La Jetée, Chris Marker, 1962
La Jetée, Chris Marker, 1962

TESTEMUNHO DE ROSEANNE A SEU RESPEITO

O mundo começa de novo com cada nascimento, dizia o meu pai. Esquecia-se de dizer que, com cada morte, o mundo acaba. Ou talvez achasse que não era preciso dizê-lo. Porque durante grande parte da sua vida trabalhou num cemitério.

O lugar onde nasci era uma cidade fria. Até as montanhas se deixavam ficar ao longe. Olhava com desconfiança, assim como eu, aquele lugar escuro, aquelas mesmas montanhas.
Havia um rio negro que corria através da cidade e, se não tinha encanto para os seres mortais, tinha-o para os cisnes, e muitos cisnes paravam por ali e até cavalgavam o rio como animais habituados a mergulhar, em torrentes.

O rio também levava lixo para o mar, e pedaços de coisas que em tempos tinham pertencido a pessoas e sido arrancadas das margens, e corpos também, ainda que raramente, ah!, e pobres bebés que eram motivo de vergonha, estranha época.
A corrente forte e a profundidade do rio teriam sido um ombro amigo para os segredos.
É da cidade de Sligo que falo.

Sligo fez-me e Sligo desfez-me, mas a verdade é que eu devia ter deixado muito mais cedo de ser feita ou desfeita por cidades humanas e devia ter olhado só para mim.

(...)

Não sabia que uma pessoa podia erguer um muro de cimento e tijolos imaginários contra os horrores e as partidas cruéis e sombrias do tempo, assim se tornando autora de si própria.

(...)

Sou apenas uma coisa de sobra, uma mulher que resta, e já nem sequer me pareço com um ser humano, um pedaço descarnado de pele e osso, dentro de uma saia e uma camisa desengraçadas, e de um casaco de lona, e aqui estou sentada no meu canto, como um pintarroxo sem uma canção - não, como um rato que morreu sob a pedra da lareira, onde estava calor, e que agora jaz como uma múmia nas pirâmides.
Ninguém sabe sequer que tenho uma história. No ano que vem, na semana que vem, amanhã, terei certamente desaparecido, e só precisarão de me arranjar um caixão pequeno e uma cova estreita. Não haverá uma lápide junto à minha cabeça, e não importa.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
A minha mãe tinha aquela beleza de cabelos escuros e pele morena das gentes de Espanha, com uns olhos verdes como esmeraldas americanas de que nenhum homem estava a salvo.
E ele casou-se com ela e levou-a para Sligo, e ela aí viveu a partir de então, sem ter sido criada naquela terra sombria, como uma moeda perdida num chão lamacento, brilhando num certo desespero. Rapariga mais bonita nunca se viu em Sligo: tinha a pele macia como penas e um peito quente, generoso, como pão acabado de fazer, todo ele deleite.

(...)

Só passados muitos anos, já muito crescida, compreendi, olhando para trás, que havia uma certa ansiedade naquele andar, como se ela não confiasse que o tempo e a ordem normal das coisas o trouxessem para casa, pois julgo que a minha mãe passava por um estranho sofrimento sob o seu halo de beleza.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
É curioso, mas estou convencida de que uma pessoa sem histórias que a alimentem, enquanto vive, e que lhe sobrevivam, mais facilmente se perderá, não apenas para a História, mas para a família que lhe suceda. Claro que esse é o destino da maioria de nós, reduzindo vidas inteiras, por muito intensas e fascinantes, àqueles nomes tristes a negro em árvores genealógicas que definham, com meia data pendurada à frente e um ponto de interrogação.

(...)

