MAIO
Primavera que Maio viu passar
Num bosque de bailados e segredos
Embalando no anseio dos teus dedos
Aquela misteriosa maravilha
Que à transparência das paisagens brilha.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Num bosque de bailados e segredos
Embalando no anseio dos teus dedos
Aquela misteriosa maravilha
Que à transparência das paisagens brilha.
Sophia de Mello Breyner Andresen
botânica sentimental
No meio de algumas folhas, uma
outra folha: esta, seca, arrancada
de um ramo por mãos que
já não existem. De que recordação
terá sido o pretexto? Oferta de quem
a quem, quando a primavera se
prestava a esses jogos? Hoje,
porém, não é mais do que isso: a folha
que cai de um livro e que,
por um escrúpulo de limpeza,
alguém deita para o lixo.
Nuno Júdice
outra folha: esta, seca, arrancada
de um ramo por mãos que
já não existem. De que recordação
terá sido o pretexto? Oferta de quem
a quem, quando a primavera se
prestava a esses jogos? Hoje,
porém, não é mais do que isso: a folha
que cai de um livro e que,
por um escrúpulo de limpeza,
alguém deita para o lixo.
Nuno Júdice
a recordação da casa, mas então
Um limão seco como uma anciã de cócoras com o seu capuz debai-
xo do frio.
Uma pirâmide branca de sal e as moscas
revolteando sobre a mesa laranja, e chove, chove, um peão que
arranha
e um aparo que arranha, escrevendo oblíquas palavras.
Guerra. E os eléctricos de pescoço quebrado lá fora
e o súbito pensamento quebrado do rosto de uma rapariga em
Hoboken
e uma tartaruga voltada para cima morrendo lentamente
na varanda da marisqueira, sangue
que rodeia a sua boca e o chão branco –
pronta para amanhã.
Não haverá amanhã, o amanhã acabou.
Trevo e cheiro a abetos e a grandes ervas,
e peru com molho e a Inglaterra de repente,
a recordação da casa, mas então
os mariachis, dissonantes, pois a ave do maguey
levantou voo, e o empregado de mesa leva
um ondulante prato negro de emoção,
e o rosto do peão é uma mancha de corrupção.
Deixamos de lado o horror do clima
nesta terrível terra de homens meio enterrados
onde vivemos com Canuto, com o relógio de sol e o peixe vermelho,
o leproso, a trepadeira, juntos na torre verde,
e ao pôr do sol tocamos, com flauta e guitarra,
a canção, a canção da eterna espera de Canuto,
o equívoco da minha espera, a flauta do meu pranto,
noiva do nauseabundo vácuo e da raiz descarnada
e a chuva sobre o comboio que lá fora se arrasta, se arrasta,
todo esse vazio na minha alma que agora dorme
onde outrora caminharam altivos tigres limonada andrajosos lepro-
sos verdes
álcoois peras pimentas pobres e Leopardis recheados;
e o ruído do comboio e a chuva no cérebro…
Tão longe do celeiro e do campo e da azinhaga –
esta pira de Bierce, este trampolim de Hart Crane!
A morte tão longe da minha casa e da minha mulher
A morte que temo. E rezei pela minha vida enferma –
«Um cadáver deve enviar-se por expresso»,
disse o Cônsul misteriosamente, acordando de repente.
Malcolm Lowry, trad. José Agostinho Baptista
xo do frio.
Uma pirâmide branca de sal e as moscas
revolteando sobre a mesa laranja, e chove, chove, um peão que
arranha
e um aparo que arranha, escrevendo oblíquas palavras.
Guerra. E os eléctricos de pescoço quebrado lá fora
e o súbito pensamento quebrado do rosto de uma rapariga em
Hoboken
e uma tartaruga voltada para cima morrendo lentamente
na varanda da marisqueira, sangue
que rodeia a sua boca e o chão branco –
pronta para amanhã.
Não haverá amanhã, o amanhã acabou.
