sena
Jorge Gomes Miranda
Jorge Melícias
Jorge Roque
Jorge Sousa Braga
José Agostinho Baptista
José Alberto Oliveira
José Amaro Dionísio
José António Franco
José Cardoso Pires
José Carlos Barros
José Carlos Soares
José Efe
José Gomes Ferreira
José Manuel de Vasconcelos
José Mário Silva
José Miguel Silva
José Pascoal
José Ricardo Nunes
José Rui Teixeira
José Saramago
José Sebag
José Tolentino Mendonça
Judith Teixeira
Leitão de Barros
Leonor Castro Nunes
Luís Miguel Nava
Luís Quintais
Luiza Neto Jorge
Madalena de Castro Campos
Mafalda Gomes
Manuel A. Domingos
Manuel António Pina
Manuel Cintra
Manuel da Silva Ramos
Manuel de Castro
Manuel de Freitas
Manuel Fúria
Manuel Gusmão
Marcelino Vespeira
Margarida Vale de Gato
Maria Ângela Alvim
Maria Azenha
Maria do Rosário Pedreira
Maria Gabriela Llansol
Maria João Lopes Fernandes
Maria Judite de Carvalho
Maria Keil
Maria Mergulhão
Maria Sousa
Maria Teresa Horta
Maria Velho da Costa
Mário Cesariny
Mário Contumélias
Mário de Sá-Carneiro
Mário Dionísio
Mário Quintana
Mário Rui de Oliveira
Mário-Henrique Leiria
Marta Chaves
Matilde Campilho
Mendes de Carvalho
Miguel Cardoso
Miguel Martins
Miguel Sousa Tavares
Miguel Torga
Miguel-Manso
Nuno Araújo
Nuno Bragança
Nuno Júdice
Nuno Moura
Nuno Ramos
Nuno Travanca
Patrícia Baltazar
Paulo José Miranda
Pedro Jordão
Pedro Loureiro
Pedro Mexia
Pedro Oom
Pedro Santo Tirso
Pedro Sena-Lino
Pedro Tamen
Pedro Tiago
Piedade Araujo Sol
Raquel Nobre Guerra
Raquel Serejo Martins
Raul de Carvalho
Raul Malaquias Marques
Regina Guimarães
Reinaldo Ferreira
Renata Correia Botelho
Ricardo Adolfo
Rosa Alice Branco
Rosa Maria Martelo
Rui Almeida
Rui Baião
Rui Caeiro
Rui Cóias
Rui Costa
Rui Knopfli
Rui Lage
Rui Manuel Amaral
Rui Nunes
Rui Pedro Gonçalves
Rui Pires Cabral
Rute Mota
Ruy Belo
Ruy Cinatti
Ruy Ventura
Samuel Úria
Sandra Andrade
Sandra Costa
Sebastião Alba
Sílvio Mendes
Soares de Passos
Sofia Crespo
Sofia Leal
Sophia de Mello Breyner Andresen
Tatiana Faia
Teixeira de Pascoaes
Teresa Balté
Teresa M. G. Jardim
Tiago Araújo
Tiago Gomes
valter hugo mãe
Vasco Gato
Vasco Graça Moura
Vítor Nogueira
Yvette K. Centeno
poemário dali
A. E. Housman
Abbas Kiarostami
Abel Feu
Adelaide Ivánova
Adélia Prado
Adrienne Rich
Agota Kristof
Al Purdy
Alberto Tugues
Alda Merini
Aldous Huxley
Alejandra Pizarnik
Alejandro Jodorowsky
Alexander Demidov
Alfredo Veiravé
Alice Walker
Allen Ginsberg
Amalia Bautista
Amiri Baraka
Amy Lowell
Amy M. Homes
Ana Merino
André Breton
Andrés Trapiello
Angela Carter
Anis Mojgani
Anna Akhmatova
Anna Kamienska
Anne Carson
Anne Perrier
Anne Sexton
Antonia Pozzi
Antonin Artaud
Antonio Gamoneda
Antonio Orihuela
Antonio Pérez Morte
Antonio Sáez Delgado
Arnold Lobel
Arseny Tarkovsky
Arthur Rimbaud