Tenho de admitir que tenho «memórias» que até a mim causam estranheza. Suponho que a memória, quando negligenciada, se torna uma espécie de quarto de arrumações ou um quarto cheio de tralha numa casa velha, com coisas espalhadas por todo o lado, talvez não só por desleixo, mas também porque se vai lá remexer ao acaso, atirando objetos para lugares a que eles não pertencem. É certo que suspeito - bem, não sei do que suspeito ao certo. Fico um pouco confusa quando encaro a possibilidade de tudo aquilo que recordo não ser - não ser real. Foi um tempo tão conturbado que - que o quê? Que me posso ter refugiado noutras histórias impossíveis, em sonhos, em fantasias? Não sei.
Mas, se acreditar em certas memórias, talvez me possa apoiar nelas e talvez consiga atravessar a corrente do «tempo passado», sem ficar totalmente submersa.

 (...)

Tenho idade suficiente para saber que o passar do tempo é um truque, uma conveniência. Tudo permanece onde está, continuando a desenrolar-se, a acontecer. Passado, presente e futuro, eternamente na nossa cabeça, como escovas, pentes e laços numa mala de mão.

  (...)

Insondáveis. As profundezas. Pergunto-me se será essa a razão da dificuldade, o facto de as minhas memórias e fantasias se encontrarem bem lá no fundo, num mesmo lugar? Ou umas em cima das outras, como camadas de conchas e areia numa rocha calcária, de tal modo que se tornaram o mesmo elemento e não consigo distingui-las, a não ser olhando de perto, muito de perto?
Fantasias. Uma bela palavra para dizer catástrofe e engano.

  (...)

Se ainda tenho uma alma, e talvez não tenha, terei de confiar nela. Acho que deve ser possível as almas serem rescindidas em certos casos difíceis, canceladas numa qualquer repartição nos corredores do Céu. Chegarmos aos portões do Céu e vermos que temos a morada errada antes de S. Pedro dizer uma palavra.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
Com os meus catorze anos, tinha um pé ainda na infância e, com o outro, avançava para a idade adulta. Na pequena escola de freiras que frequentava, não era indiferente aos rapazes que passavam, gingando, pelos portões, quando terminavam as aulas. Na verdade, lembro-me até de pensar que se desprendia deles uma espécie de música, uma espécie de ruído humano incompreensível para mim. Como conseguia ouvir música vinda daquelas formas grosseiras é coisa que hoje não entendo. Mas as habilidades mágicas das raparigas são tais que conseguem transformar simples barro em ideias clássicas e grandiosas.

(...)

Uma rapariga de catorze anos está sempre muito consciente da sua aparência ou pensa que tem de estar, ou seja lá o que for, mas, por falar em espelhos, eu estava cativa de um que a minha mãe tinha no quarto, não porque me achasse bonita, mas porque não sabia o que achar do meu aspecto, e esforçava-me minutos a fio por encaixar numa imagem em que pudesse confiar ou que me deixasse satisfeita, e nunca conseguia chegar lá. O ouro do meu cabelo parecia-me uma erva molhada selvagem, e juro que não conhecia a alma da pessoa que me olhava do pequeno espelho musgoso da minha mãe.

(...)

Íamos, uma multidão de raparigas da cidade, ao salão de baile de Tom McNulty, que ficava junto ao mar, uma torrente de rosas percorrendo as estradas sombrias, e por vezes, na nossa simplicidade e com uma tremenda alegria, dispersávamo-nos pela praia onde desembocava a estrada da aldeia que ficava no alto de Strandhill e onde os postes de amarração, um após o outro sobre a areia, mostravam o caminho, na maré baixa, até Coney. Talvez preferissem chamar-nos gaivotas, elegantes pássaros brancos mergulhando e gritando, embora estivéssemos sempre em terra - como se houvesse sempre uma tempestade no mar. Oh, as raparigas de dezassete e dezoito anos é que sabem viver a vida, e gostam de a viver, quando as deixam.

(...)