Trevo e cheiro a abetos e a grandes ervas,
e peru com molho e a Inglaterra de repente,
a recordação da casa, mas então
os mariachis, dissonantes, pois a ave do maguey
levantou voo, e o empregado de mesa leva
um ondulante prato negro de emoção,
e o rosto do peão é uma mancha de corrupção.
Deixamos de lado o horror do clima
nesta terrível terra de homens meio enterrados
onde vivemos com Canuto, com o relógio de sol e o peixe vermelho,
o leproso, a trepadeira, juntos na torre verde,
e ao pôr do sol tocamos, com flauta e guitarra,
a canção, a canção da eterna espera de Canuto,
o equívoco da minha espera, a flauta do meu pranto,
noiva do nauseabundo vácuo e da raiz descarnada
e a chuva sobre o comboio que lá fora se arrasta, se arrasta,
todo esse vazio na minha alma que agora dorme
onde outrora caminharam altivos tigres limonada andrajosos lepro-
sos verdes
álcoois peras pimentas pobres e Leopardis recheados;
e o ruído do comboio e a chuva no cérebro…
Tão longe do celeiro e do campo e da azinhaga –
esta pira de Bierce, este trampolim de Hart Crane!
A morte tão longe da minha casa e da minha mulher
A morte que temo. E rezei pela minha vida enferma –
«Um cadáver deve enviar-se por expresso»,
disse o Cônsul misteriosamente, acordando de repente.
Malcolm Lowry, trad. José Agostinho Baptista
a décima oitava infância
3. Um Amigo
Entrevisto vagarosamente um amigo.
As suas declarações são sensacionais.
Manuel António Pina
Entrevisto vagarosamente um amigo.
As suas declarações são sensacionais.
Manuel António Pina
domingo
estes vagos milhares de namorados
que marginam as bordas dos domingos
de mãos dadas e dissipam perfumes
densos nos contornos da baixa portuense
ou serão pipocas derramadas nos passeios?
lá vão elas a
profusão dos líquidos aromas chanel
eau violette xailes
roxos esburacados de rendas batons
vivos tanta
cor
tanta cor para destinos black & white
sabes como me fizeste noite?
e como me obrigas
a reaprender devagar o comprimento dos dias?
este grande deserto e os
rios apagados
acender a chama recomeçar a luz
tarefa meticulosa
Há pedras habitadas Pássaros que não migram
só para não sofrerem a partida
esperam então um ano a fio
pelo regresso dos companheiros
João Habitualmente
que marginam as bordas dos domingos
de mãos dadas e dissipam perfumes
densos nos contornos da baixa portuense
ou serão pipocas derramadas nos passeios?
lá vão elas a
profusão dos líquidos aromas chanel
eau violette xailes
roxos esburacados de rendas batons
vivos tanta
cor
tanta cor para destinos black & white
sabes como me fizeste noite?
e como me obrigas
a reaprender devagar o comprimento dos dias?
este grande deserto e os
rios apagados
acender a chama recomeçar a luz
tarefa meticulosa
Há pedras habitadas Pássaros que não migram
só para não sofrerem a partida
esperam então um ano a fio
pelo regresso dos companheiros
João Habitualmente
dois pontos
O vento corre de pés frios
e atira chuva fina como lâminas
corta e fere-nos o rosto
Somos dois pontos num campo
que aparentemente cegos e sem fundamento
se movem um em direcção ao outro
Christoph Wilhelm Aigner, trad. Maria Teresa Dias Furtado
e atira chuva fina como lâminas
corta e fere-nos o rosto
Somos dois pontos num campo
que aparentemente cegos e sem fundamento
se movem um em direcção ao outro
Christoph Wilhelm Aigner, trad. Maria Teresa Dias Furtado
tens nome
Teu nome,
pois tens nome. A minha vida inteira foi isso:
um nome. Porque o sei não existo.
Um nome respirado não é um beijo.
Um nome perseguido sobre uns lábios
não é o mundo, mas o seu sonho às cegas.
Assim sob a terra, respirei a terra.
Sobre o teu corpo respirei a luz.
Dentro de ti nasci: morri por isso.