Basilio Sánchez
Benjamín Prado
Bernard-Marie Koltès
Billy Collins
Boris Vian
Brett Elizabeth Jenkins
Brian Andreas
Brian Patten
Carl Phillips
Carl Sandburg
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Edmundo de Ory
Carlos Marzal
Carmen Gloria Berríos
Carol Ann Duffy
Cecília Meireles
Cesare Pavese
Charles Baudelaire
Charles Bukowski
Charles Dana Gibson
Charles M. Schulz
Chen Bolan
Christoph Wilhelm Aigner
Clarice Lispector
Constantino Cavafy
Corey Zeller
Countee Cullen
Cristopher Painter
Cristovam Pavia
Czesław Miłosz
Damien Sevhac
Daniel Clowes
Daniel Francoy
Daniel Pennac
Daphne Gottlieb
David Bowie
David Lagmanovich
David Lehman
Delia Brown
Delmore Schwarts
Derek Walcott
Derrick Brown
Diamanda Galás
Diane Ackerman
Djuna Barnes
Don Herold
Dorianne Laux
Dorothea Lasky
Dorothy Parker
Douglas Huebler
Dylan Thomas
E. E. Cummings
E. Ethelbert Miller
E. M. Cioran
Edgar Allan Poe
Edna O'Brien
Eduarda Chiote
Eduardo Bechara
Eeva-Liisa Manner
Egito Gonçalves
Eleanor Farjeon
Elías Moro
Elie Wiesel
Elis Regina
Elizabeth Bishop
Elizabeth Ross Taylor
Else Lasker-Schuler
Elsie Wood
Emily Dickinson
Emily Kagan Trenchard
Erin Dorsey
Eunice de Souza
Fabiano Calixto
Federico Díaz-Granados
Federico García Lorca
Félix Grande
Fernando Arrabal
Fernando Caio de Abreu
Fernando Echevarría
Fernando Gandra
Ferreira Gular
Forough Farrokhzad
Francisco Madariaga
Frank O'Hara
Frederico Pedreira
G. K. Chesterton
Gabriel Celaya
Geir Gulliksen
Georges Bataille
Gerrit Komrij
Giánnis Ritsos
Giovanny Gómez
Glória Gervitz
Gottfried Benn
Guillaume Apollinaire
Günter Kunert
Gustavo Adolfo Bécquer
Gustavo Ortiz
H. P. Lovecraft
Hal Sirowitz
Hans-Ulrich Treichel
Harold Pinter
Harvey Shapiro
Heiner Müller
Heinrich Heine
Helen Mort
Henri Béhar
Henri Michaux
Henry Rollins
Hermann Hesse
Hilda Hilst
Hilde Domin
Hoa Nguyen
Hugh Mackay
Hugo von Hofmannsthal
Hugo Williams
Ingeborg Bachmann
Ingmar Heytze
Isabel Meyrelles
Isabelle McNeill
J. M. Fonollosa
J. R. R. Tolkien
Jack Gilbert
Jack Kerouac
Jack Winter
Jacques Lacan
Jacques Prévert
James L. White
James Rogers
James Tate
Jane Hirshfield
Janet Frame
Jean Baudrillard
Jean Day
Jeanette Winterson
Jenny Joseph
Jenny Schecter
Jesús Llorente
Jim Carroll
Joan Julier Buck
Joan Margarit
Jodi Picoult
Johann Wolfgang Goethe
Johannes Bobrowski
John Ashbery
John Giorno
John Keats
John Mateer
John Updike
Jonathan Littell
Jonathan Safran Foer
Jonathan Swift
Jorge Amado
Jorge Luis Borges
José Eduardo Agualusa
José Gardeazabal
José Mateos
Joseph Brodsky
Joseph Cervavolo
József Attila
Juan José Millás
Juan Ramón Jiménez
Judith Herzberg
Junko Takahashi
Justine Hermitage
Katerina Angheláki-Rooke
Kathy Acker
Kendra Grant
Kenneth Patchen
Kenneth Traynor
Kosntandinos Kavafis
Kristina H.
