L'Eclisse, Michelangelo Antonioni, 1962
GROTESCO
Porque é que os lírios me deitam a língua de fora
Quando os corto;
E se torcem e contorcem
E se estrangulam entre os meus dedos,
Ao ponto de mal conseguir tecer esta grinalda
Para o teu cabelo?
Porque é que gritam o teu nome
E me cospem
Quando os tento juntar?
Terei de os matar
Para que fiquem quietos,
E enviar-te uma coroa de cadáveres suspensos
Que murchem e apodreçam
Na tua testa
Enquanto danças?
Amy Lowell, trad. Inês Dias, Faca Romba
Quando os corto;
E se torcem e contorcem
E se estrangulam entre os meus dedos,
Ao ponto de mal conseguir tecer esta grinalda
Para o teu cabelo?
Porque é que gritam o teu nome
E me cospem
Quando os tento juntar?
Terei de os matar
Para que fiquem quietos,
E enviar-te uma coroa de cadáveres suspensos
Que murchem e apodreçam
Na tua testa
Enquanto danças?
Amy Lowell, trad. Inês Dias, Faca Romba
DECLARAÇÃO
Eu de barba branca a tiracolo
rodeado de fumo por todos os lados vadios
menos pelo lado do mar
com um incêndio à ilharga
e dois artelhos clandestinos
eu salvo miraculosamente para te amar e curar
e esperar o teu regresso glacial e escarlate
que escrevo poemas desde que um rato
me entrou prós pulmões e só por causa disso
eu que disse: há um cancro no mapa universal
e engenheiros, geógrafos, doutores se apressaram a negá-lo
eu da cintura pra cima de alcatrão e terror
e do umbigo pra baixo de quiosque chinês
eu não espero piedade obrigado
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
rodeado de fumo por todos os lados vadios
menos pelo lado do mar
com um incêndio à ilharga
e dois artelhos clandestinos
eu salvo miraculosamente para te amar e curar
e esperar o teu regresso glacial e escarlate
que escrevo poemas desde que um rato
me entrou prós pulmões e só por causa disso
eu que disse: há um cancro no mapa universal
e engenheiros, geógrafos, doutores se apressaram a negá-lo
eu da cintura pra cima de alcatrão e terror
e do umbigo pra baixo de quiosque chinês
eu não espero piedade obrigado
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
um homem (uma mulher)
De repente
como uma flor violenta
um homem com uma bomba à altura do peito
e que chora convulsivamente
um homem belo minúsculo
como uma estrela cadente
e que sangra
como uma estátua jacente
esmagada sob as asas do crepúsculo
um homem com uma bomba
como uma rosa na boca
negra surpreendente
e à espera da festa louca
onde o coração lhe rebente
um homem de face aguda
e uma bomba
cega
surda
muda
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
como uma flor violenta
um homem com uma bomba à altura do peito
e que chora convulsivamente
um homem belo minúsculo
como uma estrela cadente
e que sangra
como uma estátua jacente
esmagada sob as asas do crepúsculo
um homem com uma bomba
como uma rosa na boca
negra surpreendente
e à espera da festa louca
onde o coração lhe rebente
um homem de face aguda
e uma bomba
cega
surda
muda
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
O POETA EM LISBOA
Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.
Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.
Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.
Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.
Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.
Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.
Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.
Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.
Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos,
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.
Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.
Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.
Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.
Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.
Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.
Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.
Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.
Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos,
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
O MAIS BELO ESPECTÁCULO DE HORROR SOMOS NÓS
Este rosto com que amamos, com que morremos, não é nosso; nem estas cicatrizes frescas todas as manhãs, nem estas palavras que envelhecem no curto espaço de um dia. A noite recebe as nossas mãos como se fossem intrusas, como se o seu reino não fosse pertença delas, invenção delas. Só a custo, perigosamente, os nossos sonhos largam a pele e aparecem à luz diurna e implacável. A nossa miséria vive entre as quatro paredes, cada vez mais apertadas, do nosso desespero. E essa miséria, ela sim verdadeiramente nossa, não encontra maneira de estoirar as paredes. Emparedados, sem possibilidade de comunicação, limitados no nosso ódio e no nosso amor, assim vivemos. Procuramos a saída - a real, a única - e damos com a cabeça nas paredes. Há então os que ganham a ira, os que perdem o amor.
