L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962
L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962
L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962
L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962
L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962
L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962

GROTESCO

Porque é que os lírios me deitam a língua de fora
Quando os corto;
E se torcem e contorcem
E se estrangulam entre os meus dedos,
Ao ponto de mal conseguir tecer esta grinalda
Para o teu cabelo?
Porque é que gritam o teu nome
E me cospem
Quando os tento juntar?
Terei de os matar
Para que fiquem quietos,
E enviar-te uma coroa de cadáveres suspensos
Que murchem e apodreçam
Na tua testa
Enquanto danças?


Amy Lowell, trad. Inês Dias, Faca Romba

se eu fosse um vídeo | estados d'alma

DECLARAÇÃO

Eu de barba branca a tiracolo
rodeado de fumo por todos os lados vadios
menos pelo lado do mar
com um incêndio à ilharga
e dois artelhos clandestinos
eu salvo miraculosamente para te amar e curar
e esperar o teu regresso glacial e escarlate

que escrevo poemas desde que um rato
me entrou prós pulmões e só por causa disso
eu que disse: há um cancro no mapa universal
e engenheiros, geógrafos, doutores se apressaram a negá-lo
eu da cintura pra cima de alcatrão e terror
e do umbigo pra baixo de quiosque chinês
eu não espero piedade obrigado



António José Forte, Uma Faca nos Dentes

um homem (uma mulher)

De repente
como uma flor violenta
um homem com uma bomba à altura do peito
e que chora convulsivamente
um homem belo minúsculo
como uma estrela cadente
e que sangra
como uma estátua jacente
esmagada sob as asas do crepúsculo
um homem com uma bomba
como uma rosa na boca
negra surpreendente
e à espera da festa louca
onde o coração lhe rebente
um homem de face aguda
e uma bomba
cega
surda
muda


António José Forte, Uma Faca nos Dentes

O POETA EM LISBOA

Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.

Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.

Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.

Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.

Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.

Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.


Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios.
Canta.

Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.

Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.

Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos,
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.



António José Forte, Uma Faca nos Dentes

O MAIS BELO ESPECTÁCULO DE HORROR SOMOS NÓS

Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia. A noite recebe as nossas mãos como se fossem intrusas, como se o seu reino não fosse pertença delas, invenção delas. Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes. Emparedados, sem possibilidade de comunicação, limitados no nosso ódio e no nosso amor, assim vivemos. Procuramos a saída - a real, a única - e damos com a cabeça nas paredes. Há então os que ganham a ira, os que perdem o amor.

Já não há tempo para confusões - a Revolução é um momento, o revolucionário todos os momentos. Não se pode confundir o amor a uma causa, a uma pátria, com o Amor. Não se pode confundir a adesão a tipos étnicos com o amor ao homem e à liberdade. NÃO SE PODE CONFUNDIR! Quem ama a terra natal fica na terra natal; quem gosta do folclore não vem para a cidade. Ser pobre não é condição para se ganhar o céu ou o inferno. Não estar morto não quer forçosamente dizer que se esteja vivo, como não escrever não equivale sempre a ser analfabeto. Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores.

(...)

MAS NÃO IMPORTA, PORQUE EU SEI QUE NÃO ESTOU SOZINHO no meu desespero e na minha revolta. Sei pela luz que passa de homem para homem quando alguém faz o gesto de matar, pela que se extingue em cada homem à vista dos massacres, sei pelas palavras que uivam, pelas que sangram, pelas que arrancam os lábios, sei pelos jogos selvagens da infância, por um estandarte negro sobre o coração, pela luz crepuscular como uma navalha nos olhos, pelas cidades que chegam durante as tempestades, pelos que se aproximam de peito descoberto ao cair da noite - um a um mordem os pulsos e cantam - sei pelos animais feridos, pelos que cantam nas torturas.
Por isso, para que não me confundam nem agora nem nunca, declaro a minha revolta, o meu desespero, a minha liberdade, declaro tudo isto de faca nos dentes e de chicote em punho e que ninguém se aproxime para aquém dos mil passos

EXCEPTO TU MEU AMOR EXCEPTO TU
MEU AMOR

minha aranha mágica agarrada ao meu peito
cravando as patas aceradas no meu sexo
e a boca na minha boca

conto pelos teus cabelos os anos em que fui criança
marco-os com alfinetes de ouro numa almofada branca
um ano           dois anos           um século

agora um alfinete na garganta deste pássaro
tão próximo e tão vivo
outro alfinete      o último      o maior
no meu próprio plexo

MEU AMOR
conto pelos teus cabelos os dias e as noites....
e a distância que vai da terra à minha infância
e nenhum avião ainda percorreu
conto as cidades e os povos os vivos e os mortos
e ainda ficam cabelos por contar
anos e anos ficarão por contar