Langston Hughes
Larissa Szporluk
Lauren Mendinueta
Laurie Anderson
Lawrence Ferlinghetti
Lêdo Ivo
Leila Miccolis
Leonard Cohen
Leonardo Chioda
Leonardo Da Vinci
Leopoldo María Panero
Lewis Carroll
liam ryan
Lígia Reyes
Lord Byron
Lou Andreas-Salomé
Lou Reed
Louis Aragon
Louis Buisseret
Lourdes Espínola
Lucía Estrada
Luis Alberto de Cuenca
Luís Filipe Parrado
Luis García Montero
Malcolm Lowry
Manoel de Barros
Manuel Arana
Marco Mackaaij
Margaret Atwood
María Sánchez
Marianne Boruch
Mariano Peyrou
Marin Sorescu
Marina Colasanti
Martha Carolina Dávila
Martin Amis
Mary Elizabeth Frye
Mary Jo Salter
Mary Oliver
Mary Ruefle
Max Porter
Medlar Lucan & Durian Gray
Melissa Witcombe
Mia Couto
Michael Drayton
Michel Carpassou
Michel Houellebecq
Miguel de Cervantes
Miriam Reyes
Mitch Albom
Morgan Parker
Muhammad al-Maghut
Muriel Rukeyser
Natsume Soseki
Neil Gaiman
Nicanor Parra
Nichita Stanescu
Nicole Blackman
Nina Rizzi
Octavio Paz
Olga Orozco
Omar Khayyam
Osho
Otávio Campos
Pablo Fidalgo Lareo
Pablo García Casado
Pablo Neruda
Pat Boran
Patricia Beer
Patti Smith
Paul Éluard
Paul Géraldy
Paul Theroux
Paulo Leminski
Pentti Saaritsa
Per Aage Brandt
Pere Gimferrer
Philip Larkin
Philip Roth
Philippe Wollney
Pia Tafdrup
Pier Paolo Pasolini
Pierre Reverdy
Piotr Sommer
Rafael Alberti
Rainer Maria Rilke
Ramón Gómez de la Serna
Raúl Gustavo Aguirre
Raymond Carver
Raymond Queneau
Reinaldo Ferreira
Reiner Kunze
Richard Brautigan
Richard Burton
Roald Dahl
Robert Creeley
Robert Frost
Roberto Bolaño
Roberto Fernández Retamar
Roberto Juarroz
Robin Robertson
Rod McKuen
Roger Wolfe
Ron Padgett
Rosa Aliaga Ibañez
Rosemarie Urquico
Rubens Borba de Moraes
Rudyard Kipling
Russell Edson
Ruth Stone
Ryan Montanti
Saiónji Sanekane
Salman Rushdie
Salvador Novo
Sam Shepard
Samuel Beckett
Sandro Penna
Santiago Nazarian
Sei Shonagon
Serge Gainsbourg
Sharon Olds
Shel Silverstein
Silvia Chueire
Silvia Ugidos
Simone de Beauvoir
Somerset Maugham
Stephen Crane
Stephen Wright
Steve Mccaffery
Stevie Smith
Stuart Dischell
Sue Goyette
Susana Cabuchi
Sylvia Plath
T. S. Eliot
Tai Fu Ku
Tanya Davis
Tati Bernard
Tatianna Rei Moonshadow
Tennessee Williams
Thom Gunn
Tiago Fabris Rendelli
Tilly Strauss
Tom Baker
Tom Waits
Toni Montesinos Gilbert
Ulla Hahn
Valentine de Saint-Point
Vicente Aleixandre
Victor Heringer
Victor Prado
Vincenzo Cardarelli
Vinicius de Moraes
Vladimir Maiakovski
Vladimir Nabokov
W. H. Auden
Walt Whitman
Warsan Shire
William Blake
William Butler Yeats
William Carlos Williams
William Shakespeare
Winnie Meisler
Winona Baker
Wislawa Szymborska
Yehuda Amichai
Yohji Yamamoto
Yoko Ono
Yorgos Seferis
Zee Avi
livraria
. A Sul de Nenhum Norte .