Vale sempre a pena descrever a felicidade, há tanto daquela outra coisa na vida que mais vale assinalar a felicidade, enquanto se pode. Quando me encontrava nesse estado, tudo me parecia belo, a chuva a cair era como prata, tudo me interessava, todos pareciam à vontade comigo, até aqueles rapazes de Sligo com olhos semicerrados que paravam pelas esquinas, com dedos amarelos por causa dos cigarros, a mancha amarela sobre os seus lábios onde o cigarro estava permanentemente enfiado. Sotaques como garrafas partindo-se numa rua das traseiras.

(...)

Veja só estas mãos. Não, não, não pode vê-las. Mas a pele é fina como - já alguma vez viram conchas de lingueirão? Estão espalhadas por toda a Rosses Strand. Bem, essas conchas são revestidas por um filamento de uma substância transparente, como um verniz a secar. Uma coisa estranha. É assim a minha pele, hoje. Acho que consigo contar os meus ossos. As minhas mãos parecem na verdade ter estado enterradas durante algum tempo e depois ter sido tiradas da terra. Assustariam qualquer um. Há uns quinze anos que não me olho ao espelho.


Sebastian Barry, Escritos Secretos

Será talvez de lembrar que a minha mãe era linda, embora talvez não tanto como antes, pois o seu silêncio encontrava eco num véu sombrio que lhe parecia ter coberto a pele do rosto. Era como um quadro em que o verniz escurecia, toldando a beleza da obra.

(...)

A luz das velas infiltrava-se em toda a parte, nas rugas da cara do meu pai, sentado ao meu lado, nas pedras da igreja, na voz do pastor, que falava naquele inglês misterioso e inquietante da Bíblia, no meu esterno, atravessando-o até ao meu coração jovem, perfurando-me o peito, de tal modo que eu queria chorar, mas chorar sem saber bem porquê. Chorar contra o destino do meu pai, contra o silêncio da minha mãe, mas também chorar em louvor de alguma coisa, da beleza da minha mãe, que desaparecia, mas ainda lá estava. Tinha a sensação de que os meus pais estavam ao meu cuidado e só poderiam ser salvos por mim. Por alguma razão, esta ideia encheu-me de uma enorme alegria, um sentimento tão raro naquela época, e, quando as vozes começaram a cantar um qualquer hino esquecido, senti o rubor de uma estranha felicidade e então, na obscuridade cintilante, comecei a chorar, grandes lágrimas quentes de alívio traiçoeiro.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
Sempre aquele dilúvio de chuva em Sligo, caindo nas ruas grandes e pequenas, fazendo as casas tremerem e amontoarem-se como pessoas num jogo de futebol. Caindo fabulosamente, em quantidades imensas, a água de cem rios. E o próprio rio, o Garravoge, crescendo, os belos cisnes apanhados de surpresa, cavalgando a torrente, arrastados para debaixo da ponte e reaparecendo do outro lado, como suicidas mal sucedidos, os seus olhos de mistério chocados, negros, a sua graça misteriosa intacta. Como são selvagens, os cisnes, apesar da sua beleza famosa. E a chuva caindo nos passeios à porta do Café Cairo, enquanto eu me atarefava entre chaleiras e máquinas, espreitando pelas janelas embaciadas com os olhos apaixonados.

Assim me parece agora. Quem era eu? Uma estranha, mas uma estranha que ainda se esconde dentro de mim, nos meus ossos e no meu sangue. Que se esconde nesta roupa amarrotada de pele. A rapariga que fui.

(...)

A chuva põe toda a gente dentro de casa e leva a história consigo. Num dia quente, paira no ar a sensação deliciosa de não faltar nada, e, sendo o nosso mundo, na sua verdade mais profunda, tão húmido, os tons verdes dos campos e montes, apanhados de surpresa, parecem arder numa espécie de perplexidade, de deslumbre. A terra fica encantadora aos seus próprios olhos, e os rapazes e raparigas espalhados pela praia cobrem-se de amarelos torrados e dos azuis e verdes do mar, ardendo, ardendo também. Ou assim me parecia.

(...)