DEFENDE-ME ATÉ QUE EU CONTE
O TEU ÚLTIMO CABELO


António José Forte, Uma Faca nos Dentes

POEMA

São eles - os amantes no seu leito de morte chegando a espaços de clareiras infernais, quarenta noites de insónia, de fogo, de dentes numa girândola implacável, todos os suicidas e as mães que tiveram antes, as mães que tiveram depois e aqui e ali, por toda a parte, automóveis abandonados às chamas, animálculos, perguntas, cortesãs, decapitações através dos cartazes, dois rapazes no cais enquanto a morte rouba flores à infância, grande festa do poeta na gare esperando o comboio para uma morte horrível, a trapezista dos meus tempos de ócio medieval e do trapézio dos adolescentes, minha mãe das minhas noites de menino e hélices lunares cobrindo de cristais e de pavor as tuas mãos, simples roda de cores e anel de namorada; fotografia dela guardada ainda na mesma carteira velha, ainda rugindo pela infância, ainda viva pelas coisas imperdoáveis, próxima e feroz como um punhal nas costas, desde Lisboa, desde uma flor na minha boca e uma hora ao pé de ti, vertiginosa e alta nos teus olhos, nos teus ombros velozes ao crepúsculo, numa salva de prata à esquerda pelas nuvens, pelos naufrágios de vento à mão direita, entre cães de latidos luminosos e a muralha da china - esta noite em que a terra é um ponto em Lisboa e não tem importância que não haja outro lugar para estar morto, mas para viver é muito importante que seja um continente que nos espere.


António José Forte, Uma Faca nos Dentes

things in live*

    Poemas quotidianos

como o sol
como a noite

como a vontade de comer
e o sono

como as preocupações
e o amor

e porque saio à rua
e trabalho
diariamente


António Reis

* Barry Brown

(n)a caverna

Está-se bem na minha caverna.
E lá tudo é possível.
Não há rei mais poderoso
do que este ser solitário.

O único inconveniente,
é certa sensação
de que algo essencial
ocorre noutro lugar.


Raúl Gustavo Aguirre

se eu fosse um vídeo

SAUDADE

A saudade assume uma forma:
os verdes pinhos da serra distante
que tapa a minha vista
a flutuarem numa névoa de lágrimas


Saiónji Sanekane - Japão, séc. XIII

mulher-terra-vida

© Clara Menéres, 1977

e muito cedo para pertencer, toda

O oceano branco circula no meu coração
enquanto canta outro oceano de prata dourada,
que se solta das águas do sol.

Já é demasiado tarde para ser só de uma província,
             e muito cedo para pertencer,
             todo,
             ao planeta vindouro e sangrante
             resplendor.

Oh, acode, acode minha hierarquia de peão do planeta,
             gaúcho com tranças de sangue,
             meu pai,
e aparelha-me o melhor cavalo ruão do universo:
para atravessar a água dourada da morte,
              e ouvir-me,
              todo,
              sempre em ti.

O oceano branco soluça pela imortalidade.


Francisco Madariaga

estados d'alma

NO FUNDO DOS TEUS DIAS APENAS O AMOR FICARÁ

No fundo dos teus dias apenas o amor ficará.
Quando romperem as pedras, quando estalarem os vidros,
quando apartarem as lentas e piedosas cortinas,
não se verão teus ossos que nada foram,
não lerão teu nome borrado pelos ventos,
não encontrarão teu rosto nas arenas,
mas o amor estará onde tu estiveste,
poderão trazê-lo do fundo dos seus dias,
levantá-lo, pô-lo de pé, levá-lo em andores
por um tempo melhor, de beleza sem fome,
por um tempo de magia, sem penas nem justiça,
como um dia há-de ser o tempo para todos.


Raúl Gustavo Aguirre

I have the feeling that I'm the phantom of Helen in Troy in the arms of Paris

© Nazario Luque
in Apartamento Magazine, issue #22
É a primeira vez que nasço como uma mulher. Há ainda em mim um rasto de bicho, um rasto de noveiro.
Sinto que os outros o intuem, obscuramente, quando me começam a conhecer; é estranho que não o vejam logo no início, mas eu mesma levei tantos anos a descobrir...
E então fogem. É que o primitivo mete medo.

(...)

E eu sou uma bruxa, uma feiticeira, talvez um demónio; é estranho que ainda não saiba qual é a minha natureza, eu que passei a vida toda a olhar-me, a desenhar-me, a sonhar-me, talvez.

(...)

Uma princesa esformeada de jeans desbotoados e botas velhas, que raramente vende um quadro ou uma cerâmica, que de vez em quando se despe em frente de uma vintena de estudantes que tentam desenhá-la, prendê-la, que vendeu as jóias da família, as libras de ouro, e tem apenas um colar velho, cravejado de pedras verdes, que nunca tira do pescoço, nem para dormir, nem para fazer amor.
As bruxas precisam de uma jóia, só uma.
Eu sou a princesa do meu castelo e ruínas.
O meu castelo assombrado.