Já não há tempo para confusões - a Revolução é um momento, o revolucionário todos os momentos. Não se pode confundir o amor a uma causa, a uma pátria, com o Amor. Não se pode confundir a adesão a tipos étnicos com o amor ao homem e à liberdade. NÃO SE PODE CONFUNDIR! Quem ama a terra natal fica na terra natal; quem gosta do folclore não vem para a cidade. Ser pobre não é condição para se ganhar o céu ou o inferno. Não estar morto não quer forçosamente dizer que se esteja vivo, como não escrever não equivale sempre a ser analfabeto. Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores.
(...)
MAS NÃO IMPORTA, PORQUE EU SEI QUE NÃO ESTOU SOZINHO no meu desespero e na minha revolta. Sei pela luz que passa de homem para homem quando alguém faz o gesto de matar, pela que se extingue em cada homem à vista dos massacres, sei pelas palavras que uivam, pelas que sangram, pelas que arrancam os lábios, sei pelos jogos selvagens da infância, por um estandarte negro sobre o coração, pela luz crepuscular como uma navalha nos olhos, pelas cidades que chegam durante as tempestades, pelos que se aproximam de peito descoberto ao cair da noite - um a um mordem os pulsos e cantam - sei pelos animais feridos, pelos que cantam nas torturas.
Por isso, para que não me confundam nem agora nem nunca, declaro a minha revolta, o meu desespero, a minha liberdade, declaro tudo isto de faca nos dentes e de chicote em punho e que ninguém se aproxime para aquém dos mil passos
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
Já não há tempo para confusões - a Revolução é um momento, o revolucionário todos os momentos. Não se pode confundir o amor a uma causa, a uma pátria, com o Amor. Não se pode confundir a adesão a tipos étnicos com o amor ao homem e à liberdade. NÃO SE PODE CONFUNDIR! Quem ama a terra natal fica na terra natal; quem gosta do folclore não vem para a cidade. Ser pobre não é condição para se ganhar o céu ou o inferno. Não estar morto não quer forçosamente dizer que se esteja vivo, como não escrever não equivale sempre a ser analfabeto. Há mortos nas sepulturas muito mais presentes na vida do que se julga e gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores.
(...)
MAS NÃO IMPORTA, PORQUE EU SEI QUE NÃO ESTOU SOZINHO no meu desespero e na minha revolta. Sei pela luz que passa de homem para homem quando alguém faz o gesto de matar, pela que se extingue em cada homem à vista dos massacres, sei pelas palavras que uivam, pelas que sangram, pelas que arrancam os lábios, sei pelos jogos selvagens da infância, por um estandarte negro sobre o coração, pela luz crepuscular como uma navalha nos olhos, pelas cidades que chegam durante as tempestades, pelos que se aproximam de peito descoberto ao cair da noite - um a um mordem os pulsos e cantam - sei pelos animais feridos, pelos que cantam nas torturas.
Por isso, para que não me confundam nem agora nem nunca, declaro a minha revolta, o meu desespero, a minha liberdade, declaro tudo isto de faca nos dentes e de chicote em punho e que ninguém se aproxime para aquém dos mil passos
EXCEPTO TU MEU AMOR EXCEPTO TU
MEU AMOR
minha aranha mágica agarrada ao meu peito
cravando as patas aceradas no meu sexo
e a boca na minha boca
conto pelos teus cabelos os anos em que fui criança
marco-os com alfinetes de ouro numa almofada branca
um ano dois anos um século
agora um alfinete na garganta deste pássaro
tão próximo e tão vivo
outro alfinete o último o maior
no meu próprio plexo
MEU AMOR
conto pelos teus cabelos os dias e as noites....
e a distância que vai da terra à minha infância
e nenhum avião ainda percorreu
conto as cidades e os povos os vivos e os mortos
e ainda ficam cabelos por contar
anos e anos ficarão por contar
DEFENDE-ME ATÉ QUE EU CONTE
O TEU ÚLTIMO CABELO
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
POEMA
São eles - os amantes no seu leito de morte chegando a espaços de clareiras infernais, quarenta noites de insónia, de fogo, de dentes numa girândola implacável, todos os suicidas e as mães que tiveram antes, as mães que tiveram depois e aqui e ali, por toda a parte, automóveis abandonados às chamas, animálculos, perguntas, cortesãs, decapitações através dos cartazes, dois rapazes no cais enquanto a morte rouba flores à infância, grande festa do poeta na gare esperando o comboio para uma morte horrível, a trapezista dos meus tempos de ócio medieval e do trapézio dos adolescentes, minha mãe das minhas noites de menino e hélices lunares cobrindo de cristais e de pavor as tuas mãos, simples roda de cores e anel de namorada; fotografia dela guardada ainda na mesma carteira velha, ainda rugindo pela infância, ainda viva pelas coisas imperdoáveis, próxima e feroz como um punhal nas costas, desde Lisboa, desde uma flor na minha boca e uma hora ao pé de ti, vertiginosa e alta nos teus olhos, nos teus ombros velozes ao crepúsculo, numa salva de prata à esquerda pelas nuvens, pelos naufrágios de vento à mão direita, entre cães de latidos luminosos e a muralha da china - esta noite em que a terra é um ponto em Lisboa e não tem importância que não haja outro lugar para estar morto, mas para viver é muito importante que seja um continente que nos espere.