E eu debaixo daquele mar, todo o meu corpo liberto, mas também avivado, os pulmões cheios de oxigénio, a princípio, e depois o ar a faltar-me, e a cabeça mais leve, mais agradável, e a água mais profunda, mais fria, lavando-me a cara, perguntando à minha cara que era, que forma tinha, ao mais ínfimo pormenor.

(...)

E a minha juventude, a minha brandura, o meu corpo rígido, os meus olhos azuis, o meu cabelo louro brilhante debaixo de água, e talvez uns trezentos tubarões em redor, tendo entrado na zona dos tubarões, maravilhoso, maravilhoso, não me importava. Tornava-me uma espécie de tubarão.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
Tom amava-me ou amava a parte de mim que conhecia, a parte de mim que via. Não quero ser inconveniente mas era seu hábito elogiar o meu traseiro. É verdade.
- Quando me sinto aborrecido - Disse-me uma vez -, penso no teu traseiro.

Não é lá muito romântico, mas, de certa forma, é até muito romântico. Os homens não são, de todo, humanos, não, quero dizer, têm prioridades diferentes. Também não sei quais são as prioridades das mulheres ou sei quais são, mas nunca as senti. O meu desejo por Tom era algo de chocante. Por tudo nele. Não sei. Deixava-me tonta a toda a hora. Há coisas de que nunca nos fartamos. O chocolate acaba por nos fartar. Mas outras coisas. Gostava da sua companhia, sob todas as formas. Gostava de beber chá com ele. Gostava de lhe beijar as orelhas. Se calhar, nunca fui uma mulher como deve ser. Deus me perdoe. Quem sabe se o maior erro que cometi não foi ter-me sentido sua igual. Sentia que era eu e ele, como Bonnie e Clyde, que precisamente nessa altura, na América, andavam de um lado para o outro a matar pessoas, expressando o seu amor de maneiras curiosas.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
Dizem que descendemos dos macacos, e talvez o animal que vive em nós, bem lá no fundo, saiba coisas de que nem nos damos conta que percebemos. Havia algo, uma espécie de relógio ou motor, que começava a dar sinal dentro de mim, e todo o meu instinto me dizia para apressar o passo, apressar o passo e encontrar um lugar tranquilo e abrigado onde pudesse tentar compreender esse motor. Havia um sentido de urgência, e um certo odor, e um ruído estranho que vinha de mim e era sacudido pelo vento. Estava então na estrada alcatroada para Strandhill, rodeada de campos verdes e muros de pedra, e a chuva batia na superfície da estrada e saltava como se enraivecida. Parecia-me ter música no ventre, uma música forte, pulsante, batida, o «Black Bottom Stomp» levado ao limite, o pianista a tocar as teclas como louco.

(...)

A chuva caía em saias enormes, rodopiando e saltando, com pernas que eram pilares martelando o chão, toda a praia e o mar entre Strandhill e Rosses apagados por um milhão de pinceladas de cinzento e mais cinzento.

 (...)

E agora a tormenta voltava a abater-se sobre mim, como um quadro de absoluta loucura, paredes de água e teto de um fogo ensurdecedor, era o que parecia, e deitei-me num ninho de pedras redondas, ofegante e meio desfalecida.

(...)

Quando acordei a tempestade tinha partido como um vestido feroz varrendo a sala de Sligo.
Fiquei deitada, olhando o mundo como uma mulher com uma bala na cabeça, a praia serena, os maçaricos mergulhando e batendo os seus longos bicos junto à linha da maré que vazava.


Sebastian Barry, Escritos Secretos

[O LIVRO DE BANALIDADES DO DOUTOR GREENE]

Tivemos dias extraordinários. Éramos o rei e a rainha do café pela manhã, nos dias escuros de inverno, e com o sol da madrugada, no verão, que entrava janela adentro, para nos acordar. Ah, sim, pequenas coisas. Pequenas coisas a que chamamos sanidade ou o pano de que a sanidade é feita.