(...)

A minha casa fica sobre as rochas, do outro lado do muro há rochedos e mar. O meu pai disse-me que o mar vive debaixo da casa, nas cavernas onde a luz nunca entrou, disse-me que há noites em que se consegue ouvir, mas só muito tarde, quando o silêncio é total, aquele rumor que parece vir de dentro do nosso corpo e é o som da água nas cavernas (e eu acho que foi delas que eu vim, não do corpo de uma mulher, eu não posso ter nascido do corpo de uma mulher).


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Houve um tempo em que só conseguia adormecer agarrada a um corpo. Mas agora acho que só me chega uma pedra.

(...)

Trabalhava o dia inteiro e de vez em quando, à noite, voltava a fazer pão, aquele pão escuro, amargo, de que tanto gostava; comprava queijo, uma garrafa de vinho e comia sozinha, com os gatos, ou ligava para alguém, havia noites em que me apetecia fazer amor.
Eram dias e noites completos, plenos, sentia-me cheia como uma deusa ou uma gata que vai parir, sentia-me quase feliz.

(...)

Também ainda gosto de fazer pão, que como sozinha, com queijo cheddar, uma garrafa de vinho... Como e bebo devagar, é quase um ritual, sagrado, íntimo...
Conto filmes a mim mesma, pedaços de filmes antigos, Ingrid Bergman a entrar na sala descalça com flores no cabelo, Jennifer Jones no farol no meio da tempestade, a sombra de Orson Welles numa parede, Olivia de Havilland junto a umas escadas, James Stewart olhando para Kim Novak, iluminada pela luz verde do néon, os dois meninos descendo o rio...


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Um dia arrastou-me para dentro de uma igreja, sentámo-nos num banco e senti algo de estranho ao olhar o seu rosto, tive vontade de fugir, aquilo era demasiado íntimo... Posso ter um homem dentro de mim, mas não quero ver um homem rezar, como não quero ver um homem morrer. Há momentos em que devemos estar sozinhos, suponho que estamos mesmo sozinhos, ninguém nos pode tocar. Nem com o corpo, nem com as palavras.

(...)

Pensei que estava cansada de ternura, apetecia-me voltar a um tempo ainda muito próximo em que o sexo era o meu alimento nocturno como o trabalho era o meu alimento diurno, trabalhar de dia, foder à noite, nunca quisera mais nada além do som dos pássaros ao amanhecer, do café da manhã, do pãozinho de leite, dos meus jeans apertados e velhos, da t-shirt branca, o cabelo despenteado.

(...)

E ele ajoelhava-se junto de mim, encostava o rosto ao meu ventre, «O teu corpo é tão misterioso, nunca tinha percebido como é misterioso o corpo de uma mulher, às vezes acho que nem devia tocar-te, os teus olhos, a tua boca, as tuas pernas, és uma figura de um ícone, uma personagem de Tchekov, não caminhas na terra, foste feita para voar ou andar sobre as águas».

Eu lembrava-me dessas palavras quando me deitava com outros homens e doía, mas não tanto como estar sozinha ou com ele; agarrava-me ao corpo que se encontrava ao meu lado na cama para poder dormir, para que o medo passasse, para que a dor passasse.

(...)

Os gatos deixam que lhes façam festas mas depois saltam para cima de um muro e lambem as patas ao sol.
E eu também começava a sentir vontade de fugir, de soltar-me, de escapar daquela ternura toda, de voltar para cima do muro ou para a varanda onde já passei noites inteiras, deitada num cobertor, deixando-me possuir pela Lua.

(...)

Os répteis continuam a parecer-se comigo, e as flores, sobretudo as flores, e os fetos... os seres ainda mal formados, incompletos, já não pedra nem planta, com algo de animal, mas ainda não bebés, ou talvez bebés no nevoeiro, na água, num útero de bicho.
Sinto-me como uma mãe enorme, sempre prenha.


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
- Pensava que acreditava no tempo.
- Não acredito em nada.

Nesses momentos parecia uma menina frágil, encolhida na cadeira, as pálpebras pesadas, um infinito cansaço.
E ele sentia um princípio de ternura, não passava de uma criança confusa e teimosa, Deus, tão teimosa.
Mas como se transfigurava nos momentos em que falava do seu trabalho... Toda ela era paixão, os olhos brilhavam, o corpo projectava-se para a frente, já não era uma criança mas uma mulher velha como o tempo que falava com naturalidade de monstros que viviam no caos, de dar forma a monstros que estavam no caos, de arrancar se si mesma pássaros e serpentes, pousava as mãos no ventre como se tudo isso estivesse no seu útero a pedir para nascer, e ela fosse só uma porta de passagem (palavras suas).