. Granta .
Adolfo Bioy Casares .
Al Berto .
Alexandre O'Neill .
Algernon Blackwood .
Ali Smith .
Alice Munro .
Alice Turvo .
Almanaque do Dr. Thackery .
Anaïs Nin .
Anita Brookner .
Ann Beattie .
Annemarie Schwarzenbach .
Anton Tchekhov .
António Ferra .
António Lobo Antunes .
Arthur Miller .
Boris Vian .
Bret Easton Ellis .
Carlos de Oliveira .
Carson McCullers .
Charles Bukowski .
Chuck Palahniuk .
Clarice Lispector .
Conde de Lautréamont .
Cormac McCarthy .
Cristiane Lisbôa .
Donald Barthelme .
Doris Lessing .
Dulce Maria Cardoso .
Edith Wharton .
Eileen Chang .
Elena Ferrante .
Enrique Vila-Matas .
Erasmo de Roterdão .
Ernest Hemingway .
Ernesto Sampaio .
F. Scott Fitzgerald .
Fernando Pessoa .
Flannery O'Connor .
Florbela Espanca .
Françoise Sagan .
Franz Kafka .
Frida Kahlo .
Gabriel García Márquez .
Gonçalo M. Tavares .
Graça Pina de Morais .
Gustave Flaubert .
Guy de Maupassant .
Harold Pinter .
Haruki Murakami .
Henri Michaux .
Herberto Hélder .
Hunter S. Thompson .
Irene Lisboa .
Irène Némirovsky .
Italo Calvino .
J. D. Salinger .
Jack Kerouac .
James Joyce .
Jean Cocteau .
Jean Genet .
Jean Meckert .
Jean-Paul Sartre .
Jeffrey Eugenides .
Jim Cartwright .
Joan Didion .
John Cheever .
José Jorge Letria .
José Saramago .
Josep Pla .
Julian Barnes .
Julio Cortázar .
Karen Blixen .
Kate Chopin .
Katherine Mansfield .
Kurt Vonnegut .
Lázaro Covadlo .
Lillian Hellman .
Luís de Sttau Monteiro .
Luís Miguel Nava .
Luiz Pacheco .
Lydia Davis .
Lygia Fagundes Telles .
Malcolm Lowry .
Manuel Hermínio Monteiro .
Manuel Jorge Marmelo .
Marcel Proust .
Margaret Atwood .
Marguerite Duras .
Marguerite Yourcenar .
Marina Tsvetáeva .
Mário C. Brum .
Mário-Henrique Leiria .
Mark Lindquist .
Marquis de Sade .
Max Aub .
Miguel Castro Henriques .
Miguel Esteves Cardoso .
Miguel Martins .
Milan Kundera .
Natalia Ginzburg .
Neil Gaiman .
Nick Cave .
Norman Rush .
Orhan Pamuk .
Oscar Wilde .
Paul Auster .
Paulo Rodrigues Ferreira .
Pedro Mexia .
Penelope Fitzgerald .
Pierre Louÿs .
Rainer Maria Rilke .
Rainer Werner Fassbinder .
Raul Brandão .
Ray Bradbury .
Rebecca West .
Regina Guimarães .
Richard Yates .
Roland Barthes .
Roland Topor .
Rolf Dieter Brinkmann .
Rui Nunes .
S. E. Hinton .
Sam Shepard .
Samuel Beckett .
Sarah Kane .
Sebastian Barry .
Shirley Jackson .
Stig Dagerman .
Susan Sontag .
Susana Moreira Marques .
Sylvia Plath .
Tennessee Williams .
Teresa Veiga .
Tom Baker .
Truman Capote .
valter hugo mãe .
Vasco Gato .
Vera Lagoa .
Vergílio Ferreira .
Virginia Woolf .
Vladimir Nabokov .
William Faulkner .
Woody Allen .
Yasunari Kawabata .
Yukio Mishima .