Agora somos dois países estrangeiros que têm as suas embaixadas na mesma casa. As relações são cordiais, mas estritamente diplomáticas. Existe uma sensação latente de rumor, de julgamento, de memória, como dois povos que em tempos cometeram crimes graves um contra o outro, mas numa geração passada. Somos um território dos Bálticos.

(...)

Uma leveza imensa tomou conta de mim. Foi como da primeira vez que pensei que a amava, quando ela era jovem e ligeira como uma aguarela, um mero gesto de ossos e traços, bela e imperfeita aos meus olhos, quando lhe declarara o meu amor prometendo fazê-la feliz, adorá-la, tomá-la nos meus braços - o estranho, e talvez estúpido, compromisso de todos os amantes.

(...)

e depois houve toda a nossa peça de amor que representámos tantos milhares de vezes em anos passados e acabámos estendidos no tapete Axminster como animais chacinados.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
Como foi estranho telefonar por fim para a odiada agência funerária por onde passei de carro tantas vezes, com a sua entrada opulenta, as carrinhas estacionadas nas traseiras, as expressões eficazes e murmuradas, os números, o chá, as sanduíches, os documentos, o serviço fúnebre, tudo o que faz parte da morte. E depois, esta manhã, a conta discreta, a lista das coisas, o caixão que escolhi num súbito ataque de mesquinhez e que lamentei amarguradamente no funeral. A coisa que comprei para enterrar a minha mulher.

Cada pormenor dela, cada gesto da cabeça, cada momento de ternura entre nós, e todos os presentes, as surpresas, os gracejos, os passeios, as férias em Bundoran e, mais tarde, em Benidorme formando um mar, o mar de Bet, e cresceu nas profundezas da nossa história, um leito marinho de tudo o que fomos, numa onda imensa, e rebentou sobre mim, praia cinzenta que sou, submergindo-me, e quem me dera que me tivesse levado de vez.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
A luz do sol sabe ler rostos. Regressar ao mesmo lugar, ano após ano, fazia da cara de Bet uma espécie de relógio. Todos os anos havia uma nova história, a imagem seguinte na sequência. Devia tê-la fotografado todos os anos no mesmo lugar. Bet passava a vida a queixar-se, preocupada porque estava a envelhecer, detestava cada nova ruga na cara no preciso instante em que esta aparecia, como um cão sonolento que acorda de repente, quando ouve à distância os passos de um estranho aproximando-se de uma propriedade.

(...)

Quanto a mim, posso jurar, essas coisas nunca me incomodaram. É uma das bênçãos da vida de casados: por alguma razão, parecemos sempre iguais aos olhos um do outro. Até os nossos amigos parecem nunca envelhecer. Que vantagem tremenda, e eu que nunca pensei nisso, quando era jovem. Mas pergunto-me: se assim não fosse, que havíamos de fazer? Nunca houve uma pessoa, num lar de terceira idade, que não olhasse com desconfiança os seus outros habitantes. Eles é que são os velhos, o clube ao qual ninguém quer pertencer. Mas nunca somos velhos aos nossos próprios olhos. Porque, afinal, o navio em que navegamos está na alma, não no corpo.

(...)

Havia momentos em que a sua cara reluzia com a sua própria beleza. Aquele momento em que estávamos lado a lado, na igreja, e a olhei por um instante mesmo antes de ela dizer «aceito», e depois ouvi-a dizê-lo, e o seu rosto emanava uma luz extraordinária que vinha ao meu encontro. Era o amor. Não estamos à espera de ver o amor, assim, sem mais nem menos. Mas eu vi-o.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
Se pudesse fazer uma lista de todas as características da minha dor e publicá-la num jornal, talvez prestasse um grande serviço ao mundo. Desconfio que a dor seja difícil de recordar, e não há dúvida de que é invisível. Mas não deixa, ainda assim, de ser um lamento da alma, e não devo voltar a subestimar a sua força ácida sobre outros.