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
(...)

e pensava porquê, porquê esta fúria, afinal eu sabia que ela continuava a existir, a viver, ou será que esperava que não saísse mais de casa, ela disse uma vez que pensava em não sair mais de casa, como uma personagem de um conto de Faulkner, ficar sozinha com os seus fantasmas até que fossem buscá-la, já morta.
Era um conto de Faulkner, sim, não sabia como se chamava mas havia rosas, tudo o que se relacionava com ela tinha rosas, ela gostava tanto de rosas. Rosas vermelhas.

(...)

- Não imaginas o que pode acontecer a quem se apaixona por uma feiticeira.
- Uma feiticeira...
- Um demónio.
- Não tenho medo.
- Devias ter.

(...)

- Todos somos loucos, todos temos medo, estamos todos à beira do abismo, estamos todos perdidos...

- Há uma loucura que é doença humana, outra que é um dom dos deuses.
- São frases vazias...
- Não, não são. E tu nunca serás capaz de distinguir uma da outra.

- Não vou discutir o meu trabalho contigo. Tu que vives entre monstros e serpentes...
- E flores.
- É porque vivo entre monstros, serpentes e flores que sei alguma coisa do assunto.

(...)

Foi nessa noite que ele me disse «Tu és uma mistura de mulher, de bicho, de nevoeiro...», e havia tanta paixão naquela frase que senti medo, talvez também porque aquilo estava muito próximo da verdade.


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
É possível que sejam todos feitos do mesmo material, às vezes penso isso, se forçarmos um pouco as coisas as pessoas começam a parecer-se, as situações começam a repetir-se, as palavras...
É como se lhes faltasse o núcleo central, duro, inviolável, misterioso, no qual ninguém pode entrar. E talvez seja essa a diferença entre os que podem amar e os que simplesmente não têm esse... não sei qual é a palavra, dom, maldição...
Não sei.

(...)

Com todos os seus anos, com toda a sua experiência, não aprendera que há pessoas com quem não se casa, nunca, pessoas que nem se deve deixar entrar no quarto, que devem ficar do outro lado das paredes, no jardim, com os animais e as plantas. E as pedras.
Ele sabia tão pouco. Um menino com uma faca verdadeira na mão. Que nem sabia que as facas servem para matar e ser morto.

(...)

[O que importava era] Fazê-lo tomar consciência de que, como todos nós, era só uma criança num quarto escuro, uma criança com medo do escuro, do que se esconde no escuro. 

(...)

Mas eram ideias absurdas, nada poderia ser como dantes, o que está quebrado permanece quebrado, o que podemos é parti-lo em pedaços ainda mais pequeninos...


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Na verdade já quase não saio de casa, talvez um dia deixe mesmo de sair, lembro-me de um conto de Faulkner, Uma rosa para Emily...
Sozinha na minha casa, com os meus bichos e os meus fantasmas.
Lembro-me de ter ligo algures que aquele que permanece no mesmo ponto do espaço e vê as transformações da natureza, o amanhecer, o passar do dia, a noite (e todos os dias e noites são diferentes no jardim), e os meses, e as estações... sabe tanto do mundo como aquele que viaja muito.
Acho que é isso que quero, que sempre quis, permanecer neste lugar, o centro do universo, o centro de mim, e desvelar o que ainda está escondido.

(...)

E será mesmo melhor que não saia de casa, que ninguém se inteire disso. É demasiado perigoso.
Mas não acontecerá por enquanto.
Por enquanto limito-me a encher a casa de flores secas, eu que sempre as amei com vida, carnudas, sensuais...
Rosas vermelhas secas... dentro de cestos de vime.
Acho que mesmo as rosas que moldo entre as mãos estão mortas, embora pareçam carnudas, com seres misteriosos nas entranhas...
Flores mortas, fetos mortos.

(...)

«Adoro ver-te de cabelo solto e descalça, pronta para o amor».
Recordo tão bem alguns momentos, algumas frases. É como se tivessem cristalizado, como a minha imagem no espelho, como o meu corpo... Eu que era animal e planta agora começo a ser pedra, a minha metamorfose... animal que seguia os meus instintos nocturnos (gato ou lobo), planta que se enredava como uma teia (como a Lua), agora pedra, ágata, granito...


Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas

and smoke my cig and drink my wine


until my hurting is done 
I should have never let you in
I should've never let you win huh

and don’t worry I've got nothing they can take


all I wanted was the truth

A MINHA CASA É UMA PARTE DO UNIVERSO

Os que a viram dizem que a terra
é uma esfera no espaço, um planeta
bastante pequeno
do tamanho do polegar dos astronautas.
Não duvido porque vi as fotografias
e porque agora estou a quase meio planeta de casa.
O melhor de tudo isto é que nesse polegar
também a minha casa é uma parte do universo.
Como não sê-lo se no pátio do fundo
há um filodendro com folhas gigantes e também minhocas debaixo da terra
óptimas para a pesca, e agora que penso nisso
o cheiro das samambaias junto à parede
a cara de Delfina ou Federico entre as árvores
e aquele canário que se nos escapou à noite.


Alfredo Veiravé

se eu fosse um vídeo

CONVITE

Tenta-me com uma visão de colinas
relva que é verde
pavões tão vulgares como pardais.
Podemos ler no pátio, diz ela,
ouvindo o picapau às voltas com a sua árvore,
admirar as rosas, colher fruta, contar estrelas.
Traga a tia, os cães, o periquito, diz,
escreva um ou dois poemas felizes.
De vez em quando, continua,
iremos até à aldeia
para sabermos como é que o mundo
não vai.


Eunice de Souza, trad. Francisco José Craveiro de Carvalho

#arritmias

deprê démodé

Os vestidos de verão ficaram
pendurados no roupeiro, decotes
abertos aos vincos da imobilidade.
Um turquesa longo, um vermelho
vivo fora de moda, no obscuro
interior, na intimidade das
costuras, o recorte ousado
das axilas, a pele
de um corpo ausente.


Inês Lourenço

poemário daqui

A. M. Pires Cabral Abel Neves Adília Lopes Adolfo Casais Monteiro Agustina Bessa-Luís Al Berto Albano Martins Alberto Pimenta Alexandra Malheiro Alexandre Nave Alexandre O'Neill Alice Turvo Alice Vieira Almada Negreiros Américo António Lindeza Diogo Ana Bessa Carvalho Ana C. Ana Caeiro Ana Cristina César Ana Duarte Ana Hatherly Ana Luísa Amaral Ana Marques Gastão Ana Martins Marques Ana Paula Inácio Ana Salomé Ana Tecedeiro Ana Teresa Pereira Ana Tinoco André Tomé Andreia C. Faria Angélica Freitas Ângelo de Lima Aníbal Fernandes António Amaral Tavares António Botto António Dacosta António Franco Alexandre António Gancho António Gedeão António Gregório António José Forte António Manuel Pires Cabral António Maria Lisboa António Mega Ferreira António Osório António Pedro António Quadros Ferro António Ramos Pereira António Ramos Rosa António Rebordão Navarro António Reis António S. Ribeiro Armando Baptista-Bastos Armando Silva Carvalho Artur do Cruzeiro Seixas Bénédicte Houart Bruno Béu Bruno Sousa Villar Camilo Castelo Branco Camilo Pessanha Carlos Alberto Machado Carlos Bessa Carlos de Oliveira Carlos Eurico da Costa Carlos Mota de Oliveira Carlos Poças Falcão Carlos Soares Casimiro de Brito Catarina Nunes de Almeida Cesário Verde Cláudia R. Sampaio Cruzeiro Seixas Daniel Faria Daniel Filipe David Mourão-Ferreira David Teles Pereira Delfim Lopes Dulce Maria Cardoso Eastwood da Silva Eduarda Chiote Egito Gonçalves Ernesto Sampaio Eugénio de Andrade Eugénio Lisboa Fernando Assis Pacheco Fernando Esteves Pinto Fernando Lemos Fernando Pessoa Fernando Pinto do Amaral Fiama Hasse Pais Brandão Filipa Leal Filipe Homem Fonseca Florbela Espanca Frederico Pedreira gil t. sousa Golgona Anghel Gonçalo M. Tavares Helder Moura Pereira Helena Carvalho Helga Moreira Hélia Correia Henrique Manuel Bento Fialho Henrique Risques Pereira Herberto Hélder Inês Dias Inês Fonseca Santos Inês Lourenço Isabel Meyrelles Joana Morais Varela Joana Serrado João Almeida João Bénard da Costa João Cabral de Melo Neto João Camilo João Damasceno João Ferreira Oliveira João Habitualmente João Luís Barreto Guimarães João Maia João Manuel Ribeiro João Miguel Henriques João Pacheco João Pereira Coutinho João Rodrigues João Vasco Coelho Joaquim Manuel Magalhães Joaquim Pessoa Jorge Carrera Andrade Jorge de Sena Jorge Gomes Miranda Jorge Melícias Jorge Roque Jorge Sousa Braga José Agostinho Baptista José Alberto Oliveira José Amaro Dionísio José António Franco José Cardoso Pires José Carlos Barros José Carlos Soares José Efe José Gomes Ferreira José Manuel de Vasconcelos José Mário Silva José Miguel Silva José Pascoal José Ricardo Nunes José Rui Teixeira José Saramago José Sebag José Tolentino Mendonça Judith Teixeira Leitão de Barros Leonor Castro Nunes Luís Miguel Nava Luís Quintais Luiza Neto Jorge Madalena de Castro Campos Mafalda Gomes Manuel A. Domingos Manuel António Pina Manuel Cintra Manuel da Silva Ramos Manuel de Castro Manuel de Freitas Manuel Fúria Manuel Gusmão Marcelino Vespeira Margarida Vale de Gato Maria Ângela Alvim Maria Azenha Maria do Rosário Pedreira Maria Gabriela Llansol Maria João Lopes Fernandes Maria Judite de Carvalho Maria Keil Maria Mergulhão Maria Sousa Maria Teresa Horta Maria Velho da Costa Mário Cesariny Mário Contumélias Mário de Sá-Carneiro Mário Dionísio Mário Quintana Mário Rui de Oliveira Mário-Henrique Leiria Marta Chaves Matilde Campilho Mendes de Carvalho Miguel Cardoso Miguel Martins Miguel Sousa Tavares Miguel Torga Miguel-Manso Nuno Araújo Nuno Bragança Nuno Júdice Nuno Moura Nuno Ramos Nuno Travanca Patrícia Baltazar Paulo José Miranda Pedro Jordão Pedro Loureiro Pedro Mexia Pedro Oom Pedro Santo Tirso Pedro Sena-Lino Pedro Tamen Pedro Tiago Piedade Araujo Sol Raquel Nobre Guerra Raquel Serejo Martins Raul de Carvalho Raul Malaquias Marques Regina Guimarães Reinaldo Ferreira Renata Correia Botelho Ricardo Adolfo Rosa Alice Branco Rosa Maria Martelo Rui Almeida Rui Baião Rui Caeiro Rui Cóias Rui Costa Rui Knopfli Rui Lage Rui Manuel Amaral Rui Nunes Rui Pedro Gonçalves Rui Pires Cabral Rute Mota Ruy Belo Ruy Cinatti Ruy Ventura Samuel Úria Sandra Andrade Sandra Costa Sebastião Alba Sílvio Mendes Soares de Passos Sofia Crespo Sofia Leal Sophia de Mello Breyner Andresen Tatiana Faia Teixeira de Pascoaes Teresa Balté Teresa M. G. Jardim Tiago Araújo Tiago Gomes valter hugo mãe Vasco Gato Vasco Graça Moura Vítor Nogueira Yvette K. Centeno