Vicente Aleixandre, trad. José Bento
pois tens nome. A minha vida inteira foi isso:
um nome. Porque o sei não existo.
Um nome respirado não é um beijo.
Um nome perseguido sobre uns lábios
não é o mundo, mas o seu sonho às cegas.
Assim sob a terra, respirei a terra.
Sobre o teu corpo respirei a luz.
Dentro de ti nasci: morri por isso.
Vicente Aleixandre, trad. José Bento
chuva
Chuva nos vidros.
Nada, chuva nos vidros!
Espaçadas, casuais, agudas, oblíquas, agulhadas.
Chuva que se anuncia, que apenas se anuncia.
Pingas que vão secando. Se vão arredondando,
tornando imateriais e invisíveis.
Vagas coisas. Como quê?
Como as coisas da minha vida.
Nem já chuva nos vidros…
Já não de vêem os sinais.
Irene Lisboa
Nada, chuva nos vidros!
Espaçadas, casuais, agudas, oblíquas, agulhadas.
Chuva que se anuncia, que apenas se anuncia.
Pingas que vão secando. Se vão arredondando,
tornando imateriais e invisíveis.
Vagas coisas. Como quê?
Como as coisas da minha vida.
Nem já chuva nos vidros…
Já não de vêem os sinais.
Irene Lisboa
os trinta e três nomes de deus
1
Mar pela manhã
2
Murmúrio da
nascente nas
rochas
sobre os muros de pedra
3
Vento de mar
a noite,
sobre uma ilha
4
Abelha
5
Voo triangular
dos cisnes
6
Cordeiro recém-nascido
formoso ariete
ovelha
7
O terno focinho
da vaca
o focinho selvagem
do touro
8
O focinho
paciente do
boi
9
O rubro fogo
na lareira
10
O camelo
coxo
que atravessa a
grande cidade atravancada
a caminho da morte
11
A erva
O odor da erva
12
‘ ‘’’’’’
13
A boa terra
A areia
e a cinza
14
A garça real que
esperou toda a
noite, quase gelada,
e pela aurora encontra
com que aplacar sua
fome
15
O pequeno peixe
que agoniza
nas goelas da
garça real
16
A mão,
que entra em
contacto
com as coisas
17
A pele —
toda a superfície
do corpo
18
O olhar
e o que ele vê
19
As nove portas
da
percepção
20
O torso
humano
21
O som de uma
viola ou de uma
flauta indígena
22
Um trago
de bebida
fresca ou
cálida
23
O pão
24
As flores
que despontam
da terra
na primavera
25
Sono
em um leito
26
Um cego
que canta
e uma criança
enferma
27
Cavalo que
corre
em liberdade
28
A mulher —
os — cães
29
Os camelos
que se banham
com seus filhotes
no difícil oued
30
Sol nascente
sobre um lago
ainda meio
gelado
31
O relâmpago
silencioso
O trovão
fragoso
32
O silêncio
entre dois amigos
33
A voz que vem
de levante,
entra pelo ouvido
direito
e ensina um canto
Marguerite Yourcenar
Mar pela manhã
2
Murmúrio da
nascente nas
rochas
sobre os muros de pedra
3
Vento de mar
a noite,
sobre uma ilha
4
Abelha
5
Voo triangular
dos cisnes
6
Cordeiro recém-nascido
formoso ariete
ovelha
7
O terno focinho
da vaca
o focinho selvagem
do touro
8
O focinho
paciente do
boi
9
O rubro fogo
na lareira
10
O camelo
coxo
que atravessa a
grande cidade atravancada
a caminho da morte
11
A erva
O odor da erva
12
‘ ‘’’’’’
13
A boa terra
A areia
e a cinza
14
A garça real que
esperou toda a
noite, quase gelada,
e pela aurora encontra
com que aplacar sua
fome
15
O pequeno peixe
que agoniza
nas goelas da
garça real
16
A mão,
que entra em
contacto
com as coisas
17
A pele —
toda a superfície
do corpo
18
O olhar
e o que ele vê
19
As nove portas
da
percepção
20
O torso
humano
21
O som de uma
viola ou de uma
flauta indígena
22
Um trago
de bebida
fresca ou
cálida
23
O pão
24
As flores
que despontam
da terra
na primavera
25
Sono
em um leito
26
Um cego
que canta
e uma criança
enferma
27
Cavalo que
corre
em liberdade