(...)

Há poços de dor que só aqueles que sofrem conhecem. É uma viagem ao centro da Terra, uma máquina gigantesca e pesada perfurando a crosta terrestre. E um homenzinho a enlouquecer aos comandos. Aterrorizado, aterrorizado, e sem retorno.


Sebastian Barry, Escritos Secretos
As rosas mais tardias são aquelas grandes rosas cor de chá que aparecem nos jardins como traseiros de bailarinas com cuecas franzidas. Que criatura somos... Foi isto o que fizemos de uma simples flor ao longo dos séculos, para além de termos transformado em borzóis e poodles aqueles animais imundos que comiam cadáveres e rondavam as nossas fogueiras ancestrais. A coisa propriamente dita, a coisa original, nunca nos basta, temos de elaborar, improvisar, poetizar. «Para atenuar a brevidade das nossas vidas», suponho, como escreveu Thomas Browne.

(...)

Mas começo a perguntar-me seriamente qual é a natureza da História. Será apenas a memória em frases decentes, e, assim sendo, poderemos considerá-la fiável? Não muito, suponho. E suponho também que a maior parte da verdade e dos factos apresentados por este meio sintático é traiçoeira e pouco fiável. E, todavia, reconheço que vivemos as nossas vidas e conservamos a nossa sanidade à luz dessa traição e dessa falibilidade, tal como construímos o nosso amor a um país sobre estes mundos de papel de mal-entendidos e falsidades. Talvez seja essa a nossa natureza e talvez contribua, inexplicavelmente, para a glória da criatura que somos, o facto de conseguirmos erguer os nossos melhores e mais permanentes edifícios sobre fundações de pó.


Sebastian Barry, Escritos Secretos

«A maior imperfeição está na nossa visão interior, isto é,
sermos fantasmas aos nossos próprios olhos.»
Sir Thomas Brown, Christian Morals

se eu fosse um vídeo

a porta mais recôndita

Nenhum destino
Nada a dizer
Não me vais ouvir
Até estar longe
O cansaço é demasiado
Para continuar a luta
Por isso nos despedimos
Na porta mais recôndita
Quando eu ficar sozinha
Tu voltarás para mim
Já aconteceu antes
Chamamos-lhe memória
Tenho de regressar
Aonde começámos
Quando eu era uma mulher
E tu eras um homem
Se vieres comigo
Nunca começarei
Fizemos a nossa casa
Mas o telhado caiu
Quando eu ficar sozinha
Tu voltarás para mim
Já aconteceu antes
Chamamos-lhe memória
Nem tenho a certeza
Se sei onde começar
Mas começar vem depois
Antes temos de nos separar
O cansaço é demasiado
Para continuar a luta
Por isso nos despedimos
Na porta mais recôndita