poemário dali

A. E. Housman Abbas Kiarostami Abel Feu Adelaide Ivánova Adélia Prado Adrienne Rich Agota Kristof Al Purdy Alberto Tugues Alda Merini Aldous Huxley Alejandra Pizarnik Alejandro Jodorowsky Alexander Demidov Alfredo Veiravé Alice Walker Allen Ginsberg Amalia Bautista Amiri Baraka Amy Lowell Amy M. Homes Ana Merino André Breton Andrés Trapiello Angela Carter Anis Mojgani Anna Akhmatova Anna Kamienska Anne Carson Anne Perrier Anne Sexton Antonia Pozzi Antonin Artaud Antonio Gamoneda Antonio Orihuela Antonio Pérez Morte Antonio Sáez Delgado Arnold Lobel Arseny Tarkovsky Arthur Rimbaud Basilio Sánchez Benjamín Prado Bernard-Marie Koltès Billy Collins Boris Vian Brett Elizabeth Jenkins Brian Andreas Brian Patten Carl Phillips Carl Sandburg Carlos Drummond de Andrade Carlos Edmundo de Ory Carlos Marzal Carmen Gloria Berríos Carol Ann Duffy Cecília Meireles Cesare Pavese Charles Baudelaire Charles Bukowski Charles Dana Gibson Charles M. Schulz Chen Bolan Christoph Wilhelm Aigner Clarice Lispector Constantino Cavafy Corey Zeller Countee Cullen Cristopher Painter Cristovam Pavia Czesław Miłosz Damien Sevhac Daniel Clowes Daniel Francoy Daniel Pennac Daphne Gottlieb David Bowie David Lagmanovich David Lehman Delia Brown Delmore Schwarts Derek Walcott Derrick Brown Diamanda Galás Diane Ackerman Djuna Barnes Don Herold Dorianne Laux Dorothea Lasky Dorothy Parker Douglas Huebler Dylan Thomas E. E. Cummings E. Ethelbert Miller E. M. Cioran Edgar Allan Poe Edna O'Brien Eduarda Chiote Eduardo Bechara Eeva-Liisa Manner Egito Gonçalves Eleanor Farjeon Elías Moro Elie Wiesel Elis Regina Elizabeth Bishop Elizabeth Ross Taylor Else Lasker-Schuler Elsie Wood Emily Dickinson Emily Kagan Trenchard Erin Dorsey Eunice de Souza Fabiano Calixto Federico Díaz-Granados Federico García Lorca Félix Grande Fernando Arrabal Fernando Caio de Abreu Fernando Echevarría Fernando Gandra Ferreira Gular Forough Farrokhzad Francisco Madariaga Frank O'Hara Frederico Pedreira G. K. Chesterton Gabriel Celaya Geir Gulliksen Georges Bataille Gerrit Komrij Giánnis Ritsos Giovanny Gómez Glória Gervitz Gottfried Benn Guillaume Apollinaire Günter Kunert Gustavo Adolfo Bécquer Gustavo Ortiz H. P. Lovecraft Hal Sirowitz Hans-Ulrich Treichel Harold Pinter Harvey Shapiro Heiner Müller Heinrich Heine Helen Mort Henri Béhar Henri Michaux Henry Rollins Hermann Hesse Hilda Hilst Hilde Domin Hoa Nguyen Hugh Mackay Hugo von Hofmannsthal Hugo Williams Ingeborg Bachmann Ingmar Heytze Isabel Meyrelles Isabelle McNeill J. M. Fonollosa J. R. R. Tolkien Jack Gilbert Jack Kerouac Jack Winter Jacques Lacan Jacques Prévert James L. White James Rogers James Tate Jane Hirshfield Janet Frame Jean Baudrillard Jean Day Jeanette Winterson Jenny Joseph Jenny Schecter Jesús Llorente Jim Carroll Joan Julier Buck Joan Margarit Jodi Picoult Johann Wolfgang Goethe Johannes Bobrowski John Ashbery John Giorno John Keats John Mateer John Updike Jonathan Littell Jonathan Safran