28
A mulher —
os — cães
29
Os camelos
que se banham
com seus filhotes
no difícil oued
30
Sol nascente
sobre um lago
ainda meio
gelado
31
O relâmpago
silencioso
O trovão
fragoso
32
O silêncio
entre dois amigos
33
A voz que vem
de levante,
entra pelo ouvido
direito
e ensina um canto
Marguerite Yourcenar
posteridade
Um dia eu, que passei metade
da vida voando como passageiro,
tomarei lugar na carlinga
de um monomotor ligeiro
e subirei alto, bem alto,
até desaparecer para além
da última nuvem. Os jornais dirão:
Cansado da terra poeta
fugiu para o céu. E não
voltarei de facto. Serei lembrado
instantes por minha família,
meus amigos, alguma mulher
que amei verdadeiramente
e meus trinta leitores. Então
meu nome começará aparecendo
nas selectas e, para tédio
de mestres e meninos, far-se-ão
edições escolares de meus livros.
Nessa altura estarei esquecido.
Rui Knopfli
da vida voando como passageiro,
tomarei lugar na carlinga
de um monomotor ligeiro
e subirei alto, bem alto,
até desaparecer para além
da última nuvem. Os jornais dirão:
Cansado da terra poeta
fugiu para o céu. E não
voltarei de facto. Serei lembrado
instantes por minha família,
meus amigos, alguma mulher
que amei verdadeiramente
e meus trinta leitores. Então
meu nome começará aparecendo
nas selectas e, para tédio
de mestres e meninos, far-se-ão
edições escolares de meus livros.
Nessa altura estarei esquecido.
Rui Knopfli
a fucking didactic educational .MOV file
Hito Steyerl, How Not to be Seen: A Fucking Didactic Educational .MOV File, 2013
na minha casa
Hás-de vir a minha casa
Aliás não é a minha casa
Não sei de quem ela é
Um dia entrei por aqui
Não estava ninguém
Só uns pimentos vermelhos pendurados na parede branca
Durante muito tempo fiquei nesta casa
Ninguém apareceu
Mas todos todos os dias
Fiquei à sua espera
Não fazia nada
Quer dizer nada de importante
Às vezes de manhã
Soltava gritos de animais
Zurrava como um burro
Com quanta força tinha
E era uma coisa que me dava prazer
E depois brincava com os pés
São muito inteligentes os pés
Levam-nos muito longe
Quando queremos ir muito longe
E quando não queremos sair
Ficam ali a fazer-nos companhia
E quando há música dançam
Não se pode dançar sem eles
É preciso ser estúpido como o homem tantas vezes é
Para dizer coisas tão estúpidas
Como estúpido como um pé alegre como um pardal
O pardal não é alegre
Só é alegre quando está alegre
E triste quando está triste ou nem alegre nem triste
Será que alguém sabe o que é um pardal
Aliás nem sequer se chama realmente assim
O homem é que chamou aquele pássaro assim
Pardal pardal pardal pardal
É muito curioso isto dos nomes
Martin Hugo Victor de seu nome
Bonaparte Napoleão de seu nome
Porquê assim e não assim
Um rebanho de bonapartes passa no deserto
O imperador chama-se Dromedário
Há um cavalo caixa e gavetas de corrida
Ao longe galopa um homem que só tem três nomes
Chama-se Tim-Tam-Tom sem outros apelidos
Ainda mais ao longe está sabe-se lá quem
E muitíssimo mais ao longe está sabe-se lá o quê
Mas afinal que é que tudo isto importa
Hás-de vir a minha casa
Penso noutra coisa mas é só nisso que penso
E quando entrares em minha casa
Despes a roupa toda
E ficas imóvel nua em pé com a tua boca vermelha
Como os pimentos vermelhos pendurados na parede branca
E depois deitas-te e eu deito-me junto a ti
É isso
Hás-de vir a minha casa que não é a minha casa
Jacques Prévert