Leonard Cohen, A Chama

poemário daqui

A. M. Pires Cabral Abel Neves Adília Lopes Adolfo Casais Monteiro Agustina Bessa-Luís Al Berto Albano Martins Alberto Pimenta Alexandra Malheiro Alexandre Nave Alexandre O'Neill Alice Turvo Alice Vieira Almada Negreiros Américo António Lindeza Diogo Ana Bessa Carvalho Ana C. Ana Caeiro Ana Cristina César Ana Duarte Ana Hatherly Ana Luísa Amaral Ana Marques Gastão Ana Martins Marques Ana Paula Inácio Ana Salomé Ana Tecedeiro Ana Teresa Pereira Ana Tinoco André Tomé Andreia C. Faria Angélica Freitas Ângelo de Lima Aníbal Fernandes António Amaral Tavares António Botto António Dacosta António Franco Alexandre António Gancho António Gedeão António Gregório António José Forte António Manuel Pires Cabral António Maria Lisboa António Mega Ferreira António Osório António Pedro António Quadros Ferro António Ramos Pereira António Ramos Rosa António Rebordão Navarro António Reis António S. Ribeiro Armando Baptista-Bastos Armando Silva Carvalho Artur do Cruzeiro Seixas Bénédicte Houart Bruno Béu Bruno Sousa Villar Camilo Castelo Branco Camilo Pessanha Carlos Alberto Machado Carlos Bessa Carlos de Oliveira Carlos Eurico da Costa Carlos Mota de Oliveira Carlos Poças Falcão Carlos Soares Casimiro de Brito Catarina Nunes de Almeida Cesário Verde Cláudia R. Sampaio Cruzeiro Seixas Daniel Faria Daniel Filipe David Mourão-Ferreira David Teles Pereira Delfim Lopes Dulce Maria Cardoso Eastwood da Silva Eduarda Chiote Egito Gonçalves Ernesto Sampaio Eugénio de Andrade Eugénio Lisboa Fernando Assis Pacheco Fernando Esteves Pinto Fernando Lemos Fernando Pessoa Fernando Pinto do Amaral Fiama Hasse Pais Brandão Filipa Leal Filipe Homem Fonseca Florbela Espanca Frederico Pedreira gil t. sousa Golgona Anghel Gonçalo M. Tavares Helder Moura Pereira Helena Carvalho Helga Moreira Hélia Correia Henrique Manuel Bento Fialho Henrique Risques Pereira Herberto Hélder Inês Dias Inês Fonseca Santos Inês Lourenço Isabel Meyrelles Joana Morais Varela Joana Serrado João Almeida João Bénard da Costa João Cabral de Melo Neto João Camilo João Damasceno João Ferreira Oliveira João Habitualmente João Luís Barreto Guimarães João Maia João Manuel Ribeiro João Miguel Henriques João Pacheco João Pereira Coutinho João Rodrigues João Vasco Coelho Joaquim Manuel Magalhães Joaquim Pessoa Jorge Carrera Andrade Jorge de Sena Jorge Gomes Miranda Jorge Melícias Jorge Roque Jorge Sousa Braga José Agostinho Baptista José Alberto Oliveira José Amaro Dionísio José António Franco José Cardoso Pires José Carlos Barros José Carlos Soares José Efe José Gomes Ferreira José Manuel de Vasconcelos José Mário Silva José Miguel Silva José Pascoal José Ricardo Nunes José Rui Teixeira José Saramago José Sebag José Tolentino Mendonça Judith Teixeira Leitão de Barros Leonor Castro Nunes Luís Miguel Nava Luís Quintais Luiza Neto Jorge Madalena de Castro Campos Mafalda Gomes Manuel A. Domingos Manuel António Pina Manuel Cintra Manuel da Silva Ramos Manuel de Castro Manuel de Freitas Manuel Fúria Manuel Gusmão Marcelino Vespeira Margarida Vale de Gato Maria Ângela Alvim Maria Azenha Maria do Rosário Pedreira Maria Gabriela Llansol Maria João Lopes Fernandes Maria Judite de Carvalho Maria Keil Maria Mergulhão Maria Sousa Maria Teresa Horta Maria Velho da Costa Mário Cesariny Mário Contumélias Mário de Sá-Carneiro Mário Dionísio Mário Quintana Mário Rui de Oliveira Mário-Henrique Leiria Marta Chaves Matilde Campilho Mendes de Carvalho Miguel Cardoso Miguel Martins Miguel Sousa Tavares Miguel Torga Miguel-Manso Nuno Araújo Nuno Bragança Nuno Júdice Nuno Moura Nuno Ramos Nuno Travanca Patrícia Baltazar Paulo José Miranda Pedro Jordão Pedro Loureiro Pedro Mexia Pedro Oom Pedro Santo Tirso Pedro Sena-Lino Pedro Tamen Pedro Tiago Piedade Araujo Sol Raquel Nobre Guerra Raquel Serejo Martins Raul de Carvalho Raul Malaquias Marques Regina Guimarães Reinaldo Ferreira Renata Correia Botelho Ricardo Adolfo Rosa Alice Branco Rosa Maria Martelo Rui Almeida Rui Baião Rui Caeiro Rui Cóias Rui Costa Rui Knopfli Rui Lage Rui Manuel Amaral Rui Nunes Rui Pedro Gonçalves Rui Pires Cabral Rute Mota Ruy Belo Ruy Cinatti Ruy Ventura Samuel Úria Sandra Andrade Sandra Costa Sebastião Alba Sílvio Mendes Soares de Passos Sofia Crespo Sofia Leal Sophia de Mello Breyner Andresen Tatiana Faia Teixeira de Pascoaes Teresa Balté Teresa M. G. Jardim Tiago Araújo Tiago Gomes valter hugo mãe Vasco Gato Vasco Graça Moura Vítor Nogueira Yvette K. Centeno