Foer Jonathan Swift Jorge Amado Jorge Luis Borges José Eduardo Agualusa José Gardeazabal José Mateos Joseph Brodsky Joseph Cervavolo József Attila Juan José Millás Juan Ramón Jiménez Judith Herzberg Junko Takahashi Justine Hermitage Katerina Angheláki-Rooke Kathy Acker Kendra Grant Kenneth Patchen Kenneth Traynor Kosntandinos Kavafis Kristina H. Langston Hughes Larissa Szporluk Lauren Mendinueta Laurie Anderson Lawrence Ferlinghetti Lêdo Ivo Leila Miccolis Leonard Cohen Leonardo Chioda Leonardo Da Vinci Leopoldo María Panero Lewis Carroll liam ryan Lígia Reyes Lord Byron Lou Andreas-Salomé Lou Reed Louis Aragon Louis Buisseret Lourdes Espínola Lucía Estrada Luis Alberto de Cuenca Luís Filipe Parrado Luis García Montero Malcolm Lowry Manoel de Barros Manuel Arana Marco Mackaaij Margaret Atwood María Sánchez Marianne Boruch Mariano Peyrou Marin Sorescu Marina Colasanti Martha Carolina Dávila Martin Amis Mary Elizabeth Frye Mary Jo Salter Mary Oliver Mary Ruefle Max Porter Medlar Lucan & Durian Gray Melissa Witcombe Mia Couto Michael Drayton Michel Carpassou Michel Houellebecq Miguel de Cervantes Miriam Reyes Mitch Albom Morgan Parker Muhammad al-Maghut Muriel Rukeyser Natsume Soseki Neil Gaiman Nicanor Parra Nichita Stanescu Nicole Blackman Nina Rizzi Octavio Paz Olga Orozco Omar Khayyam Osho Otávio Campos Pablo Fidalgo Lareo Pablo García Casado Pablo Neruda Pat Boran Patricia Beer Patti Smith Paul Éluard Paul Géraldy Paul Theroux Paulo Leminski Pentti Saaritsa Per Aage Brandt Pere Gimferrer Philip Larkin Philip Roth Philippe Wollney Pia Tafdrup Pier Paolo Pasolini Pierre Reverdy Piotr Sommer Rafael Alberti Rainer Maria Rilke Ramón Gómez de la Serna Raúl Gustavo Aguirre Raymond Carver Raymond Queneau Reinaldo Ferreira Reiner Kunze Richard Brautigan Richard Burton Roald Dahl Robert Creeley Robert Frost Roberto Bolaño Roberto Fernández Retamar Roberto Juarroz Robin Robertson Rod McKuen Roger Wolfe Ron Padgett Rosa Aliaga Ibañez Rosemarie Urquico Rubens Borba de Moraes Rudyard Kipling Russell Edson Ruth Stone Ryan Montanti Saiónji Sanekane Salman Rushdie Salvador Novo Sam Shepard Samuel Beckett Sandro Penna Santiago Nazarian Sei Shonagon Serge Gainsbourg Sharon Olds Shel Silverstein Silvia Chueire Silvia Ugidos Simone de Beauvoir Somerset Maugham Stephen Crane Stephen Wright Steve Mccaffery Stevie Smith Stuart Dischell Sue Goyette Susana Cabuchi Sylvia Plath T. S. Eliot Tai Fu Ku Tanya Davis Tati Bernard Tatianna Rei Moonshadow Tennessee Williams Thom Gunn Tiago Fabris Rendelli Tilly Strauss Tom Baker Tom Waits Toni Montesinos Gilbert Ulla Hahn Valentine de Saint-Point Vicente Aleixandre Victor Heringer Victor Prado Vincenzo Cardarelli Vinicius de Moraes Vladimir Maiakovski Vladimir Nabokov W. H. Auden Walt Whitman Warsan Shire William Blake William Butler Yeats William Carlos Williams William Shakespeare Winnie Meisler Winona Baker Wislawa Szymborska Yehuda Amichai Yohji Yamamoto Yoko Ono Yorgos Seferis Zee Avi