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
António José Forte, Uma Faca nos Dentes
things in live*
Poemas quotidianos
como o sol
como a noite
como a vontade de comer
e o sono
como as preocupações
e o amor
e porque saio à rua
e trabalho
diariamente
António Reis
* Barry Brown
como o sol
como a noite
como a vontade de comer
e o sono
como as preocupações
e o amor
e porque saio à rua
e trabalho
diariamente
António Reis
* Barry Brown
(n)a caverna
Está-se bem na minha caverna.
E lá tudo é possível.
Não há rei mais poderoso
do que este ser solitário.
O único inconveniente,
é certa sensação
de que algo essencial
ocorre noutro lugar.
Raúl Gustavo Aguirre
E lá tudo é possível.
Não há rei mais poderoso
do que este ser solitário.
O único inconveniente,
é certa sensação
de que algo essencial
ocorre noutro lugar.
Raúl Gustavo Aguirre
SAUDADE
A saudade assume uma forma:
os verdes pinhos da serra distante
que tapa a minha vista
a flutuarem numa névoa de lágrimas
Saiónji Sanekane - Japão, séc. XIII
os verdes pinhos da serra distante
que tapa a minha vista
a flutuarem numa névoa de lágrimas
Saiónji Sanekane - Japão, séc. XIII
e muito cedo para pertencer, toda
O oceano branco circula no meu coração
enquanto canta outro oceano de prata dourada,
que se solta das águas do sol.
Já é demasiado tarde para ser só de uma província,
e muito cedo para pertencer,
todo,
ao planeta vindouro e sangrante
resplendor.
Oh, acode, acode minha hierarquia de peão do planeta,
gaúcho com tranças de sangue,
meu pai,
e aparelha-me o melhor cavalo ruão do universo:
para atravessar a água dourada da morte,
e ouvir-me,
todo,
sempre em ti.
O oceano branco soluça pela imortalidade.
Francisco Madariaga
enquanto canta outro oceano de prata dourada,
que se solta das águas do sol.
Já é demasiado tarde para ser só de uma província,
e muito cedo para pertencer,
todo,
ao planeta vindouro e sangrante
resplendor.
Oh, acode, acode minha hierarquia de peão do planeta,
gaúcho com tranças de sangue,
meu pai,
e aparelha-me o melhor cavalo ruão do universo:
para atravessar a água dourada da morte,
e ouvir-me,
todo,
sempre em ti.
O oceano branco soluça pela imortalidade.
Francisco Madariaga
NO FUNDO DOS TEUS DIAS APENAS O AMOR FICARÁ
No fundo dos teus dias apenas o amor ficará.
Quando romperem as pedras, quando estalarem os vidros,
quando apartarem as lentas e piedosas cortinas,
não se verão teus ossos que nada foram,
não lerão teu nome borrado pelos ventos,
não encontrarão teu rosto nas arenas,
mas o amor estará onde tu estiveste,
poderão trazê-lo do fundo dos seus dias,
levantá-lo, pô-lo de pé, levá-lo em andores
por um tempo melhor, de beleza sem fome,
por um tempo de magia, sem penas nem justiça,
como um dia há-de ser o tempo para todos.
Raúl Gustavo Aguirre
Quando romperem as pedras, quando estalarem os vidros,
quando apartarem as lentas e piedosas cortinas,
não se verão teus ossos que nada foram,
não lerão teu nome borrado pelos ventos,
não encontrarão teu rosto nas arenas,
mas o amor estará onde tu estiveste,
poderão trazê-lo do fundo dos seus dias,
levantá-lo, pô-lo de pé, levá-lo em andores
por um tempo melhor, de beleza sem fome,
por um tempo de magia, sem penas nem justiça,
como um dia há-de ser o tempo para todos.