poemário dali

A. E. Housman Abbas Kiarostami Abel Feu Adelaide Ivánova Adélia Prado Adrienne Rich Agota Kristof Al Purdy Alberto Tugues Alda Merini Aldous Huxley Alejandra Pizarnik Alejandro Jodorowsky Alexander Demidov Alfredo Veiravé Alice Walker Allen Ginsberg Amalia Bautista Amiri Baraka Amy Lowell Amy M. Homes Ana Merino André Breton Andrés Trapiello Angela Carter Anis Mojgani Anna Akhmatova Anna Kamienska Anne Carson Anne Perrier Anne Sexton Antonia Pozzi Antonin Artaud Antonio Gamoneda Antonio Orihuela Antonio Pérez Morte Antonio Sáez Delgado Arnold Lobel Arseny Tarkovsky Arthur Rimbaud Basilio Sánchez Benjamín Prado Bernard-Marie Koltès Billy Collins Boris Vian Brett Elizabeth Jenkins Brian Andreas Brian Patten Carl Phillips Carl Sandburg Carlos Drummond de Andrade Carlos Edmundo de Ory Carlos Marzal Carmen Gloria Berríos Carol Ann Duffy Cecília Meireles Cesare Pavese Charles Baudelaire Charles Bukowski Charles Dana Gibson Charles M. Schulz Chen Bolan Christoph Wilhelm Aigner Clarice Lispector Constantino Cavafy Corey Zeller Countee Cullen Cristopher Painter Cristovam Pavia Czesław Miłosz Damien Sevhac Daniel Clowes Daniel Francoy Daniel Pennac Daphne Gottlieb David Bowie David Lagmanovich David Lehman Delia Brown Delmore Schwarts Derek Walcott Derrick Brown Diamanda Galás Diane Ackerman Djuna Barnes Don Herold Dorianne Laux Dorothea Lasky Dorothy Parker Douglas Huebler Dylan Thomas E. E. Cummings E. Ethelbert Miller E. M. Cioran Edgar Allan Poe Edna O'Brien Eduarda Chiote Eduardo Bechara Eeva-Liisa Manner Egito Gonçalves Eleanor Farjeon Elías Moro Elie Wiesel Elis Regina Elizabeth Bishop Elizabeth Ross Taylor Else Lasker-Schuler Elsie Wood Emily Dickinson Emily Kagan Trenchard Erin Dorsey Eunice de Souza Fabiano Calixto Federico Díaz-Granados Federico García Lorca Félix Grande Fernando Arrabal Fernando Caio de Abreu Fernando Echevarría Fernando Gandra Ferreira Gular Forough Farrokhzad Francisco Madariaga Frank O'Hara Frederico Pedreira G. K. Chesterton Gabriel Celaya Geir Gulliksen Georges Bataille Gerrit Komrij Giánnis Ritsos Giovanny Gómez Glória Gervitz Gottfried Benn Guillaume Apollinaire Günter Kunert Gustavo Adolfo Bécquer Gustavo Ortiz H. P. 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