livraria

. A Sul de Nenhum Norte . . Granta . Adolfo Bioy Casares . Al Berto . Alexandre O'Neill . Algernon Blackwood . Ali Smith . Alice Munro . Alice Turvo . Almanaque do Dr. Thackery . Anaïs Nin . Anita Brookner . Ann Beattie . Annemarie Schwarzenbach . Anton Tchekhov . António Ferra . António Lobo Antunes . Arthur Miller . Boris Vian . Bret Easton Ellis . Carlos de Oliveira . Carson McCullers . Charles Bukowski . Chuck Palahniuk . Clarice Lispector . Conde de Lautréamont . Cormac McCarthy . Cristiane Lisbôa . Donald Barthelme . Doris Lessing . Dulce Maria Cardoso . Edith Wharton . Eileen Chang . Elena Ferrante . Enrique Vila-Matas . Erasmo de Roterdão . Ernest Hemingway . Ernesto Sampaio . F. Scott Fitzgerald . Fernando Pessoa . Flannery O'Connor . Florbela Espanca . Françoise Sagan . Franz Kafka . Frida Kahlo . Gabriel García Márquez . Gonçalo M. Tavares . Graça Pina de Morais . Gustave Flaubert . Guy de Maupassant . Harold Pinter . Haruki Murakami . Henri Michaux . Herberto Hélder . Hunter S. Thompson . Irene Lisboa . Irène Némirovsky . Italo Calvino . J. D. Salinger . Jack Kerouac . James Joyce . Jean Cocteau . Jean Genet . Jean Meckert . Jean-Paul Sartre . Jeffrey Eugenides . Jim Cartwright . Joan Didion . John Cheever . José Jorge Letria . José Saramago . Josep Pla . Julian Barnes . Julio Cortázar . Karen Blixen . Kate Chopin . Katherine Mansfield . Kurt Vonnegut . Lázaro Covadlo . Lillian Hellman . Luís de Sttau Monteiro . Luís Miguel Nava . Luiz Pacheco . Lydia Davis . Lygia Fagundes Telles . Malcolm Lowry . Manuel Hermínio Monteiro . Manuel Jorge Marmelo . Marcel Proust . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Marguerite Yourcenar . Marina Tsvetáeva . Mário C. Brum . Mário-Henrique Leiria . Mark Lindquist . Marquis de Sade . Max Aub . Miguel Castro Henriques . Miguel Esteves Cardoso . Miguel Martins . Milan Kundera . Natalia Ginzburg . Neil Gaiman . Nick Cave . Norman Rush . Orhan Pamuk . Oscar Wilde . Paul Auster . Paulo Rodrigues Ferreira . Pedro Mexia . Penelope Fitzgerald . Pierre Louÿs . Rainer Maria Rilke . Rainer Werner Fassbinder . Raul Brandão . Ray Bradbury . Rebecca West . Regina Guimarães . Richard Yates . Roland Barthes . Roland Topor . Rolf Dieter Brinkmann . Rui Nunes . S. E. Hinton . Sam Shepard . Samuel Beckett . Sarah Kane . Sebastian Barry . Shirley Jackson . Stig Dagerman . Susan Sontag . Susana Moreira Marques . Sylvia Plath . Tennessee Williams . Teresa Veiga . Tom Baker . Truman Capote . valter hugo mãe . Vasco Gato . Vera Lagoa . Vergílio Ferreira . Virginia Woolf . Vladimir Nabokov . William Faulkner . Woody Allen . Yasunari Kawabata . Yukio Mishima .
page visitor counter

mariaravascosoares@gmail.com
ocinemadaoqueavidatira.tumblr.com