Aliás não é a minha casa
Não sei de quem ela é
Um dia entrei por aqui
Não estava ninguém
Só uns pimentos vermelhos pendurados na parede branca
Durante muito tempo fiquei nesta casa
Ninguém apareceu
Mas todos todos os dias
Fiquei à sua espera
Não fazia nada
Quer dizer nada de importante
Às vezes de manhã
Soltava gritos de animais
Zurrava como um burro
Com quanta força tinha
E era uma coisa que me dava prazer
E depois brincava com os pés
São muito inteligentes os pés
Levam-nos muito longe
Quando queremos ir muito longe
E quando não queremos sair
Ficam ali a fazer-nos companhia
E quando há música dançam
Não se pode dançar sem eles
É preciso ser estúpido como o homem tantas vezes é
Para dizer coisas tão estúpidas
Como estúpido como um pé alegre como um pardal
O pardal não é alegre
Só é alegre quando está alegre
E triste quando está triste ou nem alegre nem triste
Será que alguém sabe o que é um pardal
Aliás nem sequer se chama realmente assim
O homem é que chamou aquele pássaro assim
Pardal pardal pardal pardal
É muito curioso isto dos nomes
Martin Hugo Victor de seu nome
Bonaparte Napoleão de seu nome
Porquê assim e não assim
Um rebanho de bonapartes passa no deserto
O imperador chama-se Dromedário
Há um cavalo caixa e gavetas de corrida
Ao longe galopa um homem que só tem três nomes
Chama-se Tim-Tam-Tom sem outros apelidos
Ainda mais ao longe está sabe-se lá quem
E muitíssimo mais ao longe está sabe-se lá o quê
Mas afinal que é que tudo isto importa
Hás-de vir a minha casa
Penso noutra coisa mas é só nisso que penso
E quando entrares em minha casa
Despes a roupa toda
E ficas imóvel nua em pé com a tua boca vermelha
Como os pimentos vermelhos pendurados na parede branca
E depois deitas-te e eu deito-me junto a ti
É isso
Hás-de vir a minha casa que não é a minha casa
Jacques Prévert
incertam funeris horam
Vou perdendo películas do meu corpo
em cada dia que passa, um cabelo, um reflexo,
um dente que talvez nem me faca falta
amanha. Mas os dentes nunca partem
sozinhos, levam consigo um certo modo
de olhar para as coisas e então já não sou
quem fui quando antigamente
saltava para as ondas e me divertia
como se fosse um anfíbio louco
nas praias desertas. Deserto
sou agora – deserto e talvez um pouco
mais sábio, um homem que sabe
que o seu corpo foi comido
pela alma. Vou perdendo
nos dentes e nos cabelos
o cerne da madeira bêbeda que parecia
nave de catedral – o que vou ganhando
não sei ainda sabendo agora
que bebo e amo e devoro
os minutos voláteis que preparam
a hora da minha morte.
Casimiro de Brito
em cada dia que passa, um cabelo, um reflexo,
um dente que talvez nem me faca falta
amanha. Mas os dentes nunca partem
sozinhos, levam consigo um certo modo
de olhar para as coisas e então já não sou
quem fui quando antigamente
saltava para as ondas e me divertia
como se fosse um anfíbio louco
nas praias desertas. Deserto
sou agora – deserto e talvez um pouco
mais sábio, um homem que sabe
que o seu corpo foi comido
pela alma. Vou perdendo
nos dentes e nos cabelos
o cerne da madeira bêbeda que parecia
nave de catedral – o que vou ganhando
não sei ainda sabendo agora
que bebo e amo e devoro
os minutos voláteis que preparam
a hora da minha morte.
Casimiro de Brito
feliz
Fita de areia sobre o acerado
mercúrio do rio. O sorriso
difuso suspenso da tarde.
Alcançando-se, a epiderme
dos dedos longos.
Eras feliz. Dizias,
o sol morno sobre os cabelos.