Raúl Gustavo Aguirre
É a primeira vez que nasço como uma mulher. Há ainda em mim um rasto de bicho, um rasto de noveiro.
Sinto que os outros o intuem, obscuramente, quando me começam a conhecer; é estranho que não o vejam logo no início, mas eu mesma levei tantos anos a descobrir...
E então fogem. É que o primitivo mete medo.
(...)
E eu sou uma bruxa, uma feiticeira, talvez um demónio; é estranho que ainda não saiba qual é a minha natureza, eu que passei a vida toda a olhar-me, a desenhar-me, a sonhar-me, talvez.
(...)
Uma princesa esformeada de jeans desbotoados e botas velhas, que raramente vende um quadro ou uma cerâmica, que de vez em quando se despe em frente de uma vintena de estudantes que tentam desenhá-la, prendê-la, que vendeu as jóias da família, as libras de ouro, e tem apenas um colar velho, cravejado de pedras verdes, que nunca tira do pescoço, nem para dormir, nem para fazer amor.
As bruxas precisam de uma jóia, só uma.
Eu sou a princesa do meu castelo e ruínas.
O meu castelo assombrado.
(...)
A minha casa fica sobre as rochas, do outro lado do muro há rochedos e mar. O meu pai disse-me que o mar vive debaixo da casa, nas cavernas onde a luz nunca entrou, disse-me que há noites em que se consegue ouvir, mas só muito tarde, quando o silêncio é total, aquele rumor que parece vir de dentro do nosso corpo e é o som da água nas cavernas (e eu acho que foi delas que eu vim, não do corpo de uma mulher, eu não posso ter nascido do corpo de uma mulher).
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Sinto que os outros o intuem, obscuramente, quando me começam a conhecer; é estranho que não o vejam logo no início, mas eu mesma levei tantos anos a descobrir...
E então fogem. É que o primitivo mete medo.
(...)
E eu sou uma bruxa, uma feiticeira, talvez um demónio; é estranho que ainda não saiba qual é a minha natureza, eu que passei a vida toda a olhar-me, a desenhar-me, a sonhar-me, talvez.
(...)
Uma princesa esformeada de jeans desbotoados e botas velhas, que raramente vende um quadro ou uma cerâmica, que de vez em quando se despe em frente de uma vintena de estudantes que tentam desenhá-la, prendê-la, que vendeu as jóias da família, as libras de ouro, e tem apenas um colar velho, cravejado de pedras verdes, que nunca tira do pescoço, nem para dormir, nem para fazer amor.
As bruxas precisam de uma jóia, só uma.
Eu sou a princesa do meu castelo e ruínas.
O meu castelo assombrado.
(...)
A minha casa fica sobre as rochas, do outro lado do muro há rochedos e mar. O meu pai disse-me que o mar vive debaixo da casa, nas cavernas onde a luz nunca entrou, disse-me que há noites em que se consegue ouvir, mas só muito tarde, quando o silêncio é total, aquele rumor que parece vir de dentro do nosso corpo e é o som da água nas cavernas (e eu acho que foi delas que eu vim, não do corpo de uma mulher, eu não posso ter nascido do corpo de uma mulher).
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Houve um tempo em que só conseguia adormecer agarrada a um corpo. Mas agora acho que só me chega uma pedra.
(...)
Trabalhava o dia inteiro e de vez em quando, à noite, voltava a fazer pão, aquele pão escuro, amargo, de que tanto gostava; comprava queijo, uma garrafa de vinho e comia sozinha, com os gatos, ou ligava para alguém, havia noites em que me apetecia fazer amor.
Eram dias e noites completos, plenos, sentia-me cheia como uma deusa ou uma gata que vai parir, sentia-me quase feliz.
(...)
Também ainda gosto de fazer pão, que como sozinha, com queijo cheddar, uma garrafa de vinho... Como e bebo devagar, é quase um ritual, sagrado, íntimo...
Conto filmes a mim mesma, pedaços de filmes antigos, Ingrid Bergman a entrar na sala descalça com flores no cabelo, Jennifer Jones no farol no meio da tempestade, a sombra de Orson Welles numa parede, Olivia de Havilland junto a umas escadas, James Stewart olhando para Kim Novak, iluminada pela luz verde do néon, os dois meninos descendo o rio...
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
(...)
Trabalhava o dia inteiro e de vez em quando, à noite, voltava a fazer pão, aquele pão escuro, amargo, de que tanto gostava; comprava queijo, uma garrafa de vinho e comia sozinha, com os gatos, ou ligava para alguém, havia noites em que me apetecia fazer amor.
Eram dias e noites completos, plenos, sentia-me cheia como uma deusa ou uma gata que vai parir, sentia-me quase feliz.
(...)
Também ainda gosto de fazer pão, que como sozinha, com queijo cheddar, uma garrafa de vinho... Como e bebo devagar, é quase um ritual, sagrado, íntimo...
Conto filmes a mim mesma, pedaços de filmes antigos, Ingrid Bergman a entrar na sala descalça com flores no cabelo, Jennifer Jones no farol no meio da tempestade, a sombra de Orson Welles numa parede, Olivia de Havilland junto a umas escadas, James Stewart olhando para Kim Novak, iluminada pela luz verde do néon, os dois meninos descendo o rio...
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Um dia arrastou-me para dentro de uma igreja, sentámo-nos num banco e senti algo de estranho ao olhar o seu rosto, tive vontade de fugir, aquilo era demasiado íntimo... Posso ter um homem dentro de mim, mas não quero ver um homem rezar, como não quero ver um homem morrer. Há momentos em que devemos estar sozinhos, suponho que estamos mesmo sozinhos, ninguém nos pode tocar. Nem com o corpo, nem com as palavras.
(...)
Pensei que estava cansada de ternura, apetecia-me voltar a um tempo ainda muito próximo em que o sexo era o meu alimento nocturno como o trabalho era o meu alimento diurno, trabalhar de dia, foder à noite, nunca quisera mais nada além do som dos pássaros ao amanhecer, do café da manhã, do pãozinho de leite, dos meus jeans apertados e velhos, da t-shirt branca, o cabelo despenteado.
(...)
E ele ajoelhava-se junto de mim, encostava o rosto ao meu ventre, «O teu corpo é tão misterioso, nunca tinha percebido como é misterioso o corpo de uma mulher, às vezes acho que nem devia tocar-te, os teus olhos, a tua boca, as tuas pernas, és uma figura de um ícone, uma personagem de Tchekov, não caminhas na terra, foste feita para voar ou andar sobre as águas».
Eu lembrava-me dessas palavras quando me deitava com outros homens e doía, mas não tanto como estar sozinha ou com ele; agarrava-me ao corpo que se encontrava ao meu lado na cama para poder dormir, para que o medo passasse, para que a dor passasse.
(...)
Os gatos deixam que lhes façam festas mas depois saltam para cima de um muro e lambem as patas ao sol.
E eu também começava a sentir vontade de fugir, de soltar-me, de escapar daquela ternura toda, de voltar para cima do muro ou para a varanda onde já passei noites inteiras, deitada num cobertor, deixando-me possuir pela Lua.
(...)
Os répteis continuam a parecer-se comigo, e as flores, sobretudo as flores, e os fetos... os seres ainda mal formados, incompletos, já não pedra nem planta, com algo de animal, mas ainda não bebés, ou talvez bebés no nevoeiro, na água, num útero de bicho.
Sinto-me como uma mãe enorme, sempre prenha.
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
(...)
Pensei que estava cansada de ternura, apetecia-me voltar a um tempo ainda muito próximo em que o sexo era o meu alimento nocturno como o trabalho era o meu alimento diurno, trabalhar de dia, foder à noite, nunca quisera mais nada além do som dos pássaros ao amanhecer, do café da manhã, do pãozinho de leite, dos meus jeans apertados e velhos, da t-shirt branca, o cabelo despenteado.
(...)
E ele ajoelhava-se junto de mim, encostava o rosto ao meu ventre, «O teu corpo é tão misterioso, nunca tinha percebido como é misterioso o corpo de uma mulher, às vezes acho que nem devia tocar-te, os teus olhos, a tua boca, as tuas pernas, és uma figura de um ícone, uma personagem de Tchekov, não caminhas na terra, foste feita para voar ou andar sobre as águas».
Eu lembrava-me dessas palavras quando me deitava com outros homens e doía, mas não tanto como estar sozinha ou com ele; agarrava-me ao corpo que se encontrava ao meu lado na cama para poder dormir, para que o medo passasse, para que a dor passasse.
(...)
Os gatos deixam que lhes façam festas mas depois saltam para cima de um muro e lambem as patas ao sol.