Feliz como nos retratos,
como na tarde longínqua
do sorriso. Como o rio
tranquilo.
Existiu e não é.
Os retratos amarelecem no fundo da gaveta.
Rui Knopfli
mercúrio do rio. O sorriso
difuso suspenso da tarde.
Alcançando-se, a epiderme
dos dedos longos.
Eras feliz. Dizias,
o sol morno sobre os cabelos.
Feliz como nos retratos,
como na tarde longínqua
do sorriso. Como o rio
tranquilo.
Existiu e não é.
Os retratos amarelecem no fundo da gaveta.
Rui Knopfli
quantas pessoas
Quantas pessoas caminham na
minha direcção? Quantas me
descobrem por entre a multidão
e pousam os seus olhos inteiros
nos meus olhos? Podia acreditar
que entre elas está o homem que
trocaria comigo os dedos sobre a
mesa, uma palavra que fosse gomo
de laranja e poema, o corpo aceso
sob o lençol cansado de mais um
dia. Mas quantos destes rostos de
pedra que me cercam escondem o
seu pelas ruas desta tarde? Quantos
nomes de acaso e de silêncio terei
eu de escutar para descobrir o seu
no meu ouvido? Quantas pessoas
caminham contra mim?
Maria do Rosário Pedreira
minha direcção? Quantas me
descobrem por entre a multidão
e pousam os seus olhos inteiros
nos meus olhos? Podia acreditar
que entre elas está o homem que
trocaria comigo os dedos sobre a
mesa, uma palavra que fosse gomo
de laranja e poema, o corpo aceso
sob o lençol cansado de mais um
dia. Mas quantos destes rostos de
pedra que me cercam escondem o
seu pelas ruas desta tarde? Quantos
nomes de acaso e de silêncio terei
eu de escutar para descobrir o seu
no meu ouvido? Quantas pessoas
caminham contra mim?
Maria do Rosário Pedreira
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Abel Neves
Adília Lopes
Adolfo Casais Monteiro
Agustina Bessa-Luís
Al Berto
Albano Martins
Alberto Pimenta
Alexandra Malheiro
Alexandre Nave
Alexandre O'Neill
Alice Turvo
Alice Vieira
Almada Negreiros
Américo António Lindeza Diogo
Ana Bessa Carvalho
Ana C.
Ana Caeiro
Ana Cristina César
Ana Duarte
Ana Hatherly
Ana Luísa Amaral
Ana Marques Gastão
Ana Martins Marques
Ana Paula Inácio
Ana Salomé
Ana Tecedeiro
Ana Teresa Pereira
Ana Tinoco
André Tomé
Andreia C. Faria
Angélica Freitas
Ângelo de Lima
Aníbal Fernandes
António Amaral Tavares
António Botto
António Dacosta
António Franco Alexandre
António Gancho
António Gedeão
António Gregório
António José Forte
António Manuel Pires Cabral
António Maria Lisboa
António Mega Ferreira
António Osório
António Pedro
António Quadros Ferro
António Ramos Pereira
António Ramos Rosa
António Rebordão Navarro
António Reis
António S. Ribeiro
Armando Baptista-Bastos
Armando Silva Carvalho
Artur do Cruzeiro Seixas
Bénédicte Houart
Bruno Béu
Bruno Sousa Villar
Camilo Castelo Branco
Camilo Pessanha
Carlos Alberto Machado
Carlos Bessa
Carlos de Oliveira
Carlos Eurico da Costa
Carlos Mota de Oliveira
Carlos Poças Falcão
Carlos Soares
Casimiro de Brito
Catarina Nunes de Almeida
Cesário Verde
Cláudia R. Sampaio
Cruzeiro Seixas
Daniel Faria
Daniel Filipe
David Mourão-Ferreira
David Teles Pereira
Delfim Lopes
Dulce Maria Cardoso
Eastwood da Silva
Eduarda Chiote
Egito Gonçalves
Ernesto Sampaio
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Eugénio Lisboa
Fernando Assis Pacheco
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Fernando Pessoa
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