E eu também começava a sentir vontade de fugir, de soltar-me, de escapar daquela ternura toda, de voltar para cima do muro ou para a varanda onde já passei noites inteiras, deitada num cobertor, deixando-me possuir pela Lua.
(...)
Os répteis continuam a parecer-se comigo, e as flores, sobretudo as flores, e os fetos... os seres ainda mal formados, incompletos, já não pedra nem planta, com algo de animal, mas ainda não bebés, ou talvez bebés no nevoeiro, na água, num útero de bicho.
Sinto-me como uma mãe enorme, sempre prenha.
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
- Pensava que acreditava no tempo.
- Não acredito em nada.
Nesses momentos parecia uma menina frágil, encolhida na cadeira, as pálpebras pesadas, um infinito cansaço.
E ele sentia um princípio de ternura, não passava de uma criança confusa e teimosa, Deus, tão teimosa.
Mas como se transfigurava nos momentos em que falava do seu trabalho... Toda ela era paixão, os olhos brilhavam, o corpo projectava-se para a frente, já não era uma criança mas uma mulher velha como o tempo que falava com naturalidade de monstros que viviam no caos, de dar forma a monstros que estavam no caos, de arrancar se si mesma pássaros e serpentes, pousava as mãos no ventre como se tudo isso estivesse no seu útero a pedir para nascer, e ela fosse só uma porta de passagem (palavras suas).
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
- Não acredito em nada.
Nesses momentos parecia uma menina frágil, encolhida na cadeira, as pálpebras pesadas, um infinito cansaço.
E ele sentia um princípio de ternura, não passava de uma criança confusa e teimosa, Deus, tão teimosa.
Mas como se transfigurava nos momentos em que falava do seu trabalho... Toda ela era paixão, os olhos brilhavam, o corpo projectava-se para a frente, já não era uma criança mas uma mulher velha como o tempo que falava com naturalidade de monstros que viviam no caos, de dar forma a monstros que estavam no caos, de arrancar se si mesma pássaros e serpentes, pousava as mãos no ventre como se tudo isso estivesse no seu útero a pedir para nascer, e ela fosse só uma porta de passagem (palavras suas).
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
(...)
e pensava porquê, porquê esta fúria, afinal eu sabia que ela continuava a existir, a viver, ou será que esperava que não saísse mais de casa, ela disse uma vez que pensava em não sair mais de casa, como uma personagem de um conto de Faulkner, ficar sozinha com os seus fantasmas até que fossem buscá-la, já morta.
Era um conto de Faulkner, sim, não sabia como se chamava mas havia rosas, tudo o que se relacionava com ela tinha rosas, ela gostava tanto de rosas. Rosas vermelhas.
(...)
- Não imaginas o que pode acontecer a quem se apaixona por uma feiticeira.
- Uma feiticeira...
- Um demónio.
- Não tenho medo.
- Devias ter.
(...)
- Todos somos loucos, todos temos medo, estamos todos à beira do abismo, estamos todos perdidos...
- Há uma loucura que é doença humana, outra que é um dom dos deuses.
- São frases vazias...
- Não, não são. E tu nunca serás capaz de distinguir uma da outra.
- Não vou discutir o meu trabalho contigo. Tu que vives entre monstros e serpentes...
- E flores.
- É porque vivo entre monstros, serpentes e flores que sei alguma coisa do assunto.
(...)
Foi nessa noite que ele me disse «Tu és uma mistura de mulher, de bicho, de nevoeiro...», e havia tanta paixão naquela frase que senti medo, talvez também porque aquilo estava muito próximo da verdade.
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
e pensava porquê, porquê esta fúria, afinal eu sabia que ela continuava a existir, a viver, ou será que esperava que não saísse mais de casa, ela disse uma vez que pensava em não sair mais de casa, como uma personagem de um conto de Faulkner, ficar sozinha com os seus fantasmas até que fossem buscá-la, já morta.
Era um conto de Faulkner, sim, não sabia como se chamava mas havia rosas, tudo o que se relacionava com ela tinha rosas, ela gostava tanto de rosas. Rosas vermelhas.
(...)
- Não imaginas o que pode acontecer a quem se apaixona por uma feiticeira.
- Uma feiticeira...
- Um demónio.
- Não tenho medo.
- Devias ter.
(...)
- Todos somos loucos, todos temos medo, estamos todos à beira do abismo, estamos todos perdidos...
- Há uma loucura que é doença humana, outra que é um dom dos deuses.
- São frases vazias...
- Não, não são. E tu nunca serás capaz de distinguir uma da outra.
- Não vou discutir o meu trabalho contigo. Tu que vives entre monstros e serpentes...
- E flores.
- É porque vivo entre monstros, serpentes e flores que sei alguma coisa do assunto.
(...)
Foi nessa noite que ele me disse «Tu és uma mistura de mulher, de bicho, de nevoeiro...», e havia tanta paixão naquela frase que senti medo, talvez também porque aquilo estava muito próximo da verdade.
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
É possível que sejam todos feitos do mesmo material, às vezes penso isso, se forçarmos um pouco as coisas as pessoas começam a parecer-se, as situações começam a repetir-se, as palavras...
É como se lhes faltasse o núcleo central, duro, inviolável, misterioso, no qual ninguém pode entrar. E talvez seja essa a diferença entre os que podem amar e os que simplesmente não têm esse... não sei qual é a palavra, dom, maldição...
Não sei.
(...)
Com todos os seus anos, com toda a sua experiência, não aprendera que há pessoas com quem não se casa, nunca, pessoas que nem se deve deixar entrar no quarto, que devem ficar do outro lado das paredes, no jardim, com os animais e as plantas. E as pedras.
Ele sabia tão pouco. Um menino com uma faca verdadeira na mão. Que nem sabia que as facas servem para matar e ser morto.
(...)
[O que importava era] Fazê-lo tomar consciência de que, como todos nós, era só uma criança num quarto escuro, uma criança com medo do escuro, do que se esconde no escuro.
(...)
Mas eram ideias absurdas, nada poderia ser como dantes, o que está quebrado permanece quebrado, o que podemos é parti-lo em pedaços ainda mais pequeninos...
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
É como se lhes faltasse o núcleo central, duro, inviolável, misterioso, no qual ninguém pode entrar. E talvez seja essa a diferença entre os que podem amar e os que simplesmente não têm esse... não sei qual é a palavra, dom, maldição...
Não sei.
(...)
Com todos os seus anos, com toda a sua experiência, não aprendera que há pessoas com quem não se casa, nunca, pessoas que nem se deve deixar entrar no quarto, que devem ficar do outro lado das paredes, no jardim, com os animais e as plantas. E as pedras.
Ele sabia tão pouco. Um menino com uma faca verdadeira na mão. Que nem sabia que as facas servem para matar e ser morto.
(...)
[O que importava era] Fazê-lo tomar consciência de que, como todos nós, era só uma criança num quarto escuro, uma criança com medo do escuro, do que se esconde no escuro.
(...)
Mas eram ideias absurdas, nada poderia ser como dantes, o que está quebrado permanece quebrado, o que podemos é parti-lo em pedaços ainda mais pequeninos...
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Na verdade já quase não saio de casa, talvez um dia deixe mesmo de sair, lembro-me de um conto de Faulkner, Uma rosa para Emily...
Sozinha na minha casa, com os meus bichos e os meus fantasmas.
Lembro-me de ter ligo algures que aquele que permanece no mesmo ponto do espaço e vê as transformações da natureza, o amanhecer, o passar do dia, a noite (e todos os dias e noites são diferentes no jardim), e os meses, e as estações... sabe tanto do mundo como aquele que viaja muito.
Acho que é isso que quero, que sempre quis, permanecer neste lugar, o centro do universo, o centro de mim, e desvelar o que ainda está escondido.
(...)
E será mesmo melhor que não saia de casa, que ninguém se inteire disso. É demasiado perigoso.
Mas não acontecerá por enquanto.
Por enquanto limito-me a encher a casa de flores secas, eu que sempre as amei com vida, carnudas, sensuais...
Rosas vermelhas secas... dentro de cestos de vime.
Acho que mesmo as rosas que moldo entre as mãos estão mortas, embora pareçam carnudas, com seres misteriosos nas entranhas...
Flores mortas, fetos mortos.
(...)
«Adoro ver-te de cabelo solto e descalça, pronta para o amor».
Recordo tão bem alguns momentos, algumas frases. É como se tivessem cristalizado, como a minha imagem no espelho, como o meu corpo... Eu que era animal e planta agora começo a ser pedra, a minha metamorfose... animal que seguia os meus instintos nocturnos (gato ou lobo), planta que se enredava como uma teia (como a Lua), agora pedra, ágata, granito...
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
Sozinha na minha casa, com os meus bichos e os meus fantasmas.
Lembro-me de ter ligo algures que aquele que permanece no mesmo ponto do espaço e vê as transformações da natureza, o amanhecer, o passar do dia, a noite (e todos os dias e noites são diferentes no jardim), e os meses, e as estações... sabe tanto do mundo como aquele que viaja muito.
Acho que é isso que quero, que sempre quis, permanecer neste lugar, o centro do universo, o centro de mim, e desvelar o que ainda está escondido.
(...)
E será mesmo melhor que não saia de casa, que ninguém se inteire disso. É demasiado perigoso.
Mas não acontecerá por enquanto.
Por enquanto limito-me a encher a casa de flores secas, eu que sempre as amei com vida, carnudas, sensuais...
Rosas vermelhas secas... dentro de cestos de vime.
Acho que mesmo as rosas que moldo entre as mãos estão mortas, embora pareçam carnudas, com seres misteriosos nas entranhas...
Flores mortas, fetos mortos.
(...)
«Adoro ver-te de cabelo solto e descalça, pronta para o amor».
Recordo tão bem alguns momentos, algumas frases. É como se tivessem cristalizado, como a minha imagem no espelho, como o meu corpo... Eu que era animal e planta agora começo a ser pedra, a minha metamorfose... animal que seguia os meus instintos nocturnos (gato ou lobo), planta que se enredava como uma teia (como a Lua), agora pedra, ágata, granito...
Ana Teresa Pereira, As Rosas Mortas
and smoke my cig and drink my wine
until my hurting is done
I should have never let you in
I should've never let you win huh
I should've never let you win huh
A MINHA CASA É UMA PARTE DO UNIVERSO
Os que a viram dizem que a terra
é uma esfera no espaço, um planeta
bastante pequeno
do tamanho do polegar dos astronautas.
Não duvido porque vi as fotografias
e porque agora estou a quase meio planeta de casa.
O melhor de tudo isto é que nesse polegar
também a minha casa é uma parte do universo.
Como não sê-lo se no pátio do fundo
há um filodendro com folhas gigantes e também minhocas debaixo da terra
óptimas para a pesca, e agora que penso nisso
o cheiro das samambaias junto à parede
a cara de Delfina ou Federico entre as árvores
e aquele canário que se nos escapou à noite.
Alfredo Veiravé
é uma esfera no espaço, um planeta
bastante pequeno
do tamanho do polegar dos astronautas.
Não duvido porque vi as fotografias
e porque agora estou a quase meio planeta de casa.
O melhor de tudo isto é que nesse polegar
também a minha casa é uma parte do universo.
Como não sê-lo se no pátio do fundo
há um filodendro com folhas gigantes e também minhocas debaixo da terra
óptimas para a pesca, e agora que penso nisso
o cheiro das samambaias junto à parede
a cara de Delfina ou Federico entre as árvores
e aquele canário que se nos escapou à noite.
Alfredo Veiravé
CONVITE
Tenta-me com uma visão de colinas
relva que é verde
pavões tão vulgares como pardais.
Podemos ler no pátio, diz ela,
ouvindo o picapau às voltas com a sua árvore,
admirar as rosas, colher fruta, contar estrelas.
Traga a tia, os cães, o periquito, diz,
escreva um ou dois poemas felizes.
De vez em quando, continua,
iremos até à aldeia
para sabermos como é que o mundo
não vai.
Eunice de Souza, trad. Francisco José Craveiro de Carvalho
relva que é verde
pavões tão vulgares como pardais.
Podemos ler no pátio, diz ela,
ouvindo o picapau às voltas com a sua árvore,
admirar as rosas, colher fruta, contar estrelas.
Traga a tia, os cães, o periquito, diz,
escreva um ou dois poemas felizes.
De vez em quando, continua,
iremos até à aldeia
para sabermos como é que o mundo
não vai.
Eunice de Souza, trad. Francisco José Craveiro de Carvalho
deprê démodé
Os vestidos de verão ficaram
pendurados no roupeiro, decotes
abertos aos vincos da imobilidade.
Um turquesa longo, um vermelho
vivo fora de moda, no obscuro
interior, na intimidade das
costuras, o recorte ousado
das axilas, a pele
de um corpo ausente.
Inês Lourenço
pendurados no roupeiro, decotes
abertos aos vincos da imobilidade.
Um turquesa longo, um vermelho
vivo fora de moda, no obscuro
interior, na intimidade das
costuras, o recorte ousado
das axilas, a pele
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